Redução na taxa de exportação de vacinas da Índia afeta países pobres
Aumento na demanda interna para vacinação da população de 1,3 bilhão de habitantes levou país a reter doses produzidas pelo Instituto Serum
atualizado
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A Índia reduziu a taxa de exportação de vacinas por conta do aumento do número de casos que vive internamente. São mais de 50 mil casos por dia, índice que é o dobro do início do mês. Esta decisão do governo indiano afeta a distribuição de imunizantes em diversos países.
O Instituto Serum se comprometeu a fabricar um terço do total de 3 bilhões de doses que a AstraZeneca afirmou que produziria até o fim de 2021. No entanto, o governo da Índia está retendo 2,4 milhões de doses que são produzidas diariamente pelo instituto, o que faz parecer cada vez mais improvável o cumprimento deste prazo.
Assim como a União Europeia, o governo do primeiro-ministro, Narenda Modi, tem controle sobre a quantidade de doses que podem ser exportadas. Ao que tudo indica, também irão conter a exportação de vacinas.
Com população de 1,3 bilhão de habitantes, a Índia viu o número de casos diários chegar a casa dos 50 mil nos últimos dias. Em sua campanha de vacinação, apenas 4% da população foi imunizada. Com 11,8 milhões de casos e mais de 160 mil mortes, o país é o terceiro mais afetado no mundo, atrás de EUA e Brasil.
Algumas semanas atrás, a Índia exercia influência no Sudeste Asiático e em todo mundo por conta de seu potencial de produção de vacinas. Cerca de 8 milhões de doses foram doadas como parte de estratégia diplomática. No total, 60 milhões de doses foram distribuídas para mais de 70 países, do Brasil ao Reino Unido.
Contudo, segundo dados do Ministério das Relações Exteriores da Índia, o volume de exportações foi reduzido nas últimas duas semanas.
De acordo com a ONU, a crescente demanda internada está gerando uma escassez global de até 90 milhões de doses. O órgão teme que os cortes no estoque mundial signifiquem um revés para as campanhas de imunização, em especial para os países mais pobres.
Apoiado pela ONU e pela Gavi Vaccine Alliance, o consórcio global Covax já alertou as 64 nações participantes sobre atrasos nas entregas de doses em março e abril. Era esperado que a Índia contribuísse com 240 milhões de doses até o final de junho, mas o Serum forneceu ao consórcio 28 milhões de doses até agora.
No Brasil. o Ministério das Relações Exteriores admitiu que pode haver atrasos. Em nota oficial, o Itamaraty afirma que “o cronograma de entregas de doses, enviado pelos laboratórios fabricantes, pode sofrer constantes alterações, de acordo com a produção dos insumos”. Ao todo, o Brasil encomendou 20 milhões de doses do Instituto Serum e já recebeu 4 milhões.