Putin e Zelensky falam em “mudanças” na guerra em primeiro aceno à paz
Rússia admite “algum progresso” nas negociações, enquanto Ucrânia fala em “virada estratégica” no conflito
atualizado
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Após sucessivas trocas de acusações sobre a guerra, os presidentes Vladimir Putin, da Rússia, e Volodymyr Zelensky, da Ucrânia, fizeram discursos semelhantes nesta sexta-feira (11/3) — 16º dia de conflito. A inédita consonância de falas não é uma declaração de cessar-fogo, mas indica que os dois países tentam, ou pelo menos dizem, entrar em um acordo de paz.
No Kremlin, sede do governo russo, Putin afirmou que houve “algum progresso” nas negociações de Moscou com a Ucrânia, mas não deu maiores detalhes. “Há certas mudanças positivas, dizem-me os negociadores do nosso lado”, explicou o mandatário em uma reunião com o presidente da Belarus, ditador Alexander Lukashenko.
Do lado ucraniano da história, Zelensky avaliou, em pronunciamento gravado, que a guerra está em um ponto de “virada estratégica”. Segundo o chefe de Estado da Ucrânia, ainda é preciso tempo e paciência para alcançar a vitória.
Outro ponto de concordância é o processo de conversas entre os dois países. Os líderes admitiram que as negociações continuam. Putin foi além e acrescentou que elas ocorrem “diariamente”.
“Estou convencido de que vamos defender a liberdade”, assinalou Zelensky ao discursar no parlamento polonês.
O mundo acompanha os desdobramentos das conversas entre russos e ucranianos. Nesta sexta-feira, a vice-presidente dos Estados Unidos, Kamala Haris; o presidente francês, Emmanuel Macron; a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen; e o secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), Jens Stoltenberg, discutiram sobre a guerra.
Para o leitor entender o que impede o acordo de paz, o Metrópoles listou as exigências de cada país na negociação de um cessar-fogo.
Vejas as condições russas:
- Ucrânia se render militarmente;
- Mudar a Constituição garantindo que nunca irá fazer parte da Otan;
- Desistir de integrar a União Europeia;
- Reconhecer a região da Crimeia, anexada em 2014, como território russo;
- E reconhecer a independência de Donetsk e Lugansk.
Veja as condições ucranianas:
- Criar e respeitar corredores humanitários de fuga;
- Cessar-fogo imediato;
- Retirar as forças russas da Ucrânia.
A reviravolta ocorre um dia após uma mal-sucedida reunião entre os chefes da diplomacia russa, Sergey Lavrov, e ucraniana, Dmytro Kuleba.
Na quinta-feira (10/3), Lavrov reclamou do fornecimento de armas de países do Ocidente para a Ucrânia. Kuleba acusou a Rússia de planejar o ataque ao país e de dificultar as negociações e o socorro aos feridos. Três reuniões de acordo terminaram sem sucesso.
Clique aqui e veja a cobertura completa da guerra na Ucrânia.
A negociação geopolítica ocorre enquanto cidades inteiras estão sem água, energia e aquecimento. Bombardeios a hospitais e áreas residenciais se intensificaram. Rotas humanitárias de fuga são desrespeitadas.
Ao todo, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), 2,5 milhões de pessoas fugiram da Ucrânia. Em Kiev, capital da Ucrânia e coração da política, metade dos habitantes fugiu.