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Rússia se recusa a esclarecer ataque a ex-espião

País afirmou, ainda, que vai responder a qualquer medida de represália que possa ser adotada em relação ao envenenamento

atualizado

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dpa
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A Rússia ignorou nesta terça-feira (13/3) um ultimato do Reino Unido para que o governo em Moscou esclarecesse o incidente envolvendo o ex-espião russo Sergei Skripal, envenenado com um agente nervoso há pouco mais de uma semana na Inglaterra.

A primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May, havia afirmado na segunda-feira (12) ser “altamente provável” que Moscou esteja por trás do ataque, uma vez que foi detectado que a substância que envenenou Skripal é de um tipo desenvolvido pela Rússia no fim da Guerra Fria.

Segundo May, só há duas explicações possíveis para o envenenamento: “Ou foi um ato direto do Estado russo contra o país, ou o governo russo perdeu o controle desse agente nervoso e permitiu que ele caísse nas mãos de terceiros”.

A premiê havia pedido ao embaixador russo em Londres que esclarecesse a situação até o fim desta terça-feira (13), mas acabou sem resposta. A embaixada declarou que não responderá ao “ultimato” até que Moscou tenha acesso a amostras da substância que envenenou Skripal.

Além de se recusar a dar explicações, a Rússia afirmou que vai responder a qualquer medida de represália que possa ser adotada por Londres contra Moscou em relação ao envenenamento.

“Nenhuma das ameaças de sancionar a Rússia ficará sem resposta”, disse o Ministério do Exterior do país. O ministro Sergei Lavrov insistiu que a “Rússia não é culpada” pela tentativa de homicídio e garantiu que o país está disposto a cooperar com o Reino Unido nas investigações.

A embaixada russa em Londres informou que exigiu formalmente do governo britânico que seja aberta uma investigação conjunta entre os dois países. “Sem isso, não pode haver sentido qualquer declaração de Londres”, disse o órgão.

Skripal, de 66 anos, e sua filha Yulia, de 33, permanecem internados em estado crítico desde que foram encontrados inconscientes, em 4 de março passado, num banco próximo a um parque na cidade de Salisbury, 120 quilômetros a oeste da capital britânica.

Segundo informou a primeira-ministra nesta segunda-feira (12), cientistas britânicos que trabalham no caso identificaram o agente nervoso como pertencente a um grupo de substâncias tóxicas conhecido como Novichok, fabricado pela União Soviética nos anos 1970 e 1980.

Com as tensões entre Londres e Moscou elevadas, May tem sofrido crescente pressão para impor sanções e outras medidas contra a Rússia em resposta ao envenenamento – o último de uma série de incidentes envolvendo cidadãos russos no país nos últimos anos.

A premiê afirmou que o envolvimento de Moscou no caso, se comprovado, será considerado “uso ilegal de força pelo Estado russo contra o Reino Unido” e receberá resposta dura de Londres. “Nós não toleraremos uma tentativa descarada como esta de assassinar civis inocentes em nosso solo”.

May não detalhou qual seria uma possível retaliação, mas disse que o Reino Unido está preparado para adotar “medidas muito mais extensivas” do que as sanções e expulsões diplomáticas impostas a Moscou após a morte do ex-agente russo Alexander Litvinenko, envenenado em Londres em 2006.

A premiê vai reunir o Conselho Nacional de Segurança do país na manhã desta quarta-feira (14) para “discutir a resposta da Rússia”, informou um porta-voz do governo britânico.

Apoio internacional
Vários países e organizações demonstraram apoio a Londres em seu impasse com Moscou. Jens Stoltenberg, secretário-geral da Otan, afirmou que o incidente é de “grande preocupação”. Já o vice-presidente da Comissão Europeia, Frans Timmermans, disse que o bloco está unido em solidariedade “inabalável” em relação ao caso.

Em telefonema com May nesta terça-feira (13), o presidente americano, Donald Trump, ofereceu ajuda com a investigação e disse que a Rússia deve “respostas inequívocas” sobre o ataque.

Segundo um comunicado da Casa Branca, os dois líderes concordaram que o governo russo precisa esclarecer “como essa arma química, desenvolvida na Rússia, chegou a ser empregada no Reino Unido”. Eles defenderam também que os culpados devem “sofrer consequências”.

A chanceler federal alemã, Angela Merkel, que também conversou com May por telefone nesta terça-feira (13), condenou o ataque e disse que Berlim entendeu como “extremamente séria” a suspeita do governo britânico sobre o envolvimento de Moscou no caso.

“A Rússia precisa agora dar uma resposta rápida às observações do governo do Reino Unido e responder ao pedido de tornar transparente o programa de armas químicas perante a Organização para a Proibição de Armas Químicas (OPAQ)”, disse Merkel em comunicado.

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