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O presidente russo Vladimir Putin e o líder norte-coreano Kim Jong Un assinaram um acordo de parceria estratégica em Pyongyang nesta quarta-feira (19/6) , informaram as agências de notícias russas. Até o momento, o conteúdo do documento não foi revelado. O líder norte-coreano ainda garantiu à Rússia seu “total apoio” e “solidariedade” em seu conflito com a Ucrânia, durante a visita do presidente russo.
De acordo com as agências de imprensa russas, as conversas frente a frente entre os dois líderes duraram cerca de duas horas e foram precedidas por amplas negociações. O acordo entre a Rússia e a Coreia do Norte prevê assistência mútua em caso de “agressão”, segundo declarações de Vladimir Putin. Na segunda-feira (17/6), o Kremlin indicou que esse acordo de “parceria estratégica abrangente” refletiria “as profundas mudanças na situação geopolítica do mundo”, em um momento em que a Rússia e a Coreia do Norte consideram os Estados Unidos como um inimigo existencial.
Durante a reunião, Kim Jong Un ainda expressou “seu total apoio e solidariedade ao governo, ao exército e ao povo russo na condução da operação militar especial na Ucrânia para proteger a soberania, os interesses de segurança e a integridade territorial”.
Troca de presentes
O conselheiro diplomático do Kremlin, Yuri Ushakov, também disse à mídia russa que Vladimir Putin e Kim Jong-Un haviam trocado presentes. De acordo com ele, o presidente russo deu a líder norte-coreano um carro de luxo de fabricação russa, bem como um jogo de chá. Quanto aos presentes dados ao chefe de Estado russo, Ushakov disse, de acordo com a agência Tass, que Putin havia recebido obras de arte que o representavam. Ele as descreveu como “belos presentes”. “Há diversas variações de imagens, todas muito artísticas, incluindo bustos”, disse.
Ocidente teme cooperação militar
A Rússia e a Coreia do Norte, alvo de sanções internacionais, estreitaram seus laços desde o início da guerra na Ucrânia, em fevereiro de 2022. A viagem de Putin a Pyongyang, primeira em 24 anos, é uma nova prova de sua aproximação com o dirigente norte-coreano. Potências do ocidente temem o aumento da cooperação militar entre Moscou e Pyongyang, que, segundo elas, já está fornecendo ao exército russo munição e mísseis para sua ofensiva na Ucrânia.
Os Estados Unidos acusaram Moscou de usarem mísseis balísticos norte-coreanos contra a Ucrânia. Em troca, a Rússia teria fornecido ajuda para aprimorar o sistema de satélites norte-coreano e enviado ajuda para lutar contra a escassez de alimentos no país.
Kim Jong-Un comemorou a visita de Putin, ressaltando os laços entre “os indefectíveis irmãos de armas” – a relação entre russos e norte-coreanos data da época soviética. Em sua viagem à Rússia, em setembro de 2023, o dirigente norte-coreano já havia declarado que a amizade entre os dois países era “a prioridade número um” de seu regime, ainda que a China seja o principal apoio econômico e aliado diplomático de Pyongyang.
Vizinho do Sul teme acordo
A Coreia do Sul teme as repercussões dessa “amizade” entre Moscou e Pyongyang, em um momento em que reforça seu apoio à Ucrânia. Após ter fornecido uma expressiva ajuda militar a Kiev, o presidente sul-coreano, Yoon Suk Yeol, visitou o país no último mês. Além disso, em março, a Rússia utilizou seu poder de veto no Conselho de Segurança da ONU para colocar um fim à vigilância das violações das sanções internacionais visando a Coreia do Norte – um verdadeiro presente para Pyongyang.