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Após terapia experimental, mulher se livra de câncer avançado

A imunoterapia é um procedimento que utiliza as células do próprio sistema imunológico do paciente para destruir células tumorais

atualizado

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câncer de mama
1 de 1 câncer de mama - Foto: iStock

Uma nova abordagem de imunoterapia desenvolvida por cientistas norte-americanos levou à eliminação completa de um câncer de mama avançado em uma paciente cujo organismo não respondia a nenhum outro tipo de tratamento e que já apresentava metástase. O experimento teve seus resultados publicados nesta segunda-feira (4/6) na revista científica Nature Medicine.

De acordo com os autores da pesquisa, pela primeira vez, um paciente em estágio avançado de câncer de mama teve tratamento bem-sucedido com uma forma de imunoterapia. O procedimento utiliza as células do próprio sistema imunológico do paciente para destruir as células tumorais que se formam no organismo.

A paciente submetida à imunoterapia, Judy Perkins, uma engenheira de 49 anos da Flórida (EUA), foi selecionada para os testes depois de passar por diversas sessões de quimioterapia. As aplicações fracassaram no objetivo de impedir que o tumor em sua mama direita crescesse e se espalhasse para outras áreas do corpo.

Após a quimioterapia, Judy foi informada: teria, no máximo, mais três meses de vida. Mas, de acordo com os médicos responsáveis pelo tratamento com a imunoterapia, ela teve uma resposta imunológica “notável”. O procedimento, realizado no Instituto Nacional do Câncer dos Estados Unidos, em Maryland, varreu as células de câncer com eficiência. Judy já está livre da doença há dois anos.

“Nós desenvolvemos um método de alto rendimento para identificar mutações presentes em um câncer que foi reconhecido pelo sistema imunológico”, disse um dos autores do novo estudo, Steven Rosenberg, do Instituto Nacional do Câncer.

“Essa pesquisa é experimental neste momento. Mas, como essa nova abordagem de imunoterapia depende de mutações, e não do tipo de tumor, ela é em certo sentido um molde que podemos utilizar para o tratamento de vários outros tipos de câncer”, afirmou Rosenberg.

A nova abordagem de imunoterapia, de acordo com o médico, é uma forma modificada da “transferência adotiva de células” (ACT, na sigla em inglês). Ela tem mostrado eficácia para o tratamento de melanoma, um tipo de câncer que tem altos níveis de mutações em células somáticas.

No entanto, a ACT não tem sido eficaz para alguns tipos de tumores epiteliais, que se originam no revestimento de órgãos como estômago, esôfago, ovário e mama, e caracterizam-se por baixos níveis de mutações.

Mais pesquisas
Em um ensaio clínico de fase dois ainda em andamento, os cientistas estão desenvolvendo uma forma de ACT que utiliza linfócitos infiltrantes de tumores (TIL, na sigla em inglês), cujos alvos específicos são as mutações em células de câncer. A ideia é descobrir se é possível encolher os tumores em pacientes com esses tipos de câncer epitelial.

Como em outras formas de ACT, os TILs selecionados são cultivados em laboratório, em grande número, e depois injetados de volta no paciente para produzir uma resposta imunológica mais forte contra o tumor.

Para tratar Judy, os cientistas sequenciaram o DNA e o RNA de um de seus tumores e também de uma amostra de tecido normal, a fim de descobrir quais mutações eram exclusivas de seu câncer. Eles identificaram 62 alterações diferentes nas células tumorais da paciente.

Os cientistas, então, testaram diversos TILs extraídos da paciente, para descobrir quais deles eram capazes de reconhecer uma ou mais das proteínas com mutações. Os TILs reconheceram quatro das proteínas mutantes, e os cientistas então os expandiram e injetaram de volta no organismo de Judy. Depois do tratamento, todos os tumores da paciente desapareceram e não reapareceram por mais de 22 meses.

Esse é um relato ilustrativo de um caso que destaca, mais uma vez, o poder da imunoterapia. Se os resultados forem confirmados em um estudo mais amplo, ela promete no futuro expandir o alcance dessa imunoterapia celular a um espectro maior de tumores

Steven Rosenberg, do Instituto Nacional do Câncer e um dos autores do estudo

Os pesquisadores observaram resultados semelhantes com a utilização de um tratamento de TIL com alvo em mutações, no mesmo ensaio, com outros tipos de tumores epiteliais, incluindo cânceres de fígado e colorretal. De acordo com Rosenberg, resultados como esse em pacientes com tumores epiteliais sólidos são importantes porque a ACT não tem sido bem-sucedida no tratamento desses tipos de tumores e de outros com mais mutações.

“Todo câncer tem mutações, e é isso que estamos atacando com essa imunoterapia. É irônico que as muitas mutações causadas pelo câncer possam se tornar os melhores alvos para os tratamentos de câncer”, disse Rosenberg.

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