Quem é o autor do massacre em escola na Flórida?
Um jovem problemático de 19 anos, com poucos amigos e que comprou legalmente um fuzil AR-15 é o responsável pelo mais nova chacina nos EUA
atualizado
Compartilhar notícia
Um jovem de 19 anos com um longo histórico de indisciplina, órfão com poucos amigos, obcecado por armas e que já havia provocado receio entre ex-colegas de que poderia vir a cometer um crime grave. Esse é Nikolas Cruz, o homem que provocou na quarta-feira (14/2) a mais nova chacina no sistema escolar dos EUA, que deixou 17 mortos no colégio Stoneman Douglas, em Parkland, na Flórida.
Armado com um fuzil de assalto AR-15, Cruz se dirigiu ao colégio e acionou o alarme de incêndio. Ao ouvirem o alerta, os estudantes deixaram as salas de aula e se tornaram alvo dos disparos efetuados pelo jovem. Cruz depois se misturou entre os alunos e deixou o local. Acabou sendo preso em uma cidade vizinha uma hora depois. O fuzil foi comprado legalmente, segundo as autoridades.
Cruz já foi indiciado por 17 homicídios. Como a Flórida aplica a pena de morte, ele pode vir a ser executado caso seja condenado por unanimidade pelo júri.
Jovem problemático
Segundo o xerife do condado de Broward, Cruz já estudou no colégio palco do massacre. Ele foi expulso no ano passado por problemas de indisciplina. A escola não especificou que problemas seriam esses, mas pais de colegas do jovem afirmaram à imprensa americana que ele foi expulso por comparecer na escola com facas na mochila.
De acordo com ex-colegas e pessoas que conviveram com o jovem, ele era um “rapaz problemático”, que se gabava de possuir armas e de matar animais. Jim Gard, um professor de matemática, disse ao jornal Miami Herald que alunos relataram que Cruz chegou a demonstrar comportamento obsessivo por uma colega da escola “ao ponto de persegui-la”.
O professor também afirmou que a direção da escola advertiu os funcionários da escola para ficarem de olho no comportamento de Cruz e ele foi proibido de entrar na escola portando mochila.
Um estudante também contou que ele e seus colegas tinham medo do jovem e se mantinham afastados dele. Eles costumavam brincar que, se ocorresse um ataque na escola, Cruz provavelmente era um forte candidato a ser o autor. “Um monte de gente dizia que seria ele. Diziam que ele seria aquele que atiraria na escola. Todo mundo previu”, disse o estudante à rede WFOR-TV.
Segundo o New York Times, após deixar a Stoneman Douglas, Cruz começou a trabalhar como caixa em uma loja de quinquilharias vendidas por um dólar.
Histórico familiar
As informações que surgiram sobre o histórico de Cruz sugerem uma vida familiar solitária. Segundo o NYT, ele foi adotado quando pequeno por um casal da Flórida, mas recentemente ele e seu irmão se tornaram órfãos. O pai adotivo morreu de ataque cardíaco há alguns anos e a mãe, faleceu em novembro de pneumonia.
Cruz e seu irmão chegaram a morar com alguns parentes distantes, mas recentemente passaram a ficar na casa da família de um amigo – na mudança, ele levou consigo o fuzil AR-15, segundo o advogado que representa essa família. Uma antiga vizinha contou que a mãe adotiva passava por problemas financeiros e chegou a chamar a polícia diversas vezes para lidar com o comportamento violento do próprio filho.
“Tinha problemas emocionais, disso não há dúvida. E claro que estava deprimido depois da morte de sua mãe, mas, quem não estaria?”, disse à imprensa americana Barbara Kumbatovich, cunhada da mãe adotiva de Cruz.
Histórico na internet
Contas em redes sociais associadas a Cruz também forneceram indícios perturbadores sobre o jovem. Uma conta no Instagram, que foi desativada após o massacre, possuía uma série de fotos em que Cruz aparecia portando facas e armas de fogo.
Cruz aparentemente também costumava publicar frase de natureza violenta na seção de comentários de vídeos no Youtube. Em um deles, publicado no ano passado, ele chegou a afirmar: “Vou me tornar um profissional em atirar em escolas”.
O comentário foi denunciado por outro usuário, que chegou avisar o FBI, a polícia federal dos EUA. O FBI confirmou a história. Outros comentários da sua conta no Youtube registraram frases como “quero atirar em pessoas com minha AR-15” e “quero morrer lutando, matando toneladas de pessoas”.