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Resolução contra Israel pode levar país a ser mais intransigente

Decisão dos Estados Unidos de se abster em votação da ONU permitindo a aprovação de uma resolução que condena assentamentos israelenses

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A decisão dos Estados Unidos de se absterem em votação do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), permitindo a aprovação de uma resolução que condena assentamentos israelenses na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental, pode desencadear novas ações com o objetivo de encerrar o conflito entre Israel e Palestina. Mas também pode complicar a situação da ONU com a administração Trump e fazer com que Israel adote uma postura mais intransigente.

A resolução do Conselho de Segurança classifica os assentamentos como “uma nítida violação das leis internacionais”. A abstenção dos EUA soou como uma reprimenda a um antigo aliado e marcou uma ruptura com uma série de vetos anteriores.

Washington costuma vetar todas as resoluções relacionadas ao conflito entre israelenses e palestinos, alegando que as diferenças devem ser resolvidas por meio de negociações. Esta foi a primeira resolução sobre o conflito aprovada durante os quase oito anos do governo de Barack Obama, e colocou em evidência a fria relação entre os EUA e o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu.

O embaixador de Israel na ONU, Danny Danon, advertiu o Conselho de Segurança que a resolução não vai desencadear esforços de paz “Ao votarem ‘sim’ a favor dessa resolução, vocês na verdade votaram ‘não'”, disse. “Vocês votaram ‘não’ a negociações. Vocês votaram ‘não’ ao progresso, e a uma chance de uma vida melhor para israelenses e palestinos. E vocês votaram ‘não’ à possibilidade de paz.”

Netanyahu reagiu imediatamente contra alguns dos países que propuseram a resolução. Ele chamou de volta para consultas os embaixadores de Israel na Nova Zelândia e no Senegal, cancelou uma visita que o ministro de relações exteriores do Senegal faria a Israel em janeiro e encerrou programas de assistência ao país da África Ocidental. “Israel rejeita essa vergonhosa resolução anti-israelense e não vai respeitar seus termos”, disse o gabinete de Netanyahu em comunicado.

O líder israelense responsabilizou Obama por “não proteger Israel dessa conspiração na ONU” e até acusou o presidente norte-americano de formar um conluio com os detratores do país. “Israel espera trabalhar com o presidente eleito Trump e com todos os nossos amigos no Congresso, tanto republicanos quanto democratas, para anular os efeitos prejudiciais dessa resolução absurda.”

O principal negociador palestino, Saeb Erekat, disse que o resultado é uma “vitória para a justiça da causa palestina”. Segundo ele, Trump deve escolher agora entre a “legitimidade internacional” ou se aliar a “colonos e extremistas”.

O embaixador palestino na ONU, Riyad Mansour, pediu que o Conselho de Segurança “se mantenha firme em sua decisão” e “não se deixe intimidar por ameaças ou distorções negativas”.

Ao deixar passar a resolução, o governo Obama ignorou as exigências do presidente eleito Donald Trump de que os EUA exercessem seu poder de veto. Após a votação, Trump escreveu no Twitter: “As coisas vão ser diferentes depois de 20 de janeiro”, quando ele toma posse. Dada a oposição mundial aos assentamentos, no entanto, a ação será quase impossível de reverter. Seria necessária uma nova resolução com apoio de pelo menos nove dos 15 membros do Conselho de Segurança, e nenhum veto dos outros membros permanentes – Rússia, China, Grã-Bretanha ou França -, que apoiaram a resolução aprovada na sexta-feira.

Republicanos, que controlam o Congresso, advertiram imediatamente para possíveis consequências. O senador Lindsay Graham, que preside a comissão do Senado encarregada de pagamentos para a ONU, disse que formaria “uma coalizão bipartidária para suspender ou reduzir consideravelmente” os recursos. Ele disse também que países que recebem ajuda dos EUA poderão ser penalizados por apoiar a resolução.

A resolução desencadeou discussões nos bastidores do Conselho de Segurança sobre o que mais pode ser obtido na questão entre israelenses e palestinos enquanto Obama ainda estiver na Casa Branca. A Nova Zelândia vem pressionando o conselho a considerar uma resolução que estabeleceria os parâmetros para o encerramento do conflito, e as ideias continuam na mesa. Fonte: Associated Press.

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