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Rebeldes assumem poder na Síria, mas incertezas persistem

O grupo rebelde Hayat Tahrir Al-Sham (HTS) assumiu o controle de Damasco, capital síria, forçando Bashar al-Assad a fugir para a Rússia

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Sírios que vivem no Líbano se comemoram na rua enquanto se dirigem para a passagem de fronteira de Al-Masnaa entre o Líbano e a Síria, após o colapso de 61 anos de governo do Partido Baath na Síria
1 de 1 Sírios que vivem no Líbano se comemoram na rua enquanto se dirigem para a passagem de fronteira de Al-Masnaa entre o Líbano e a Síria, após o colapso de 61 anos de governo do Partido Baath na Síria - Foto: Murat Sengul/Anadolu via Getty Images

A Síria enfrenta incertezas, após o grupo de rebeldes sírios Hayat Tahrir Al-Sham (HTS) derrubar o regime de Bashar al-Assad, nesse domingo (8/12). O presidente deposto e sua família fugiram para Moscou, Rússia, onde receberam asilo político.

A família Assad, que ficou no poder por meio século e governava a Síria em uma ditadura, com relatos documentados de torturas e encarceramentos em massa, execuções extrajudiciais e atrocidades contra o povo.

Após 13 anos de uma guerra civil que abalou profundamente o país, o regime ditatorial foi derrubado por combatentes rebeldes que declararam Damasco “libertada”, em um vídeo transmitido pela televisão estatal síria.

A tomada de poder aconteceu ao longo de 11 dias, com grandes cidades sendo dominadas em sequência pela aliança rebelde armada. O conflito, que estava praticamente estático desde o acordo de cessar-fogo estabelecido em 2020, foi reacendido. No dia 30 de novembro, o HTS lançou um ataque surpresa e assumiu o controle da segunda maior cidade da Síria, Aleppo.

Após a tomada de poder, jatos sírios e russos atacaram rebeldes em Aleppo e Idlib, mas as forças da oposição partiram para uma segunda grande cidade, Hama, e rapidamente conquistaram Homs, porta de entrada para a capital do país, Damasco.

Enquanto Homs era dominada, os rebeldes marcharam para Damasco, libertando prisioneiros de centros de detenção de Assad. Enquanto a cidade caía, os rebeldes cercaram e marcharam para Damasco.

Na manhã dessa segunda-feira (9/12), o ex-primeiro-ministro da Síria Mohammad Ghazi al-Jalali concordou em entregar o poder ao líder do grupo rebelde sírio Hayat Tahrir al-Sham (HTS), Abu Mohammad al-Jolani. Mohammad fez o anúncio na Al Arabiya TV.

A decisão de Mohammad Ghazi al-Jalali ocorre após o líder do grupo se encontrar com ele para discutir a transferência de poder. O primeiro-ministro do Governo da Salvação era ligado ao HTS.

O HTS afirmou, no X, que a reunião era para “coordenar a transferência de poder de uma maneira que garanta a prestação de serviços ao nosso povo na Síria”.

O novo primeiro-ministro, al-Bashir, foi anteriormente o primeiro-ministro da área de Idlib, controlada pelos rebeldes, no norte da Síria.

“Os caras agora têm uma experiência muito boa, eles começaram a trabalhar do nada. Tenha em mente que Idlib é pequena e sem recursos, nós conseguimos fazer muita coisa no passado. Você verá que eles são experientes. Eles têm um bom histórico de sucesso lidando com certas questões em várias capacidades, é por isso que precisamos continuar trabalhando com eles e nos beneficiar de [suas experiências]”, disse o líder do HTS em vídeo.

A derrubada de Bashar al-Assad gerou celebrações e comentários cautelosos pelo mundo. O presidente dos EUA, Joe Biden, falou nesse domingo (8/12) que o governo do ex-presidente “brutalizou, torturou e matou centenas de milhares de sírios”, mas fez um alerta para o futuro.

“A queda desse regime é um ato de justiça. É um momento histórico de oportunidade para as pessoas da Síria, para que elas vejam o futuro do seu país, e é também um momento de risco e incerteza. Todos se perguntam agora o que virá a seguir”, disse Biden em pronunciamento.

De acordo com Biden, os EUA trabalham com parceiros no Oriente Médio e interessados na Síria para enfrentar o momento atual. “Durante anos, muitos apoiaram o Assad, incluindo Irã, Hezbollah e Rússia, mas esse apoio caiu nas últimas semanas. Todos esses três apoios caíram, porque todos acabaram sendo ameaçados em suas posições”, expôs Biden.

O presidente também revelou planos para o futuro na Síria. “Os EUA farão o seguinte: primeiro, apoiar os vizinhos da Síria, incluindo a Jordânia, o Líbano, Iraque e Israel para que eles se mantenham nesse momento de transição na Síria. Em segundo lugar, ajudaremos na estabilidade para restaurar a Síria. Em especial, protegendo o nosso pessoal [norte-americanos] no local”, anuncia Biden.

Veja como ocorreu a ascensão dos rebeldes ao poder:

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Brasil

O Ministério das Relações Exteriores (MRE) solicitou no sábado (7/12) que os brasileiros que estão na Síria deixassem o país por meios próprios. Nesse domingo (8/12), o Itamaraty emitiu um alerta consular aos 3,5 mil brasileiros que vivem na Síria com uma série de recomendações, incluindo não participar de protestos públicos.

Nessa segunda-feira, o embaixador do Brasil na Síria, André dos Santos, deixou o país acompanhado dos funcionários. Por enquanto, eles permanecerão na capital do Líbano, Beirute, até que a situação se estabilize.

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França condiciona apoio a transição política na Síria à ruptura dos rebeldes com o extremismo
Sírios que vivem no Líbano comemoram na rua
Sírios que vivem na Finlândia se reúnem para comemorar queda de Assad
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Equipes continuam investigando alegações de um compartimento secreto na Prisão Militar de Sednaya

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França condiciona apoio a transição política na Síria à ruptura dos rebeldes com o extremismo

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Sírios que vivem na Finlândia se reúnem para comemorar queda de Assad

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A cidade foi tomada por jihadistas

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Rebelde em rua da Síria

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Militares do exército da Síria

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Reação europeia

A queda de Assad após a tomada de poder por rebeldes teve repercussão imediata na Europa. De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), há 6,6 milhões de sírios refugiados espalhados pelo mundo e grande parte vive no continente europeu. A Áustria e a Alemanha rapidamente suspenderam os pedidos de asilo para sírios, considerados até então refugiados.

A Áustria interrompeu, com efeito imediato, os procedimentos de asilo em andamento para sírios que vivem no país, segundo o Ministério do Interior afirmou, em Viena. O ministério ainda disse que estava começando a considerar a deportação de pessoas de volta para a Síria.

“Instruí o ministério a preparar um programa de repatriação e deportação ordenado para a Síria”, disse Gerhard Karner, ministro do Interior Gerhard Karner. Cerca de 95 mil sírios vivem na Áustria, de acordo com o ministério. Em 2024, quase 13 mil pedidos de asilo foram registrados.

A Alemanha também informou que deve congelar os procedimentos de asilo para sírios por enquanto. Em 2015, o país recebeu mais de um milhão de refugiados sírios. O país não anunciou deportação de sírios, pois considera a situação do país “volátil”.

“A situação na Síria está atualmente muito incerta. Isso significa que ainda não é possível prever opções específicas de retorno e seria duvidoso especular sobre isso em uma situação tão volátil”, disse Nancy Faeser, ministra do Interior da Alemanha, em uma declaração.

Oriente Médio

O presidente turco Recep Tayyip Erdogan disse, nessa segunda-feira, que abrirá a fronteira com a Síria, na cidade de Yayladagi, para permitir o retorno seguro e “voluntário” dos sírios. Atualmente, o país abriga 2,9 milhões de refugiados do país. Ainda segundo Erdogan, a Turquia continuará apoiando os esforços de reconstrução do país vizinho.

“Nossos irmãos e irmãs sírios têm saudades de sua terra natal nos últimos 13 anos, e eu certamente acredito que essa saudade está chegando ao fim”, disse Erdogan. O presidente também acrescentou que a Turquia “trabalharia dia e noite” para garantir que a Síria alcançasse “paz e estabilidade permanentes”.

O ministro das Relações Exteriores de Israel, Gideon Saar, disse que exército israelense atacou “sistemas de armas estratégicas, capacidades residuais de armas químicas e mísseis e foguetes de longo alcance” na Síria, com a justificativa de evitar que caíssem nas mãos de grupos extremistas.

Saar também disse, em uma entrevista coletiva, que as Forças de Defesa de Israel (IDF) também assumiram “o controle temporário e focado de áreas estratégicas perto da fronteira para evitar um cenário como o ataque de 7 de outubro da Síria”.

“O Irã pensou que poderia controlar toda a região. Essa aspiração colidiu contra as rochas da realidade”, disse Saar.

Em relação ao futuro da Síria, o israelense afirmou que, há uma década, teria dito que “pensar que a Síria permanecerá um país com controle efetivo e soberania sobre todo o seu território é irrealista. A lógica é lutar pela autonomia das várias minorias na Síria, talvez com uma estrutura federal”.

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, disse, nessa segunda-feira, que a queda do regime de Bashar al-Assad na Síria abriu um novo capítulo no Oriente Médio e prometeu que Israel continuaria trabalhando para mudar a face da região.

Netanyahu ainda afirmou que a eliminação do líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, foi crucial para enfraquecer o chamado Eixo de Resistência do Irã, que compreende Estados aliados e milícias. Embora o eixo não tenha sido derrotado, Netanyahu declarou que Israel está mudando a face do Oriente Médio.

“Aqueles que cooperam conosco ganham. Aqueles que são contra nós perdem”, disse Netanyahu. O primeiro-ministro também afirmou que Israel continuaria a garantir sua segurança, mantendo sua presença nas Colinas de Golã ocupadas, região conquistada da Síria em 1967.

“As Colinas de Golã farão para sempre parte do Estado israelense”, disse ele.

Além das declarações de Biden, os Estados Unidos afirmaram estar trabalhando por meio de seus parceiros na Síria para garantir que armas químicas do regime deposto de Assad não caiam em mãos erradas, afirmou o Pentágono nessa segunda-feira.

“Sobre a questão das armas químicas, é algo em que estamos focados. Acho que você provavelmente ouviu que a Casa Branca também falou sobre isso, mas, por meio do trabalho de nossos outros parceiros, estamos tentando garantir que essas armas químicas não caiam nas mãos de ninguém que queira usá-las contra civis, ou contra nossas forças dos EUA ou parceiros na região. Mas não tenho uma avaliação adicional para lhe dar sobre a constituição de onde elas estão no país”, disse a vice-secretária de imprensa do Pentágono, Sabrina Singh.

Singh disse que a queda do regime de Assad “é um ato fundamental de justiça”.

O porta-voz do Departamento de Estado, Matthew Miller, afirmou que os EUA “tomaram medidas para proteger as instalações da nossa embaixada” na Síria após o colapso do governo Assad.

“Tomamos medidas para proteger nossa embaixada e acreditamos que ela é claro, não estamos contratando no momento, ainda está segura”, disse Miller.

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