Depois de o chanceler da diplomacia russa, Serguei Lavrov, demonstrar um tom ameno sobre a crise diplomática envolvendo a Ucrânia, o presidente da Rússia, Vladmir Putin, decidiu retirar parte das tropas que estavam na fronteira entre os dois países.
A decisão de retorno das tropas à base foi anunciada pelo porta-voz do Ministério da Defesa da Rússia, Igor Konashenkov, em um vídeo. O representante, no entanto, explicou que parte da tropa retirada, simplesmente concluiu os treinamentos militares que estavam fazendo ali, a outra parte, no entanto, permanece.
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A relação conturbada entre Rússia e Ucrânia, que pode desencadear um conflito armado, tem deixado o mundo em alerta para uma possível guerra
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A confusão, no entanto, não vem de hoje. Além da disputa por influência econômica e geopolítica, contexto histórico que se relaciona ao século 19 pode explicar o conflito
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A localização estratégica da Ucrânia, entre a Rússia e a parte oriental da Europa, tem servido como uma zona de segurança para a antiga URSS por anos. Por isso, os russos consideram fundamental manter influência sobre o país vizinho, para evitar avanços de possíveis adversários nesse local
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Isso porque o grande território ucraniano impede que investidas militares sejam bem-sucedidas contra a capital russa. Uma Ucrânia aliada à Rússia deixa possíveis inimigos vindos da Europa a mais de 1,5 mil km de Moscou. Uma Ucrânia adversária, contudo, diminui a distância para pouco mais de 600 km
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Percebendo o interesse da Ucrânia em integrar a Otan, que é liderada pelos Estados Unidos, e fazer parte da União Europeia, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, ameaçou atacar o país, caso os ucranianos não desistissem da ideia
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Uma das exigências de Putin, portanto, é que o Ocidente garanta que a Ucrânia não se junte à organização liderada pelos Estados Unidos. Para os russos, a presença e o apoio da Otan aos ucranianos constituem ameaças à segurança do país
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A Rússia iniciou um treinamento militar junto à aliada Belarus, que faz fronteira com a Ucrânia, e invadiu o território ucraniano em 24 de fevereiro
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Por outro lado, a Otan, composta por 30 países, reforçou a presença no Leste Europeu e colocou instalações militares em alerta
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Apesar de ter ganhado os holofotes nas últimas semanas, o novo capítulo do impasse entre as duas nações foi reiniciado no fim de 2021, quando Putin posicionou 100 mil militares na fronteira com a Ucrânia. Os dois países, que no passado fizeram parte da União Soviética, têm velha disputa por território
AFP
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Além disso, para o governo ucraniano, o conflito é uma espécie de continuação da invasão russa à península da Crimeia, que ocorreu em 2014 e causou mais de 10 mil mortes. Na época, Moscou aproveitou uma crise política no país vizinho e a forte presença de russos na região para incorporá-la a seu território
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Desde então, os ucranianos acusam os russos de usar táticas de guerra híbrida para desestabilizar constantemente o país e financiar grupos separatistas que atentam contra a soberania do Estado
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O conflito, iniciado em 24 de fevereiro, já impacta economicamente o mundo inteiro. Na Europa Ocidental, por exemplo, países temem a interrupção do fornecimento de gás natural, que é fundamental para vários deles
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Embora o Brasil não tenha laços econômicos tão relevantes com as duas nações, pode ser afetado pela provável disparada no preço do petróleo
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“Vários eventos de treinamento de combate, incluindo exercícios, foram realizados de acordo com o planejado”, disse Konashenkov. “À medida que os eventos de treinamento de combate forem concluídos, as tropas, como sempre, marcharão de forma combinada para seus pontos de implantação permanentes”.
O porta-voz do Kremlin, Dmitri S. Peskov, considerou que os mais de 100 mil soldados enviados à fronteira com a Ucrânia desde a ascenção da crise diplomática, é apenas algo “rotineiro” e classificou as declarações de países ocidentais como “exageradas”, segundo o The New York Times.
“É nosso direito realizar exercícios onde quisermos em nosso território; não precisa ser discutido com ninguém”, disse Peskov. Ele acrescentou que a Rússia sempre teve a intenção de que, quando os exercícios terminassem, “as tropas voltassem para seus quartéis. Isto é o que está acontecendo desta vez também, não há nada novo”.
Após seguidos sinais de que uma invasão militar estaria às vésperas de acontecer, a Rússia sinalizou, na segunda-feira (14/2), que o caminho diplomático para resolver a crise com a vizinha Ucrânia ainda tem chances de prosperar.
O chanceler da diplomacia russa, Serguei Lavrov, avaliou que “há possibilidade” de “resolver os problemas”, mas que espera “contrapropostas sérias” de países ocidentais que tentam esfriar o clima. Em uma reunião televisionada com o presidente do país, Vladmir Putin, os representantes russos simularam uma discussão apaziguadora sobre o tema.
“Acredito que nossas possibilidades estão longe de esgotadas”, disse Lavrov. “Eu proporia continuar e intensificá-las”. Em resposta, Putin disse: “Bom”. A formalidade da reunião chamou a atenção dos espectadores, já que pareceu ter sido algo pré-programado e roteirizado.
Apesar da afirmação em tom de pacificação, em outro momento do encontro entre o presidente e o chanceler, Lavrov fez questão de enfatizar que apesar de acreditar que as alternativas não se esgotaram, crê que “não podem durar indefinidamente’. Ainda acrescentou que a Rússia estaria pronta para “ouvir contrapropostas sérias”.