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Réu alega ter sido drogado por marido de francesa estuprada em série

Dominique Pelicot é o principal acusado por ter dopado, violentado e organizado estupros da ex-mulher Gisèle, por dezenas de homens

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Um dos réus no julgamento de 51 homens por estupros coletivos no sul da França acusou, nessa quinta-feira (3/10), o marido da vítima de também tê-lo drogado para cometer o crime. Dominique Pelicot é o principal acusado por ter dopado, violentado e organizado estupros da ex-mulher Gisèle por dezenas de homens desconhecidos, em um caso que chocou o país e teve repercussão mundial.

Um desses homens, Jean T., alegou no Tribunal Criminal, em Avignon, que não se lembra de ter violentado Gisèle Pelicot, porque também teria sido drogado por Dominique.

“O senhor Pelicot me drogou. Ele me ofereceu uma bebida”, insistiu o ex-carpinteiro, de 52 anos. “Bill”, seu pseudônimo no site no qual conheceu Dominique, é um dos poucos réus no julgamento que compareceu à residência do casal durante o dia.

“Ele nunca me disse que sua esposa estava dormindo, drogada, e que eu iria estuprá-la”, defendeu-se, nesta quinta-feira. Neste instante, o ex-marido refutou: “Todos sabiam”, alegou Dominique Pelicot.

Julgado desde o início de setembro, o ex-marido admite os fatos e chega a aceitar a pena máxima de 20 anos de prisão — mas não pretende pagar sozinho pelos crimes. Ele tem insistido que “todos sabiam” que estuprariam Gisèle. A maioria dos demais réus nega e acusa o ex-marido de tê-los manipulado.

Vídeos são principal prova contra acusados

Nas quase 10 cenas filmadas pelo marido em 21 de setembro de 2018, o ronco de Gisèle é perceptível. Em uma delas, Jean T. levanta o polegar, em sinal de satisfação, em direção à câmera. Na audiência, porém, ele alegou não ter conhecimento de que os atos foram filmados.

Após descrever cada vídeo, o presidente do tribunal questionou o acusado para saber se ele se lembrava de seus atos. A cada vez, a mesma resposta: “Não”.

Ele afirma só ter tomado conhecimento do que fez ao visualizar os vídeos, após a detenção. “Lembro que eu me encontrei no carro, sem saber como tinha chegado ali. E fui para casa”, alegou.

Ex-marido volta a depor

“Ainda não sei explicar a verdadeira razão das minhas ações”, disse nesta quinta-feira (3) o ex-marido da vítima. “Todo mundo pode pensar que eu realmente consegui considerá-la como um objeto. É paradoxal, mas ainda não sei explicar, hoje, o real motivo para o que eu fiz”, afirmou o principal acusado no julgamento de estupros coletivos em Mazan, para onde o casal se mudou em 2013. Os crimes se prolongaram por 10 anos.

Questionado pelo presidente do tribunal se considerava a sua mulher uma “mercadoria”, quando a fazia ingerir ansiolíticos e chamava outros homens para violentá-la, o ex-marido respondeu negativamente. “Não era nada do estilo dela [fazer sexo com vários homens]. (…) Eu me divertia, mas não a via como um objeto”, explicou.

A advogada do acusado, Béatrice Zavarro, perguntou-lhe então se ele não promoveu os estupros por “puro egoísmo”. “É óbvio que essas são fantasias tão egoístas. Eu só pensei em mim mesmo e não neles [os 50 outros réus, que ele convidou pela internet para estuprar sua esposa], nem, principalmente, nela”, respondeu.

“Em cada homem existe um demônio. O meu vem da minha infância”, disse, referindo-se ao estupro que diz ter sofrido aos 9 anos, por uma enfermeira durante uma internação. “A única coisa de que me arrependi durante os últimos quatro anos [desde que foi preso, em 2020] é que eu deveria ter morrido doente em 2002”, quando foi operado.

Leia mais reportagens como essa no RFI, parceiro do Metrópoles.

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