Brasil testará projeto-piloto do Papa contra pedofilia
Assunto deve ser discutido na próxima reunião da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB)
atualizado
Compartilhar notícia
O Brasil é um dos três países escolhidos pelo Papa Francisco para testar um projeto-piloto para dar voz às vítimas de pedofilia por parte do clero.
A informação foi dada pelo laico consagrado Nelson Giovanelli Rosendo dos Santos, membro da Pontifícia Comissão para a Proteção dos Menores, órgão criado por Jorge Bergoglio para combater abusos na Igreja Católica.
Santos ainda não deu detalhes do projeto, mas ele diz que o assunto deve ser discutido na próxima reunião da Conferência nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), com a possível presença do Arcebispo de Boston, cardeal Sean O’Malley, presidente da comissão antipedofilia.
“É um projeto capitaneado pelo Papa Francisco”, garantiu o brasileiro, que é fundador da comunidade Fazenda da Esperança, projeto nascido em Guaratinguetá (SP) para ajudar na recuperação de jovens dependentes químicos.
A Pontifícia Comissão para a Proteção dos Menores é formada por 16 membros, entre religiosos, leigos e vítimas de abuso sexual por parte de sacerdotes. O colegiado foi formado em 2014 e renovado em fevereiro deste ano, e sua segunda reunião em 2018 aconteceu na última quinta-feira (6/9).
“A ideia é que se crie um painel consultivo de vítimas que possam ser ouvidas e, com a experiência delas, possamos levar outras a tomarem a coragem de falar e se abrir”, explicou Santos, acrescentando que apresentará a proposta de usar a própria Fazenda da Esperança no projeto-piloto.
Em entrevista à ANSA em fevereiro passado, o brasileiro já havia explicado que seu objetivo seria dar prioridade à “experiência das vítimas” e ensiná-las a percorrer um caminho de reabilitação por meio do “perdão”.
Escândalos de pedofilia abalaram a imagem da Igreja Católica em vários países do mundo, como Chile, Austrália, Irlanda e estados Unidos. Nos últimos dias, até o Papa Francisco foi acusado de acobertar crimes cometidos pelo ex-cardeal Theodore McCarrick. A acusação partiu do arcebispo italiano Carlo Maria Viganò, ex-núncio apostólico em Washington e integrante da ala conservadora do clero.