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Putin condiciona paz na Ucrânia a entrega de territórios

Presidente russo prometeu ainda que só aceitaria fim da guerra se Kiev desistir de entrar para a Otan. Zelenski rejeita proposta

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O presidente russo, Vladimir Putin, apresentou nesta sexta-feira (14/6) suas condições para negociar a paz com a Ucrânia: a retirada de tropas de quatro regiões parcialmente ocupadas por Moscou e a desistência, por Kiev, da ascensão à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).

“As tropas ucranianas precisam ser completamente retiradas das regiões da República Popular de Donetsk, República Popular de Luhansk, Kherson e Zaporíjia”, disse Putin. As áreas foram anexadas em setembro de 2022.

Uma terceira condição apresentada pelo presidente russo é a extinção de todas as sanções financeiras impostas pelo Ocidente – intensificadas pela decisão desta semana do G7 de usar os juros de fundos russos congelados como garantia para um empréstimo de 50 bilhões de dólares (R$ 268,4 bilhões)à Ucrânia.

A reação da Ucrânia

Falando a uma emissora de TV italiana Sky TG24, às margens do encontro do G7, na Apúlia, o presidente ucraniano Volodimir Zelenski disse não acreditar que Putin vá parar a guerra, mesmo se a Ucrânia atendesse às demandas que ele apresentou.

“Hitler fez a mesma coisa quando disse: ‘Dê-me um pedaço da Tchecoslováquia e vamos pôr fim a tudo isso'”, lembrou, comparando o “ultimato” de Putin às ações do líder nazista alemão Adolf Hitler. “São mentiras.”

O conselheiro de Zelenski Mykhailo Podolyak reagiu à proposta chamando-a de “ofensiva ao senso comum”. Segundo ele, não é uma tentativa séria de negociar a paz e é irrelevante para qualquer negociação.

“Não há nenhuma novidade nisso, nenhuma proposta real de paz e nenhum desejo de acabar com a guerra. Mas há um desejo de não pagar por essa guerra e continuá-la em novos formatos. É tudo uma completa farsa”, escreveu Podolyak no X (antigo Twitter).

O Ministério do Exterior ucraniano tachou de “absurdo” Putin se apresentar como “pacificador” tendo “planejado, preparado e executado, junto com seus cúmplices, a maior agressão armada na Europa desde a Segunda Guerra Mundial”.

Ucrânia vai apresentar plano para a paz

O anúncio de Putin vem às vésperas de uma conferência para a paz a ser realizada neste fim de semana na Suíça, com a presença de mais de 90 países, para a qual o líder russo não foi convidado. No evento se analisarão soluções para o fim do conflito na Ucrânia.

Devido à ausência de Putin na conferência, o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, que está na Europa para o encontro do G7, se recusou a participar pessoalmente. Em vez disso, o Brasil enviará sua embaixadora em Berna. A China adotou a mesma postura.

Lula insiste que a base do evento tem que ser um projeto selado entre Brasil e China, e que prevê a participação do Kremlin nas negociações de paz.

Zelenski tem um plano de paz de dez pontos que prevê a retirada total de tropas russas do território ucraniano internacionalmente reconhecido – inclusive a península da Crimeia, anexada por Moscou em 2014 –, bem como a criação de um tribunal especial para a investigação de crimes de guerra.

Apesar de a Ucrânia ainda ter amplo apoio internacional, suas tropas estão sob pressão, em razão de um novo ataque terrestre na região nordeste de Kharkiv.

Como aliados da Ucrânia reagiram à proposta de Putin

Os Estados Unidos e a Otan rejeitaram a proposta de cessar-fogo de Putin. Para o presidente da Otan, Jens Stoltenberg, ela não foi feita “de boa-fé”, já que Moscou espera “que os ucranianos desistam de significativamente mais terras do que a Rússia conseguiu ocupar até agora”.

O secretário americano de Defesa, Lloyd Austin, exigiu que Putin se retire do pais vizinho”: “Putin ocupou ilegalmente território ucraniano soberano. Ele não está em posição de ditar à Ucrânia o que deve fazer para alcançar a paz.”

Leia mais matérias como essa na Deutsche Welle, parceiro do Metrópoles.

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