Protestos no Irã continuam com participação de alunas adolescentes
Em escolas do país, elas se unem nas salas de aula, mesmo com medo de serem identificadas pelas autoridades
atualizado
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Já são quase duas semanas de protestos nas ruas de cidades do Irã, principalmente na capital Teerã, por causa do autoritarismo e as regras duras de comportamento impostas pelo governo. O início veio com a morte sob custódia da jovem curda Mahsa Amini, detida pela polícia de moralidade por não usar o hijab (vestimenta feminina) de forma correta.
A situação piorou depois de uma segunda morte, a do adolescente Nika Shahkarami, de 17 anos. Ele desapareceu durante uma manifestação em setembro e a família encontrou seu corpo 10 dias depois, no necrotério de um centro de detenção.
Desde o início da semana, estudantes do ensino médio começaram a fazer parte dos protestos também. E usam as redes sociais para isso. Em fotos e vídeos, elas atacam ou removem fotos dos dois líderes supremos que governam o país desde a revolução – o aiatolá Khomeini e agora o aiatolá Ali Khamenei.
Em um vídeo, elas se reúnem fora das salas de aula e chegam a pedir a “morte do ditador”. Veja:
The girls took over their school and are chanting “death to the dictator”❤️ #Iran pic.twitter.com/s9MX8Dbsll
— Sofia Ukraini (@SlavaUk30722777) October 4, 2022
Nas redes sociais, elas compartilham imagens em que fazem gesto obsceno a fotos de Khomeini e Khamenei. E repetem o grito de guerra adotado pelas mulheres curdas: “Mulheres. Vida. Liberdade”.
Analistas acreditam que esse seja o desafio popular mais sério enfrentado pelas autoridades iranianas nos últimos 10 anos. Desta vez, diferentemente das outras, que lidera o movimento são as mulheres. E não é só pelas exigências ferozes em termos de roupas e comportamento, mas também por causa do controles políticos e religioso, o isolamento diante do mundo e a estagnação econômica.
As forças de segurança têm respondido os protestos com violência brutal. Já foram mortas 50 pessoas, segundo a imprensa estrangeira, além de mais de 1.500 presos. Países como Estados Unidos, França e Reino Unido protestaram formalmente diante disso.