Quem é Pedro Castillo, presidente que dissolveu o Congresso no Peru
Apesar da tentativa de golpe, o Congresso ignorou o pronunciamento de Castillo e aprovou seu impeachment. Ele foi preso logo depois
atualizado
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Com pouco mais de um ano e meio de governo, Pedro Castillo, de 53 anos, é o presidente do Peru que tentou decretar, nesta quarta-feira (7/12), a dissolução do Congresso e estado de emergência no país. Apesar da tentativa de golpe, o Congresso ignorou o pronunciamento de Castillo e aprovou seu impeachment. Ele foi preso em seguida. A vice-presidente Dina Boluarte será empossada.
O presidente peruano nasceu na pequena cidade de Puña, na província de Chota, onde os moradores costumam usar chapéu de aba larga, acessório de palma andina que virou marca registrada. Ele foi eleito em 2021, após uma disputa acirrada contra a adversária de direita, Keiko Fujimori – filha do ex-ditador peruano Alberto Fujimori.
O professor e dirigente sindical ficou conhecido na política nacional em 2017, após liderar uma greve de professores de quase três meses exigindo aumento de salários. A vitória surpreendente nas urnas acabou contestada, sob alegações de fraude. Ele assumiu o cargo apenas seis meses após o resultado do pleito.
As eleições, muito polarizadas, sinalizaram um país profundamente dividido em meio a uma crise política, como também nas áreas de Saúde e Economia. Castillo assumiu a cadeira da Presidência no decorrer de um cenário tempestivo, que tirou do poder quatro presidentes em cinco anos – com levantes populares e alegações de corrupção contra políticos.
Ao longo da corrida presidencial, no entanto, o líder peruano mudou o tom e prometeu seguir a Constituição “enquanto ela estiver em vigor”. Ele afirmou que iria buscar uma nova Assembleia Constituinte, caso fosse eleito.
Crise política
O Congresso do Peru aprovou na última quinta-feira (30/11) uma moção para iniciar o processo de impeachment contra o presidente. Castillo é acusado pela oposição de “incapacidade moral de permanecer no cargo”.
Esta é a terceira tentativa formal de retirar o líder de esquerda do poder desde que ele assumiu o cargo, em 2021. A escalada de tensão foi agravada depois que os parlamentares começaram a avaliar uma denúncia do Ministério Público do país contra Castillo, por suspeita de corrupção. A promotoria peruana pede que ele seja afastado temporariamente do cargo.
O novo pedido de impeachment coloca em lados opostos o Executivo, de esquerda, e o Legislativo, controlado pela direita. Em outubro, Castillo denunciou “um golpe parlamentar em marcha” e pediu a intervenção da Organização dos Estados Americanos (OEA).