Promessa de Milei, retomada das Malvinas é descartada por britânicos
Argentino Milei quer discutir “diplomaticamente” o tema com a Grã-Bretanha. Primeiro-ministro inglês reagiu: “Problema resolvido há tempos”
atualizado
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A campanha vitoriosa que levou o ultraliberal Javier Milei à Presidência da Argentina apresentou propostas radicais – como a extinção de vários ministérios, a dolarização da economia e a privatização de estatais -, que levaram a população, desgastada por uma enorme crise político-econômica, a apostar em seu projeto. Milei também tem planos “nacionalistas”. Um deles é a retomada do arquipélago das Malvinas, conhecido por Falklands pelo Reino Unido, ao qual as ilhas oficialmente pertencem.
Milei afirmou ao jornal La Nación que os argentinos precisam fazer “todos os esforços para recuperar as ilhas pelos canais diplomáticos”, lembrando que perderam a guerra para os britânicos em 1982. O problema é que um “canal diplomático” que devolva as Falklands à Argentina já foi sumariamente descartado pelo Reino Unido.
Em um debate com Sergio Massa, ministro da Fazenda derrotado por Milei nas urnas, o candidato ultraliberal, em que pese se declarar admirador da ex-primeira ministra britânica Margareth Thatcher, reiterou sua determinação em reivindicar as Malvinas.
“O que eu proponho? A soberania da Argentina sobre as Ilhas Malvinas não é negociável. As Malvinas são argentinas”, afirmou Milei. “Agora temos que ver como vamos recuperá-las. É claro que a opção da guerra não é uma solução. Tivemos uma guerra, que perdemos. Temos que fazer todos os esforços para recuperar as ilhas através dos canais diplomáticos”.
“Problema resolvido”
Rishi Sunak, o primeiro-ministro ingles, rejeitou o apelo ao diálogo sobre a soberania das ilhas. “Problema resolvido”, encerrou o primeiro-ministro.
Um porta-voz de Sunak disse que a propriedade britânica do arquipélago no Atlântico Sul foi “resolvida de forma decisiva há algum tempo”, se referindo à guerra vencida pela Inglaterra.
Questionado sobre as propostas de Milei para iniciar negociações, o porta-voz disse que “não há dúvida” de que as Malvinas são britânicas. E repetiu: “A soberania foi resolvida de forma decisiva há algum tempo”.
Grant Shapps, secretário da Defesa do Reino Unido, também reafirmou a posse do arquipélago. E alertou que o Reino Unido defenderá as ilhas, se necessário.
“As Ilhas Malvinas são britânicas. “Isso é inegociável e inegável”, escreveu ele no X (amtigo Twitter), usando a mesma linguagem usada por Milei. “99,8% dos ilhéus votaram a favor de permanecerem britânicos e defendemos sempre o seu direito à autodeterminação”, observou.
Disputa antiga
A disputa pelo arquipélago de quase 4 mil habitantes é antiga: registrado por um britânico em 1690 e colonizado por franceses em 1764, o conjunto de ilhas já foi várias vezes foco de tensão. Em 1982, a Argentina invadiu as Malvinas/Falklands, o que levou a uma retaliação militar por parte da Grã-Bretanha, na Guerra das Malvinas.
Buenos Aires chegou a tomar posse do arquipélago por dois meses, mas, em julho de 1982, Londres recuperou o controle do pedaço que tinha desde 1833. A Guerra das Malvinas resultou na morte de 649 militares argentinos e 255 britânicos, além de 3 civis residentes nas ilhas.