Francisco completa quatro anos de papado e enfrenta conservadores
O aniversário ocorre em momento que deixa cada vez mais evidente a oposição às reformas do pontífice argentino Jorge Mario Bergoglio
atualizado
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O papa Francisco completa nesta segunda-feira (13/3) quatro anos na liderança da Igreja Católica. O aniversário, porém, ocorre em um momento que deixa cada vez mais em evidência a oposição às mudanças de Jorge Mario Bergoglio, o papa originário do “fim do mundo”. Apesar de ter sido considerado, desde o início, um pontifíce reformista e disposto a mexer nas estruturas da Igreja, somente agora Franscisco enfrenta a ira de conservadores na prática.
Em fevereiro, cartazes criticando as mudanças propostas pelo papa foram espalhados por Roma, expondo as divergências dentro do clero. A oposição começou a ganhar força há um ano, em 8 de abril, durante o Jubileu Extraordinário da Misericórdia e a publicação da exortação apostólica “Amoris Laetitia”, na qual o papa escreveu suas conclusões sobre os dois sínodos convocados por ele para discutir questões familiares e o posicionamento da Igreja Católica.
Em setembro passado, quatro cardeais conservadores, Raymond Burke, Carlo Caffarra, Walter Brandmuller e Joachim Meisner, escreveram uma carta a Francisco questionando seus posicionamentos e pedindo explicações sobre pontos que “colocavam em dúvida a doutrina católica”, sobretudo em relação à possibilidade de comunhão de casais divorciados. A carta foi divulgada publicamente pelo grupo, mas Francisco nunca respondeu a ela.
Mesmo assim, a briga entre Bergoglio e o norte-americano Raymond Burke perdurou. O cardeal ameaçou o Papa com um “ato formal de correção” e protagonizou uma rebelião inédita na cúpula da Ordem de Malta. Cardeal patrono da Ordem, Burke se negou a instituir uma comissão ordenada pelo Papa para investigar o grão-chanceler Albrecht von Boeselager.
Apesar de toda oposição dentro do Vaticano, Bergoglio segue adiante em seu pontificado, participando de momentos históricos, como o acordo de retomada de relações entre Cuba e Estados Unidos, o encontro com o patriarca de Moscou e a participação nas celebrações dos 500 anos da Reforma Luterana e o apoio às negociações de paz na Colômbia e na Venezuela.
A recente demissão da Marine Collins, vítima de pedofilia, da comissão vaticana contra abusos sexuais, porém, comprova que Francisco ainda tem muito trabalho a fazer dentro e fora do Vaticano.