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Rússia admite ataque a porto na Ucrânia e diz ter mirado em artilharia

Moscou assumiu responsabilidade por bombardeio contra terminal ucraniano, horas após assinar com Kiev plano para exportação de cereais

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Russian President Putin Meets Valdai Discussion Club During Annual Meeting
1 de 1 Russian President Putin Meets Valdai Discussion Club During Annual Meeting - Foto: Mikhail Svetlov/Getty Images

O governo russo confirmou, neste domingo (24/07), que atacou no dia anterior o porto de Odessa com mísseis, destruindo “infraestruturas militares” no terminal no Mar Negro, ponto vital para a exportação de grãos ucranianos.

O bombardeio ocorreu apenas horas após Moscou e Kievassinarem um acordo, mediado pela ONU e a Turquia, para permitir escoamento dos cereais ucranianos bloqueados devido à guerra.

“Mísseis Kalibr destruíram a infraestrutura militar do porto de Odessa, com um ataque de alta precisão”, escreveu a porta-voz do Ministério do Exterior russo, Maria Zakharova, em sua conta no Telegram. Zakharova afirmou que os mísseis destruíram, entre outros alvos, um “barco militar” ucraniano, sem dar detalhes ou provas.

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A confusão, no entanto, não vem de hoje. Além da disputa por influência econômica e geopolítica, contexto histórico que se relaciona ao século 19 pode explicar o conflito
A localização estratégica da Ucrânia, entre a Rússia e a parte oriental da Europa, tem servido como uma zona de segurança para a antiga URSS por anos. Por isso, os russos consideram fundamental manter influência sobre o país vizinho, para evitar avanços de possíveis adversários nesse local
Isso porque o grande território ucraniano impede que investidas militares sejam bem-sucedidas contra a capital russa. Uma Ucrânia aliada à Rússia deixa possíveis inimigos vindos da Europa a mais de 1,5 mil km de Moscou. Uma Ucrânia adversária, contudo, diminui a distância para pouco mais de 600 km
Percebendo o interesse da Ucrânia em integrar a Otan, que é liderada pelos Estados Unidos, e fazer parte da União Europeia, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, ameaçou atacar o país, caso os ucranianos não desistissem da ideia
Uma das exigências de Putin, portanto, é que o Ocidente garanta que a Ucrânia não se junte à organização liderada pelos Estados Unidos. Para os russos, a presença e o apoio da Otan aos ucranianos constituem ameaças à segurança do país
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A relação conturbada entre Rússia e Ucrânia, que desencadeou conflito armado, tem deixado o mundo em alerta para uma possível grande guerra

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A confusão, no entanto, não vem de hoje. Além da disputa por influência econômica e geopolítica, contexto histórico que se relaciona ao século 19 pode explicar o conflito

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A localização estratégica da Ucrânia, entre a Rússia e a parte oriental da Europa, tem servido como uma zona de segurança para a antiga URSS por anos. Por isso, os russos consideram fundamental manter influência sobre o país vizinho, para evitar avanços de possíveis adversários nesse local

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Isso porque o grande território ucraniano impede que investidas militares sejam bem-sucedidas contra a capital russa. Uma Ucrânia aliada à Rússia deixa possíveis inimigos vindos da Europa a mais de 1,5 mil km de Moscou. Uma Ucrânia adversária, contudo, diminui a distância para pouco mais de 600 km

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Percebendo o interesse da Ucrânia em integrar a Otan, que é liderada pelos Estados Unidos, e fazer parte da União Europeia, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, ameaçou atacar o país, caso os ucranianos não desistissem da ideia

Andre Borges/Esp. Metrópoles
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Uma das exigências de Putin, portanto, é que o Ocidente garanta que a Ucrânia não se junte à organização liderada pelos Estados Unidos. Para os russos, a presença e o apoio da Otan aos ucranianos constituem ameaças à segurança do país

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A Rússia iniciou um treinamento militar junto à aliada Belarus, que faz fronteira com a Ucrânia, e invadiu o território ucraniano em 24 de fevereiro

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Por outro lado, a Otan, composta por 30 países, reforçou a presença no Leste Europeu e colocou instalações militares em alerta

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Apesar de ter ganhado os holofotes nas últimas semanas, o novo capítulo do impasse entre as duas nações foi reiniciado no fim de 2021, quando Putin posicionou 100 mil militares na fronteira com a Ucrânia. Os dois países, que no passado fizeram parte da União Soviética, têm velha disputa por território

AFP
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Além disso, para o governo ucraniano, o conflito é uma espécie de continuação da invasão russa à península da Crimeia, que ocorreu em 2014 e causou mais de 10 mil mortes. Na época, Moscou aproveitou uma crise política no país vizinho e a forte presença de russos na região para incorporá-la a seu território

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Desde então, os ucranianos acusam os russos de usar táticas de guerra híbrida para desestabilizar constantemente o país e financiar grupos separatistas que atentam contra a soberania do Estado

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O conflito, iniciado em 24 de fevereiro, já impacta economicamente o mundo inteiro. Na Europa Ocidental, por exemplo, países temem a interrupção do fornecimento de gás natural, que é fundamental para vários deles

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Embora o Brasil não tenha laços econômicos tão relevantes com as duas nações, pode ser afetado pela provável disparada no preço do petróleo

Vinícius Schmidt/Metrópoles

Depósito de mísseis antinavio

A declaração desmente informação do dia anterior, quando a Rússia negou à Turquia que estivesse envolvida no ataque. “Os russos nos disseram que não tinham absolutamente nada a ver com o ataque e que estavam estudando o assunto muito de perto”, disse neste sábado o ministro da Defesa turco, Hulusi Akar.

Pouco depois, o porta-voz do Exército russo, general Igor Konashenkov, forneceu mais informações sobre o ataque, dizendo que não apenas destruiu uma embarcação militar, que ele identificou como um “navio de guerra no cais do porto”, mas também um depósito de mísseis antinavio Harpoon fornecidos pelos Estados Unidos.

“Outras instalações para o reparo e modernização das forças navais ucranianas também foram inutilizadas”, acrescentou Konashenkov, em entrevista coletiva citada pela agência de notícias Interfax.

“Barbárie”

O presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, denunciou o ataque a Odessa como “barbárie” flagrante que, segundo ele, demonstrou que Moscou não é confiável para implementar o acordo de sexta-feira (22).

Após o bombardeio, a Ucrânia acusou o presidente russo, Vladimir Putin, de “cuspir na cara” da ONU e da Turquia, e colocar em risco o acordo assinado na sexta-feira em Istambul, sob a mediação da organização internacional e daquele país, para a retomada do exportações de grãos bloqueadas pelo conflito.

Segundo autoridades ucranianas, dois mísseis caíram na zona portuária de Odessa e outros dois foram abatidos pela defesa antiaérea antes de atingirem o seu alvo.

O ataque também foi condenado duramente pelo governo dos EUA, que já havia culpado a Rússia pelo bombardeio. O secretário de Estado americano, Antony Blinken, afirmou que o ato gera “sérias dúvidas sobre a credibilidade do compromisso da Rússia com o acordo sobre exportações de grãos firmado com Kiev.

“O bombardeio mina os esforços da ONU, Turquia e Ucrânia para levar alimentos essenciais aos mercados mundiais”, disse, frisando que a Rússia é responsável pelo agravamento da crise alimentar global e que Moscou aprovou o acordo e “agora tem o dever de implementá-lo integralmente”.

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