Compartilhar notícia
A qualidade da água doce, um recurso essencial e cada vez mais escasso, está se deteriorando, mas é difícil saber a dimensão do problema devido à falta de indicadores em países onde vivem 3,7 bilhões de pessoas, segundo um relatório da ONU Meio Ambiente publicado na quarta-feira (28).
“A metade mais pobre do mundo contribui com menos de 3% dos dados globais sobre a qualidade da água”, lamenta a instituição no relatório, que menciona, em particular, “4.500 medições da qualidade das águas dos lagos” realizadas por esses países, de um total de 250.000 medições no mundo.
Como consequência dessa falta de indicadores e dos “baixos níveis de monitoramento”, “até 2030, mais da metade da humanidade viverá em países que não dispõem de dados suficientes para embasar as decisões de gestão relacionadas ao combate à seca, inundações, impactos dos efluentes de águas usadas e escoamento agrícola”, segundo o órgão.
A análise da evolução dos ecossistemas de água doce ilustra essa necessidade de dados.
No período de 2015-2019, em 61% dos países, pelo menos um tipo de ecossistema de água doce estava em estado de degradação, incluindo rios, lagos e aquíferos.
Comparativamente, o percentual cai para 31% no período de 2017-2021, segundo o relatório, uma “tendência positiva”, destacam os autores, que lembram a implementação em 2015 dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável pela ONU.
ONU busca desenvolver programas de monitoramento
No entanto, ao se levar em conta “a introdução dos dados disponíveis recentemente sobre a qualidade da água nos últimos períodos de observação”, a proporção de países com ecossistemas degradados está em 50%, aponta a ONU.
Em metade dos países, portanto, observa-se uma diminuição do fluxo dos rios e das águas superficiais, um aumento da poluição e uma gestão da água de menor qualidade, principalmente em países da África, Ásia Central e Sudeste Asiático.
Para melhorar o conhecimento sobre o estado dos ecossistemas, os autores do relatório recomendam o desenvolvimento de programas de monitoramento financiados pelos governos a longo prazo, o envolvimento da população na coleta de dados, para apoiar esses programas, bem como o uso de indicadores de observação por satélite e modelagens “para ajudar a suprir a falta de dados”.