Putin acusa Zelensky de ter plano militar de atacar Donbass e Crimeia
Apesar das declarações que inflamam ainda mais o conflito, Putin se disse “aberto” a negociações com a Ucrânia para um cessar-fogo
atualizado
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Numa tentativa de ofuscar o discurso de Volodymyr Zelensky na sessão conjunta do Congresso norte-americano, o presidente russo, Vladimir Putin, fez uma série de acusações contra o líder ucraniano. As declarações foram quase que simultâneas.
Em declarações no Kremlin, sede do governo russo, nesta quarta-feira (16/3), Putin afirmou que Zelensky tinha planos de atacar Donbass, região separatista pró-russa, e a Crimeia, área dominada e anexada ao território russo em 2014.
Apesar das declarações que inflamam ainda mais o conflito, Putin se disse “aberto” a negociações com a Ucrânia para um cessar-fogo.
Discurso de Zelensky
Emblemático e em tom de ultimato. O discurso do presidente da Ucrânia, na sessão conjunta do Congresso dos Estados Unidos representa o sentimento de quase todo o planeta: é preciso parar a guerra.
O chefe do país que vem sendo atacado pela Rússia desde 24 de fevereiro voltou a pedir apoio internacional. Também avisou que a investida do presidente russo, Vladimir Putin, está cada vez mais violenta.
Zelensky detalhou o sofrimento da população ucraniana e repetiu que se o conflito não tiver um cessar-fogo, o mundo estará em risco. “Nunca pensamos em desistir de defender a Ucrânia”, frisou. O mandatário ucraniano defendeu a criação de uma “união de países que parem conflitos rapidamente”.
A Ucrânia viveu mais uma madrugada de ataques massivos. “É uma ofensa brutal aos nossos valores humanos básicos. Tanques contra a liberdade de escolhermos o nosso futuro”, criticou.
Na fala, Zelensky citou o atentado terrorista de 11 de setembro de 2001 e o comparou com o ataque a Pearl Harbour, que foi usado como motivação para os Estados Unidos entrarem na 2ª Guerra Mundial. “Estamos vivendo isso todas as noites há três semanas em todas as cidades. A Rússia transformou o céu da Ucrânia em uma fonte de mortes. Eles já dispararam mil mísseis contra a Ucrânia”, frisou.
Ele voltou a pedir uma zona de exclusão aérea da Ucrânia. A medida proíbe a circulação de qualquer aeronave de voar na região e permite o abatimento, em caso de desrespeito.
Zelensky agradeceu as sanções econômicas e a ajuda militar, financeira e humanitária. “Os Estados Unidos nos ajudaram a deter o agressor. Precisamos de mais restrições até que a máquina russa pare”, recomendou, ao pedir que todos os políticos russos sofram sanções. Ele ainda pediu que todas as empresas norte-americanas saiam da Rússia.
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É raro um líder de uma nação discursar em uma sessão conjunta do Congresso norte-americano. Antes, Kamehameha, o rei do Havaí, e o ex-primeiro-ministro britânico Winston Churchill fizeram declarações, por exemplo.
Mais bombardeios
A madrugada na Ucrânia seguiu a tendência dos últimos dias: bombardeios massivos e civis na mira das tropas militares. Kiev, capital e coração da política, e cidades do sul ucraniano, que dão acesso ao Mar Negro, importante rota comercial, são as mais afetadas.
A Ucrânia divulgou mais dois ataques a áreas residenciais. Em Kiev, pelo terceiro dia seguido, um prédio civil foi atingido por bombardeios russos. Felizmente o serviço de emergência ucraniano não registrou mortos. Entretanto, em Kharkiv, a segunda maior cidade, explosões fizeram duas vítimas.
Segundo as autoridades, duas construções residenciais se tornaram alvo no distrito de Nemyshlyansky, em Kharkiv. Com o desmoronamento delas, os bombeiros e socorristas precisaram fazer o resgate de quatro pessoas que ficaram embaixo dos escombros. Duas não resistiram.
Em Kiev, um prédio civil de 12 andares, no distrito de Shevchenkivskyi, foi alvo dos ataques russos. Às 6h16 (horário da Ucrânia), fragmentos de bombas acertaram o local. O último andar foi destruído, assim como uma construção de nove pavimentos ao lado.