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Rússia sinaliza intenção de aumentar proximidade com o Talibã

Governo da Rússia tem dado sinais de que pode reconhecer o governo do Talibã para aumentar diálogo com o Afeganistão

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Montagem mostra Putin e membros do grupo Talibã - Metrópoles
1 de 1 Montagem mostra Putin e membros do grupo Talibã - Metrópoles - Foto: Arte/Metrópoles

Isolado internacionalmente desde que retornou ao poder, em 2021, o Talibã tem se aproximado da Rússia e enxergado no governo de Vladimir Putin uma boa vontade em reconhecer a legitimidade de seu governo no Afeganistão.

Por meio de um convite para o 27º Fórum Econômico Internacional de São Petersburgo, Moscou sinalizou a intenção de estreitar laços com o grupo que tenta se firmar como a autoridade afegã, apesar das críticas externas.

Liderada pelo ministro do Trabalho e Assuntos Sociais do Afeganistão, Abdul Manan Omari, uma delegação talibã chegou a São Petersburgo na última quarta-feira (5/6) para participar do evento, considerado um dos maiores e mais importantes do mundo da economia.

Além da participação em atividades e reuniões, a presença do grupo islâmico no evento teve como pano de fundo a possibilidade de Moscou retirar o Talibã de sua lista de organizações terroristas.

Negociações

Antes do fórum, Vladimir Putin recebeu o relato do Ministério das Relações Exteriores e do Ministério da Justiça russo sobre a possibilidade da remoção do grupo da lista de organizações proibidas no país.

“Isso [a remoção] deve ser feito”, disse o diretor do Segundo Departamento Asiático do Ministério das Relações Exteriores, Zamir Kabulov, à mídia estatal do país. “Sem isso, será prematuro falar em reconhecimento”, disse o funcionário do Kremlin.

Putin também deu declarações favoráveis ao Talibã, e afirmou que era preciso “partir da realidade” para entender que o grupo, apesar de todas as críticas, é a atual autoridade no Afeganistão.

“O Afeganistão tem problemas, são inegáveis e bem conhecidos de todos”, disse o presidente russo no último dia 28 de maio. “A questão de como estabelecer laços com o poder atual é outra questão. No entanto, devem ser estabelecidos de alguma forma, já que são estas pessoas que controlam o país e o seu território. Eles são a atual autoridade no Afeganistão”, destacou.

Ao chegar ao fórum econômico, os representantes do Talibã saudaram a postura de Moscou e se disseram ansiosos por um possível novo passo no estreitamento das relações entre a Rússia e o grupo.

“Aguardamos ansiosamente esta decisão [a retirada do grupo da lista de organizações terroristas]. Apreciamos e saudamos esta intenção. Este é um passo adiante para o Afeganistão”, disse Abdul Umari.

Direitos humanos

Dias após sinalizar a chance de avançar rumo ao reconhecimento do Talibã como o governo legítimo do Afeganistão, o Kremlin disse esperar que o grupo cumpra as promessas que fez para a comunidade internacional há alguns anos.

No entanto, a Rússia fez questão de deixar claro que isso não era uma condição imposta pelo governo de Vladimir Putin para um possível estreitamento de laços.

Em 2021, quando o Talibã reassumiu o poder após duas décadas, o movimento disse estar disposto e comprometido a respeitar os direitos humanos no país, principalmente o de mulheres afegãs. Contudo, após quase três anos de governo talibã, o cenário atual é totalmente diferente do prometido.

Além da repressão, do enfraquecimento da liberdade de expressão e da perseguição contra opositores, o governo talibã é frequentemente acusado de assassinatos extrajudiciais, desaparecimentos forçados e tortura. Contudo, a situação das mulheres no país é uma das principais críticas da comunidade internacional contra o Talibã.

No país, mulheres têm perdido direitos básicos de forma gradativa, o que fez a Organização das Nações Unidas (ONU) classificar as ações do Talibã como “apartheid de gênero”. 

Com a ascensão do grupo insurgente ao poder, as mulheres do país foram proibidas de trabalhar em cargos no setor público, de frequentar universidades e até mesmo de frequentar salões de beleza, que foram fechados por determinação do novo governo. O uso de contraceptivo e a permissão para sair de casa desacompanhadas também foi proibido.

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