Renúncia de secretário de Defesa assusta aliados dos EUA
Europeus, israelenses e até chineses demonstram temor de que a saída de James Mattis aumente instabilidade mundial
atualizado
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A renúncia do secretário de Defesa americano, James Mattis, causou uma “onda de choque” entre aliados dos Estados Unidos. Mesmo entre adversários dos EUA houve desconforto ao saber que o presidente Trump iria dirigir a política externa americana sem que o último renomado e ponderado general de seu governo estivesse presente.
“Mattis foi o último homem a defender o que havia sido a política externa dos EUA desde a 2ª Guerra Mundial”, disse Norbert Röttgen, presidente do comitê de relações exteriores do parlamento alemão e aliado da chanceler Angela Merkel. “Com ele fora, isso realmente marca uma nova conjuntura na presidência, o que é um Trump irrestrito, que é um sinal perigoso.”
Na quinta, a renúncia do general aposentado surpreendeu Washington e ocorreu um dia depois de o presidente americano desafiar as recomendações do Pentágono e de seus conselheiros e chocar aliados americanos ao anunciar a retirada das tropas americanas da Síria e “uma suposta vitória sobre o Estado Islâmico”.
Na China, analistas disseram que havia grande chance de a saída do general tornar o mundo mais vulnerável. “Nossa preocupação é quem vem a seguir. Mesmo que para nós Mattis fosse duro e irritante, os militares chineses sentiam-se seguros em lidar com esse tipo de militar profissional”, disse Yue Gang, coronel e comentarista militar aposentado do Exército Popular de Libertação em Pequim. “Se Trump escolher um lacaio que não está disposto a servir de equilíbrio para seus instintos, o mundo se tornará instável.”
A saída de Mattis também alarmou o principal aliado americano no Oriente Médio. “Mattis acreditava que uma forte presença americana no Oriente Médio servia de proteção contra o Irã e outros elementos hostis”, disse Michael Oren, deputado israelense e aliado do primeiro-ministro Binyamin Netanyahu. “Agora, como no passado, Israel terá que se defender com suas próprias forças para lidar com as grandes ameaças ao norte.”
“O presidente parece determinado a formar uma nova equipe de conselheiros que não lhe imponha rédeas e abrace sua visão de uma América poderosa”, escreveu no site americano Politico o analista de Relações Exteriores Robert Kagan. “Estamos voltando para uma concepção anterior do papel dos EUA no mundo, cuidando de nós mesmos, esperando que os oceanos nos protejam e, quando necessário, dizendo que o resto do mundo está cheio de aproveitadores que podem ir para o inferno. Pode ser uma época mais destrutiva da ordem mundial do que a década de 1930.