metropoles.com

Putin ameaça cortar envio de gás natural à Europa nesta sexta. Entenda

Presidente russo anunciou que, caso países que sancionaram a Rússia não paguem pelo gás em rublos, contratos serão interrompidos

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Patrick Pleul/picture alliance via Getty Images
Instalações da estação de compressor de gás natural Mallnow da Gascade Gastransport GmbH. A estação de compressão em Mallnow, perto da fronteira germano-polonesa conflito ucrania
1 de 1 Instalações da estação de compressor de gás natural Mallnow da Gascade Gastransport GmbH. A estação de compressão em Mallnow, perto da fronteira germano-polonesa conflito ucrania - Foto: Patrick Pleul/picture alliance via Getty Images

O presidente russo Vladimir Putin anunciou nesta quinta-feira (31/3) que países “hostis” devem começar a pagar pelo gás natural com rublos, em vez de dólares americanos ou euros, a partir desta sexta-feira (1º/4). Aqueles que não cumprirem a determinação terão seus contratos interrompidos, segundo Putin.

“Para comprar gás natural russo, eles devem abrir contas em rublos em bancos russos. É a partir dessas contas que os pagamentos serão feitos para o gás entregue a partir de amanhã”, disse em uma transmissão de televisão.

Os países “hostis” a que Putin se refere são nações que aplicaram sanções contra a Rússia, como França e Alemanha. O gás russo responde por cerca de 40% do abastecimento da Europa.

“Se tais pagamentos não forem feitos, consideraremos isso uma inadimplência por parte dos compradores, com todas as consequências decorrentes. Ninguém nos vende nada de graça, e também não vamos fazer caridade – ou seja, os contratos existentes irão parar”, afirmou Putin.

Por que a Rússia quer receber em rublos?

A nova determinação de Putin é uma resposta às sanções aplicadas contra a Rússia desde o início da invasão da Ucrânia, em 24 de fevereiro. Em pouco mais de 30 dias, as sanções contra a nação cresceram 91%.

Ainda em fevereiro, o país foi excluído do principal sistema bancário global, conhecido pela sigla Swift, e experimentou desvalorização imensa de sua moeda. Nos últimos dias, o rublo reagiu, mas ainda segue com cotação mais baixa do que antes da invasão. Segundo o banco central russo, suas reservas – incluindo US$ 300 bilhões congelados no exterior – diminuíram de US$ 643,2 bilhões para US$ 604,4 bilhões entre 18 de fevereiro e 25 de março.

Para controlar a economia, o governo russo tem se esforçado para impedir que investidores e empresas vendam o rublo, enquanto tentam aumentar a demanda pela moeda. Assim, exigir o pagamento em rublos pressiona países ocidentais, apoiando assim o valor da moeda e criando um novo fluxo de dinheiro que possa ser usado pela Rússia facilmente.

Além disso, o país conseguiria financiar a guerra com seus próprios recursos e indústrias.

A ordem assinada por Putin estabelece que compradores devem transferir moeda estrangeira para uma conta especial em um banco russo, que então enviará rublos de volta ao comprador estrangeiro para efetuar o pagamento do gás. 

Europa descarta mudança

O anúncio não foi bem-recebido pelos países afetados, e na Inglaterra e Holanda, houve altas de 4% no preço do recurso desde então.

“Um pagamento com rublos não é aceitável”, disse o ministro da Economia alemão, Robert Habeck, na última segunda-feira (28/3). “Não seremos divididos, e a resposta dos estados do G7 é inequívoca: os contratos serão cumpridos.”

Executivos dos países europeus afirmam que levariam meses para renegociar termos dos contratos de fornecimento de gás com a Rússia. Alguns acordos têm duração até 2035. Entretanto, aceitar a determinação de Putin não está entre as opções, por enquanto.

“É importante que não demos um sinal de que seremos chantageados por Putin”, afirmou Habeck.

O primeiro-ministro italiano, Mario Draghi, também ressaltou que a troca na moeda seria “inaceitável e impossível”. “Todos os contratos estão feitos em cima de uma moeda geral, e não há como mudá-los. As dificuldades técnicas são insuperáveis”, disse.

13 imagens
A confusão, no entanto, não vem de hoje. Além da disputa por influência econômica e geopolítica, contexto histórico que se relaciona ao século 19 pode explicar o conflito
A localização estratégica da Ucrânia, entre a Rússia e a parte oriental da Europa, tem servido como uma zona de segurança para a antiga URSS por anos. Por isso, os russos consideram fundamental manter influência sobre o país vizinho, para evitar avanços de possíveis adversários nesse local
Isso porque o grande território ucraniano impede que investidas militares sejam bem-sucedidas contra a capital russa. Uma Ucrânia aliada à Rússia deixa possíveis inimigos vindos da Europa a mais de 1,5 mil km de Moscou. Uma Ucrânia adversária, contudo, diminui a distância para pouco mais de 600 km
Percebendo o interesse da Ucrânia em integrar a Otan, que é liderada pelos Estados Unidos, e fazer parte da União Europeia, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, ameaçou atacar o país, caso os ucranianos não desistissem da ideia
Uma das exigências de Putin, portanto, é que o Ocidente garanta que a Ucrânia não se junte à organização liderada pelos Estados Unidos. Para os russos, a presença e o apoio da Otan aos ucranianos constituem ameaças à segurança do país
1 de 13

A relação conturbada entre Rússia e Ucrânia, que desencadeou conflito armado, tem deixado o mundo em alerta para uma possível grande guerra

Anastasia Vlasova/Getty Images
2 de 13

A confusão, no entanto, não vem de hoje. Além da disputa por influência econômica e geopolítica, contexto histórico que se relaciona ao século 19 pode explicar o conflito

Agustavop/ Getty Images
3 de 13

A localização estratégica da Ucrânia, entre a Rússia e a parte oriental da Europa, tem servido como uma zona de segurança para a antiga URSS por anos. Por isso, os russos consideram fundamental manter influência sobre o país vizinho, para evitar avanços de possíveis adversários nesse local

Pawel.gaul/ Getty Images
4 de 13

Isso porque o grande território ucraniano impede que investidas militares sejam bem-sucedidas contra a capital russa. Uma Ucrânia aliada à Rússia deixa possíveis inimigos vindos da Europa a mais de 1,5 mil km de Moscou. Uma Ucrânia adversária, contudo, diminui a distância para pouco mais de 600 km

Getty Images
5 de 13

Percebendo o interesse da Ucrânia em integrar a Otan, que é liderada pelos Estados Unidos, e fazer parte da União Europeia, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, ameaçou atacar o país, caso os ucranianos não desistissem da ideia

Andre Borges/Esp. Metrópoles
6 de 13

Uma das exigências de Putin, portanto, é que o Ocidente garanta que a Ucrânia não se junte à organização liderada pelos Estados Unidos. Para os russos, a presença e o apoio da Otan aos ucranianos constituem ameaças à segurança do país

Poca/Getty Images
7 de 13

A Rússia iniciou um treinamento militar junto à aliada Belarus, que faz fronteira com a Ucrânia, e invadiu o território ucraniano em 24 de fevereiro

Kutay Tanir/Getty Images
8 de 13

Por outro lado, a Otan, composta por 30 países, reforçou a presença no Leste Europeu e colocou instalações militares em alerta

OTAN/Divulgação
9 de 13

Apesar de ter ganhado os holofotes nas últimas semanas, o novo capítulo do impasse entre as duas nações foi reiniciado no fim de 2021, quando Putin posicionou 100 mil militares na fronteira com a Ucrânia. Os dois países, que no passado fizeram parte da União Soviética, têm velha disputa por território

AFP
10 de 13

Além disso, para o governo ucraniano, o conflito é uma espécie de continuação da invasão russa à península da Crimeia, que ocorreu em 2014 e causou mais de 10 mil mortes. Na época, Moscou aproveitou uma crise política no país vizinho e a forte presença de russos na região para incorporá-la a seu território

Elena Aleksandrovna Ermakova/ Getty Images
11 de 13

Desde então, os ucranianos acusam os russos de usar táticas de guerra híbrida para desestabilizar constantemente o país e financiar grupos separatistas que atentam contra a soberania do Estado

Will & Deni McIntyre/ Getty Images
12 de 13

O conflito, iniciado em 24 de fevereiro, já impacta economicamente o mundo inteiro. Na Europa Ocidental, por exemplo, países temem a interrupção do fornecimento de gás natural, que é fundamental para vários deles

Vostok/ Getty Images
13 de 13

Embora o Brasil não tenha laços econômicos tão relevantes com as duas nações, pode ser afetado pela provável disparada no preço do petróleo

Vinícius Schmidt/Metrópoles

Busca por alternativas

A União Europeia pretende diminuir o consumo de gás natural russo em dois terços ainda este ano, enquanto se prepara para uma ruptura completa com a Rússia, o maior fornecedor do recurso. Entretanto, encontrar alternativas tem se mostrado um grande desafio logístico.

A Alemanha, a maior economia da UE e maior consumidora do recurso russo, e a Polônia já assinaram acordos com outros fornecedores de gás natural, que enviam o produto a países europeus vizinhos e depois bombeiam para lá. O objetivo é acabar com o uso do petróleo e do carvão russo este ano e com o uso do gás natural até 2024.

Nesta quinta-feira (30/3), a Alemanha enviou um alerta pedindo que empresas e famílias economizem energia para o caso de a importação russa ser interrompido. A França também anunciou que está “se preparando” para este cenário.

Planos de emergência garantem que, caso haja uma redução grave de gás, a prioridade será fornecer o recurso a hospitais e instituições públicas, seguidos por residências e, por fim, indústrias.

Quais assuntos você deseja receber?

Ícone de sino para notificações

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

Ícone de ajustes do navegador

Mais opções no Google Chrome

2.

Ícone de configurações

Configurações

3.

Configurações do site

4.

Ícone de sino para notificações

Notificações

5.

Ícone de alternância ligado para notificações

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comNotícias Gerais

Você quer ficar por dentro das notícias mais importantes e receber notificações em tempo real?