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Rússia retoma envio de gás para a Europa e espanta temores de recessão

Canal foi desligado há 10 dias para manutenção programada; retorno do fornecimento ainda era incerto por conta da guerra na Ucrânia

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dutos de gás
1 de 1 dutos de gás - Foto: Stefan Sauer/picture alliance via Getty Images

A Rússia retomou o bombeamento de gás natural através do gasoduto Nord Stream para a Europa nesta quinta-feira (21/7), segundo a empresa operadora do gasoduto.

O fornecimento da principal fonte de gás russo do país foi interrompido há 10 dias, e a volta do fluxo alivia temores imediatos de uma crise de abastecimento para o inverno europeu, após o presidente Vladimir Putin ameaçar que o envio de gás poderia ser bloqueado.

O retorno ocorreu conforme o planejado no calendário de manutenção. O envio para a Europa é de 40% em relação aos níveis pré-guerra, o equivalente ao índice antes das obras de rotina, segundo informações da Reuters.

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A confusão, no entanto, não vem de hoje. Além da disputa por influência econômica e geopolítica, contexto histórico que se relaciona ao século 19 pode explicar o conflito
A localização estratégica da Ucrânia, entre a Rússia e a parte oriental da Europa, tem servido como uma zona de segurança para a antiga URSS por anos. Por isso, os russos consideram fundamental manter influência sobre o país vizinho, para evitar avanços de possíveis adversários nesse local
Isso porque o grande território ucraniano impede que investidas militares sejam bem-sucedidas contra a capital russa. Uma Ucrânia aliada à Rússia deixa possíveis inimigos vindos da Europa a mais de 1,5 mil km de Moscou. Uma Ucrânia adversária, contudo, diminui a distância para pouco mais de 600 km
Percebendo o interesse da Ucrânia em integrar a Otan, que é liderada pelos Estados Unidos, e fazer parte da União Europeia, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, ameaçou atacar o país, caso os ucranianos não desistissem da ideia
Uma das exigências de Putin, portanto, é que o Ocidente garanta que a Ucrânia não se junte à organização liderada pelos Estados Unidos. Para os russos, a presença e o apoio da Otan aos ucranianos constituem ameaças à segurança do país
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A relação conturbada entre Rússia e Ucrânia, que desencadeou conflito armado, tem deixado o mundo em alerta para uma possível grande guerra

Anastasia Vlasova/Getty Images
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A confusão, no entanto, não vem de hoje. Além da disputa por influência econômica e geopolítica, contexto histórico que se relaciona ao século 19 pode explicar o conflito

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A localização estratégica da Ucrânia, entre a Rússia e a parte oriental da Europa, tem servido como uma zona de segurança para a antiga URSS por anos. Por isso, os russos consideram fundamental manter influência sobre o país vizinho, para evitar avanços de possíveis adversários nesse local

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Isso porque o grande território ucraniano impede que investidas militares sejam bem-sucedidas contra a capital russa. Uma Ucrânia aliada à Rússia deixa possíveis inimigos vindos da Europa a mais de 1,5 mil km de Moscou. Uma Ucrânia adversária, contudo, diminui a distância para pouco mais de 600 km

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Percebendo o interesse da Ucrânia em integrar a Otan, que é liderada pelos Estados Unidos, e fazer parte da União Europeia, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, ameaçou atacar o país, caso os ucranianos não desistissem da ideia

Andre Borges/Esp. Metrópoles
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Uma das exigências de Putin, portanto, é que o Ocidente garanta que a Ucrânia não se junte à organização liderada pelos Estados Unidos. Para os russos, a presença e o apoio da Otan aos ucranianos constituem ameaças à segurança do país

Poca/Getty Images
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A Rússia iniciou um treinamento militar junto à aliada Belarus, que faz fronteira com a Ucrânia, e invadiu o território ucraniano em 24 de fevereiro

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Por outro lado, a Otan, composta por 30 países, reforçou a presença no Leste Europeu e colocou instalações militares em alerta

OTAN/Divulgação
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Apesar de ter ganhado os holofotes nas últimas semanas, o novo capítulo do impasse entre as duas nações foi reiniciado no fim de 2021, quando Putin posicionou 100 mil militares na fronteira com a Ucrânia. Os dois países, que no passado fizeram parte da União Soviética, têm velha disputa por território

AFP
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Além disso, para o governo ucraniano, o conflito é uma espécie de continuação da invasão russa à península da Crimeia, que ocorreu em 2014 e causou mais de 10 mil mortes. Na época, Moscou aproveitou uma crise política no país vizinho e a forte presença de russos na região para incorporá-la a seu território

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Desde então, os ucranianos acusam os russos de usar táticas de guerra híbrida para desestabilizar constantemente o país e financiar grupos separatistas que atentam contra a soberania do Estado

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O conflito, iniciado em 24 de fevereiro, já impacta economicamente o mundo inteiro. Na Europa Ocidental, por exemplo, países temem a interrupção do fornecimento de gás natural, que é fundamental para vários deles

Vostok/ Getty Images
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Embora o Brasil não tenha laços econômicos tão relevantes com as duas nações, pode ser afetado pela provável disparada no preço do petróleo

Vinícius Schmidt/Metrópoles

O gasoduto Nord Stream 1, que liga o território russo até a Alemanha sob o Mar Báltico, é considerado de extrema importância para o continente europeu. Em meio ao clima de tensões sobre a guerra na Ucrânia, autoridades alemãs temiam que o envio pudesse ser bloqueado como forma de retaliação às sanções da União Europeia sobre o Kremlin.

Klaus Mueller, presidente do regulador de rede da Alemanha, disse que a retomada dos fluxos de volta a 40% da capacidade não é um sinal de que as tensões estão diminuindo. “Infelizmente, a incerteza política e o corte de 60% desde meados de junho permanecem”, afirmou, nas redes sociais.

A desvalorização da moeda europeia frente à norte-americana vem sendo acentuada em um contexto de temores de recessão em território europeu, alimentados pelos altos índices inflacionários e pelas preocupações energéticas impulsionadas pela guerra na Ucrânia.

Clima de tensão

A Rússia é o principal fornecedor do produto do continente europeu e responde por 41% da distribuição. Alemanha, Itália, França, Turquia, Holanda, Áustria, Polônia, Hungria e Reino Unido são os principais consumidores.

O fornecimento de gás russo abaixo do normal desencadeou uma crise de preços crescentes da energia. A maior parte do produto é distribuída para a União Europeia por meio de gasodutos que estão na zona de conflito.

A Rússia já ameaçou cortar o fornecimento, e a operação de um novo gasoduto foi barrada pela Alemanha. A União Europeia estuda como diminuir a dependência do produto russo.

A dependência do gás russo é histórica. Algumas relações ultrapassam cinco décadas, como a da Alemanha, que negocia o produto desde quando a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) existia. Somente os alemães compram 16% do gás russo. O italianos aparecem em segundo lugar no ranking – 12%.

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