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Rússia diz ter detido 8 pessoas ligadas à explosão de ponte na Crimeia

Seriam cinco cidadãos da Rússia e três pessoas da Ucrânia e da Armênia. Explosivos usados no ataque começaram a ser transportados em agosto

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Rússia disse ter detido oito pessoas envolvidas com explosão da ponte de Kerch, na Crimeia
1 de 1 Rússia disse ter detido oito pessoas envolvidas com explosão da ponte de Kerch, na Crimeia - Foto: Vera Katkova/Anadolu Agency via Getty Images

O governo russo afirmou ter identificado e detido os “organizadores e cúmplices” no ataque à ponte de Kerch, que liga a Crimeia à Rússia. Uma explosão destruiu parcialmente a via no último sábado (8/10), que é essencial para o transporte de abastecimento e de tropas russas na invasão da Ucrânia. Três pessoas morreram na ação que analistas internacionais acreditam ter sido, na prática e simbolicamente, um golpe nas ambições do presidente russo, Vladimir Putin.

“No momento, como parte do caso criminal, cinco cidadãos da Rússia e três da Ucrânia e da Armênia, que participaram da preparação do crime, foram detidos”, diz o Serviço Federal de Segurança da Rússia. Em um texto publicado em seu site, o órgão diz que o “ataque terrorista” teve como organizador o diretor de Inteligência do Ministério da Defesa da Ucrânia, Kirill Budanov.

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A confusão, no entanto, não vem de hoje. Além da disputa por influência econômica e geopolítica, contexto histórico que se relaciona ao século 19 pode explicar o conflito
A localização estratégica da Ucrânia, entre a Rússia e a parte oriental da Europa, tem servido como uma zona de segurança para a antiga URSS por anos. Por isso, os russos consideram fundamental manter influência sobre o país vizinho, para evitar avanços de possíveis adversários nesse local
Isso porque o grande território ucraniano impede que investidas militares sejam bem-sucedidas contra a capital russa. Uma Ucrânia aliada à Rússia deixa possíveis inimigos vindos da Europa a mais de 1,5 mil km de Moscou. Uma Ucrânia adversária, contudo, diminui a distância para pouco mais de 600 km
Percebendo o interesse da Ucrânia em integrar a Otan, que é liderada pelos Estados Unidos, e fazer parte da União Europeia, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, ameaçou atacar o país, caso os ucranianos não desistissem da ideia
Uma das exigências de Putin, portanto, é que o Ocidente garanta que a Ucrânia não se junte à organização liderada pelos Estados Unidos. Para os russos, a presença e o apoio da Otan aos ucranianos constituem ameaças à segurança do país
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A relação conturbada entre Rússia e Ucrânia, que desencadeou conflito armado, tem deixado o mundo em alerta para uma possível grande guerra

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A confusão, no entanto, não vem de hoje. Além da disputa por influência econômica e geopolítica, contexto histórico que se relaciona ao século 19 pode explicar o conflito

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A localização estratégica da Ucrânia, entre a Rússia e a parte oriental da Europa, tem servido como uma zona de segurança para a antiga URSS por anos. Por isso, os russos consideram fundamental manter influência sobre o país vizinho, para evitar avanços de possíveis adversários nesse local

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Isso porque o grande território ucraniano impede que investidas militares sejam bem-sucedidas contra a capital russa. Uma Ucrânia aliada à Rússia deixa possíveis inimigos vindos da Europa a mais de 1,5 mil km de Moscou. Uma Ucrânia adversária, contudo, diminui a distância para pouco mais de 600 km

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Percebendo o interesse da Ucrânia em integrar a Otan, que é liderada pelos Estados Unidos, e fazer parte da União Europeia, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, ameaçou atacar o país, caso os ucranianos não desistissem da ideia

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Uma das exigências de Putin, portanto, é que o Ocidente garanta que a Ucrânia não se junte à organização liderada pelos Estados Unidos. Para os russos, a presença e o apoio da Otan aos ucranianos constituem ameaças à segurança do país

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A Rússia iniciou um treinamento militar junto à aliada Belarus, que faz fronteira com a Ucrânia, e invadiu o território ucraniano em 24 de fevereiro

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Por outro lado, a Otan, composta por 30 países, reforçou a presença no Leste Europeu e colocou instalações militares em alerta

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Apesar de ter ganhado os holofotes nas últimas semanas, o novo capítulo do impasse entre as duas nações foi reiniciado no fim de 2021, quando Putin posicionou 100 mil militares na fronteira com a Ucrânia. Os dois países, que no passado fizeram parte da União Soviética, têm velha disputa por território

AFP
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Além disso, para o governo ucraniano, o conflito é uma espécie de continuação da invasão russa à península da Crimeia, que ocorreu em 2014 e causou mais de 10 mil mortes. Na época, Moscou aproveitou uma crise política no país vizinho e a forte presença de russos na região para incorporá-la a seu território

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Desde então, os ucranianos acusam os russos de usar táticas de guerra híbrida para desestabilizar constantemente o país e financiar grupos separatistas que atentam contra a soberania do Estado

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O conflito, iniciado em 24 de fevereiro, já impacta economicamente o mundo inteiro. Na Europa Ocidental, por exemplo, países temem a interrupção do fornecimento de gás natural, que é fundamental para vários deles

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Embora o Brasil não tenha laços econômicos tão relevantes com as duas nações, pode ser afetado pela provável disparada no preço do petróleo

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No documento, os russos dão todos os detalhes do dispositivo explosivo usado, “camuflado em rolos com filme de polietileno de construção em 22 paletes com um peso total de 22.770 kg” e o caminho feito desde agosto deste ano. Também fornece nomes.

“O controle sobre a movimentação de cargas ao longo de toda a rota e contatos com os participantes do esquema de transporte criminoso foram realizados por um funcionário do Ministério da Defesa da Ucrânia, passando-se por ‘Ivan Ivanovich’, que usou para coordenação tanto um número virtual anônimo comprado na internet quanto um morador de Kremenchuk, Sergey Vladimirovich, nascido em 1988, registrado em nome de um cidadão da Ucrânia”, detalha o texto.

O governo russo afirma que a investigação está em andamento. “Todos os seus organizadores e cúmplices, incluindo cidadãos estrangeiros, serão responsabilizados de acordo com a lei russa”, promete a agência.

Segundo o site Aljazeera, o porta-voz do Ministério do Interior da Ucrânia, Andriy Yusov, chamou a investigação de “absurdo”. Yusov descreveu o Serviço Federal de Segurança da Rússia e o Comitê de Investigação como “estruturas falsas que servem ao regime de Putin. Então, definitivamente, não comentaremos suas próximas declarações”.

Ataque e importância

No ataque de sábado, um caminhão explodiu e incendiou sete tanques de um trem de carga que transportava combustível. A força da explosão destruiu a via rodoviária e ferroviária.

Moscou construiu a ponte de Kerch para ligar a então recém-anexada Península da Crimeia à região russa de Krasnodar Krai, no norte do Cáucaso. A ponte foi inaugurada em 2018 na presença do presidente russo, Vladimir Putin, e custou 3,6 bilhões de dólares na época. Com uma extensão de 19 quilômetros, o ambicioso projeto, feito para ajudar a reforçar a infraestrutura da Crimeia e fortalecer sua conexão com a Rússia, é a ponte mais longa da Europa.

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