Relembre escândalo sexual que envolveu brasileira e Silvio Berlusconi
Escândalo do bunga-bunga foi reveleado pela imprensa. Segundo jornais, ex-premiê morto aos 86 anos frequentava festas regadas a prostitutas
atualizado
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O ex-premiê da Itália e bilionário Silvio Berlusconi, morto nesta segunda-feira (12/6) aos 86 anos, ficou no epicentro de escândalos sexuais durante a trajetória política. Em meio às investigações do caso Ruby (leia mais abaixo), a Justiça descobriu que uma adolescente brasileira participava das festas eróticas que o político frequentava.
Em 2011, a imprensa italiana revelou que Berlusconi recebia na mansão dele, em Ancore, cidade italiana próxima a Milão, uma série de festas regadas à prostituição, chamadas de “bunga-bunga”. Na ocasião, foi descoberto que a brasileira Iris Bernardi, atualmente com 30 anos, participava dos eventos enquanto era menor de idade.
O caso foi descoberto após o vazamento de investigações sobre o comportamento do premiê, enviado ao Parlamento pela Promotoria de Milão. Agentes cumpriram mandados na casa da jovem, ainda em 2011, e descobriram dezenas de registros telefônicos, horários com ele marcados na agenda, além de 40 mil euros e várias joias.
No ano passado, o assunto voltou à tona após a jovem ser citada na audiência de um dos processos de corrupção contra Berlusconi no Judiciário. Na ocasião, a procuradora-adjunta de Milão, Tiziana Siciliano, disse ter sentido uma “pena incrível” da brasileira.
O judiciário de Milão foi o responsável por julgar as festas promovidas pelo ex-premiê. Há menos de um mês, em 17 de maio de 2023, ele foi absolvido de uma acusação de suborno de testemunhas. Supostamente, o político teria tentado silenciá-las no escândalo de prostituição de menores nas festas.
Caso Ruby
A revelação ocorreu em meio às investigações de outro caso de prostituição envolvendo Berlusconi e uma jovem menor de idade. Em 2010, o então premiê foi acusado de pagar para ter relações sexuais com uma jovem de 17 anos.
O ex-premiê sempre negou envolvimento com a dançarina marroquina Karima El Mahroug, também conhecida como “Ruby, a ladra de corações”.
Na época, ela retirou acusações feitas a Berlusconi, e afirmou que o bilionário pagou 60 mil euros a ela por “generosidade”. O ex-premiê, no entanto, disse ter feito uma doação de 45 mil euros para que ela abrisse um negócio, e que o montante seria para comprar um aparelho de depilação.
Em 2013, o magnata foi considerado culpado no caso, por prostituição de menores e abuso de poder político. A pena era de sete anos de prisão e inelegibilidade. No entanto, ele entrou com recurso e acabou absolvido dos crimes no ano seguinte.
Ônibus com prostitutas
Em dezembro de 2022, Berlusconi prometeu que levaria m ônibus “cheio de prostitutas” para o vestiário do time de futebol Monza, do qual era proprietário, caso o time vencesse clubes tradicionais como o Milan ou a Juventus.
Berlusconi já foi presidente do Milan, e em um evento de Natal promovido pelo atual clube, revelou a promessa que fez aos atletas do Monza.
“Encontramos um bom treinador, amigo, capaz de estimular nossos rapazes. Também dou uma motivação extra aos jogadores e digo-lhes que se vencermos o Milan, a Juve… um desses grandes clubes grandes, mandarei um ônibus cheio de prostitutas para o vestiário”, afirmou.
Declarações preconceituosas
Além da situação com o clube do Monza, o ex-premiê afirmou, durante uma feira de motocicletas em Milão em 2010, que “de vez em quando, vejo uma garota bonita no rosto, [e percebo que] é melhor gostar de garotas bonitas do que ser gay”.
Naquele mesmo ano, ele fez um comentário desrespeitoso sobre o holocausto, condenado pela imprensa oficial do Vaticano. Berlusconi teria contado uma “piada” sobre um judeu que encarrega outros judeus de se esconderem dos oficiais nazistas no próprio porão, sem dizer a eles que a Segunda Guerra Mundial acabou.
O ex-primeiro-ministro também ridicularizou o terremoto na região central de Abruzzo, na Itália, que precisaram ser abrigados em tendas de emergência. Segundo ele, os sobreviventes deveriam encarar a situação como “um acampamento de fim de semana”.
Berlusconi também chegou a dizer que é o “Jesus Cristo da política”: “Sou uma vítima paciente, aturo todo mundo, me sacrifico por todos”, e afirmou que os filhos se sentem como “judeus perseguidos por Hitler”. Ele também precisou se desculpar oficialmente por fazer outra referência à época do nazismo, quando comparou um deputado do Parlamento Europeu a um guarda nazista.