Protestos contra Constituinte tem pelo menos oito mortos na Venezuela
O número de mortos relacionados direta ou indiretamente aos protestos contra Maduro, iniciados em 1.º de abril, já chegam a 117
atualizado
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A votação para a Assembleia Constituinte na Venezuela, foi marcada por uma elevada abstenção, protestos e ao menos oito mortes. Poucas pessoas aguardavam para votar em centros de votação em redutos chavistas de Caracas, que em eleições anteriores registraram enormes filas, em um protesto silencioso dos venezuelanos contra os planos do presidente Nicolás Maduro de reescrever a Constituição.
Pesquisas de opinião indicam que 70% dos venezuelanos são contra a Assembleia Constituinte, que a oposição considera uma manobra de Maduro para se perpetuar no poder, e a baixa participação prejudicaria sua legitimidade. Mais de 7 milhões de pessoas participaram do plebiscito não oficial organizado no início do mês pela oposição e rejeitaram de forma esmagadora a proposta do governo.
Maduro, que tem sido hostilizado em eventos públicos recentes, foi o primeiro a depositar o que chamou de “voto pela paz” em um colégio da zona oeste de Caracas, ao lado de sua mulher, Cilia Flores, e de dirigentes do partido governista. “Quis o imperador Donald Trump proibir o povo de exercer o direito ao voto (…) e eu disse chova ou faça sol haverá eleições e Assembleia Constituinte”, declarou.Com tanques e bombas de gás lacrimogêneo, militares entraram de maneira violenta em algumas áreas de Caracas, Maracaibo (oeste) e Puerto Ordaz (leste) e avançaram contra manifestantes que bloquearam ruas com barricadas, apesar de o governo ter proibido protestos e ameaçado com penas de 5 a 10 anos de prisão.
Pelo menos 8 pessoas morreram entre sábado e ontem, elevando a 117 o número de mortos relacionados direta ou indiretamente aos protestos contra Maduro, iniciados em 1.º de abril. Entre os mortos ontem estão dois jovens – de 17 e 13 anos – atingidos por disparos no Estado de Táchira, na fronteira com a Colômbia.
Durante um protesto em Caracas, uma explosão deixou ao menos quatro agentes da Guarda Nacional Bolivariana feridos e incendiou três motocicletas em uma avenida do Bairro de Altamira.
O ministro da Defesa da Venezuela, Vladimir Padrino López, disse que “mais de 100 urnas” que seriam usadas nas eleições da Constituinte foram “destruídas” durante os protestos.
A oposição prometeu redobrar a resistência após a votação e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ameaçou impor sanções econômicas mais amplas contra a Venezuela, sugerindo o aumento da crise na nação rica em petróleo. Washington impôs na semana passada sanções a 13 funcionários do governo Maduro por seu envolvimento na repressão dos manifestantes, na convocação da Constituinte e em casos de corrupção.
Ao todo, 6.120 candidatos concorreram às 545 vagas da Assembleia Constituinte, que foi boicotada pela coalizão opositora Mesa da Unidade Democrática (MUD), que denuncia o projeto de Maduro como uma “fraude” que acabará com a democracia no país.
O vice-presidente da Venezuela, Tareck El Aissami, celebrou a grande participação nas eleições para a Assembleia Constituinte. “Triunfou a paz, podemos dizer, triunfou a democracia. O povo saiu em massa para exercer este direito humano, este direito fundamental”, disse ele em um discurso transmitido pela emissora estatal VTV após votar.
O governo assegurou aproximadamente ao meio-dia que 99% dos eleitores tinham ido às urnas. No entanto, a oposição garantiu que o comparecimento foi extremamente baixo.
Na Avenida San Martín, a poucas quadras do palácio presidencial, um pequeno grupo de pessoas esperava para votar. “Para ser honesta, estou votando porque tenho medo de perder meus benefícios”, disse Betty, de 60 anos, que mora em uma casa distribuída pelo governo e não quis revelar o sobrenome. “O governo me deu a casa e não quero perdê-la. Estou sobrevivendo por causa dos programas do governo”, esclareceu.