Recontagem, judicialização: veja tretas que podem melar pleito dos EUA
Eleições dos EUA são nesta 3ª (5/11) e relembramos aqui alguns dos problemas que já aconteceram em pleitos passados e podem voltar
atualizado
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Com eleições marcadas para esta terça-feira (4/11), os Estados Unidos já passaram por problemas na apuração da votação. Como a eleição lá é descentralizada e cabe aos estados definir suas próprias regras, que vão do horário da votação à estrutura das cédulas, o sistema eleitoral do país acaba abrindo brechas para pedidos de recontagem de votos e judicialização do resultado.
Um exemplo de problema dessa natureza aconteceu nas eleições de 2000, disputada pelo republicano George W. Bush e o democrata Al Gore. O formato das cédulas usadas em alguns condados da Flórida, a chamada cédula borboleta, não deixava claro como o eleitor deveria escolher o seu candidato. Isso fez com que alguns eleitores de Gore votassem sem querer em um terceiro candidato.
Com uma votação apertada e decisiva, tanto democratas como republicanos exigiram recontagem de votos. As duas campanhas entraram com ações na Justiça enquanto os votos eram contabilizados novamente.
Depois de 36 dias recalculando os votos na Flórida, houve um reviravolta judicial. A Suprema Corte decidiu que não seria possível prosseguir com a recontagem, pois a análise violava uma cláusula de emenda à Constituição. Não havia um padrão só para contagem de todas as cédulas nos EUA. Bush, então, venceu no Colégio Eleitoral com 271 delegados contra 266 de Gore.
Outro evento complicado que ocorreu após as eleições presidenciais dos EUA foi a invasão do Capitólio, em Washington, no dia 6 de janeiro de 2021, por apoiadores do ex-presidente Donald Trump. Os invasores alegavam não aceitar o resultado da eleição que colocou Joe Biden na Casa Branca.
A invasão do Congresso dos EUA provocou a morte de dois manifestantes e três policiais, além de ter deixado outros 140 feridos. O prejuízo, segundo estimativas de outubro de 2022, ultrapassa os R$ 15,2 milhões. O montante engloba danos no edifício e nos terrenos do Capitólio, entre outros.
Neste ano, o Departamento de Segurança Interna dos EUA anunciou que o Serviço Secreto terá um esquema de proteção ao prédio em 6 de janeiro de 2025. É que, nesta data, serão feitas a contagem e certificação dos votos eleitorais em Washington.
Esta será a primeira vez que esse tipo de segurança especial é concedido para uma contagem e certificação de votos, em resposta a uma solicitação feita pelo prefeita de Washington.
Como o cenário desperta incertezas, algumas medidas, além do reforço na segurança do Capitólio vem sendo tomadas. Em um centro eleitoral no estado da Pensilvânia houve treinamento em táticas de “desescalada” de situações violentas. Além disso, telefones celulares foram atualizados com software de botão de pânico, vidros à prova de balas foram instalados no escritório eleitoral e películas à prova de balas foram colocadas nas janelas.
Washington está preparada para qualquer problema, porém, as autoridades ainda estão preocupadas com outros prédios governamentais e centros de contagem de votos ao redor do país.
Possíveis problemas nas eleições desta terça-feira
Alguns problemas têm surgido na eleição da Pensilvânia, que é um estado decisivo. Mais de 4 mil eleitores estrangeiros tiveram seus votos contestados em 14 condados do estado e houve anulação dos votos de quem não escreveu a data na cédula.
A Suprema Corte da Pensilvânia decidiu, na semana passada, que os eleitores que se esquecerem de escrever a data em suas cédulas não terão seus votos contados.
Tanto a Suprema Corte estadual quanto a Suprema Corte dos EUA também decidiram recentemente que os eleitores que se esquecerem de colocar suas cédulas em uma capa protetora de sigilo podem dar um voto provisório no dia da eleição.
Trump usou a Pensilvânia como exemplo de possível fraude e disse que o estado está “trapaceando muito” em votos antecipados, na pré-eleição. Esse comentário foi feito logo após levantamentos que indicam Kamala Harris à frente no local.
Em comício nesse domingo (3/11), Donald Trump afirmou: “Eu não deveria ter ido embora. Quer dizer, honestamente, porque fizemos isso, nos saímos muito bem”. Porém, em março de 2024, Trump alertou sobre um “banho de sangue” caso não vencesse esta eleição e sugeriu múltiplas vezes que a única coisa que o faria perder as eleições deste ano seria se o pleito fosse adulterado.