Protestos no Peru por novas eleições terminam com 5 presos e 20 feridos
Manifestantes voltaram às ruas do Peru neste fim de semana para pedir um novo pleito e a liberação de Castillo
atualizado
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No mesmo dia em que a presidente do Peru, Dina Boluarte, anunciou a nova composição do governo, manifestantes voltaram às ruas para exigir a convocação de eleições presidenciais. Em meio à escalada dos protestos, autoridades peruanas intensificaram a repressão aos atos.
Nesse sábado (10/12), um confronto entre manifestantes e policiais acabou com 20 pessoas feridas. Outros cinco participantes dos protestos foram presos, elevando ainda mais a onda de indignação no país.
Os cidadãos do Peru movimentam as ruas desde a destituição de Pedro Castillo, que fez uma tentativa golpista de dissolver o Congresso e impedir o andamento de um pedido de impeachment contra si próprio. Parte da população rejeita Boluarte, que era vice-presidente e assumiu a função deixada por Castillo horas após a prisão dele.
No sábado, após articulação intensa com o Congresso — majoritariamente de direita —, a presidente anunciou os integrantes do gabinete, formado por 19 ministros. Os nomes apontam um grupo mais técnico que político, na tentativa de acalmar os ânimos de um país mergulhado em uma profunda crise institucional.
Protestos
A decisão, no entanto, acendeu levantes que tomaram um rumo violento ao sul do Peru, na cidade de Andahuaylas.
Os participantes do ato usaram pedras para atacar a sede da promotoria da cidade, e houve um confronto com a polícia. Ao menos 16 manifestantes e quatro policiais ficaram feridos e levados ao hospital da região.
Dois policiais foram feitos reféns por horas, antes de serem libertados. “Pedimos calma diante dos acontecimentos que vêm ocorrendo em Andahuaylas. Pedimos respeito e tranquilidade à população que faz uso de seu direito de protestar”, tuitou a Polícia Nacional.
Em Lima, ao menos cinco pessoas foram presas após confrontos de apoiadores de Castillo com a polícia. Um grupo de cidadãos montou uma vigília diante da base policial na capital onde o ex-presidente Castillo está detido, exigindo a libertação dele.
Até o momento, foram realizadas marchas, bloqueios de estradas e confrontos em ao menos nove das 24 regiões peruanas.
Os protestos são alimentados pela alta rejeição ao Congresso. Uma pesquisa realizada em novembro apontou que 86% dos peruanos desaprovam a legislatura atual.
Instabilidade
O Peru vive desde 2016 uma sequência de crises políticas, com conflitos constantes entre membros do Congresso e ocupantes da Presidência. Martin Vizcarra, que governo o país de 2018 a 2020, dissolveu o Congresso em 2019 e determinou a realização de novas eleições. A nova Legislatura, então, destituiu Vizcarra do cargo no ano seguinte.
Ele foi sucedido pelo presidente Manuel Merino, que durou menos de uma semana no cargo, antes de uma violenta repressão a protestos matar dois manifestantes e ferir mais 200 pessoas. Seu sucessor, Francisco Sagasti, durou nove meses antes de Castillo assumir o poder.