Procurador diz que Trump pode ser denunciado ao deixar Casa Branca
Relatório Mueller inocentou o presidente de conspiração com Moscou em 2016, mas não descartou a hipótese de obstrução de Justiça
atualizado
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O procurador especial que estudou o envolvimento russo nas eleições norte-americanas de 2016, Robert Mueller, disse nesta quarta-feira (24/07/2019) em uma audiência no Congresso dos Estados Unidos, que suas investigações não isentam o presidente Donald Trump, que pode ser denunciado após deixar a Casa Branca.
O chamado Relatório Mueller inocentou o presidente de conspiração com Moscou em 2016, mas não descartou a hipótese de obstrução de Justiça. Como presidentes não podem ser denunciados por crimes federais enquanto estão no poder, o procurador não tinha a opção de incriminá-lo. Ao comentar a sabatina, Trump disse que ela se tratava de um “constrangimento ao país”.
Após a conclusão da investigação, Trump passou a usar o argumento de que havia sido inocentado, mas isso foi desmentido por Mueller. Em seu depoimento nesta quarta, o procurador reiterou que o inquérito não encontrou evidências suficientes para acusar o presidente e sua campanha de conspiração com a Rússia, mas não livrou Trump totalmente da suspeita de obstrução de Justiça.
“Com base nas diretrizes do Departamento de Justiça (que impedem denúncias contra presidentes no exercício do cargo), decidimos não tomar uma decisão sobre se o presidente cometeu crime (de obstrução)”, declarou Mueller.
Segundo o procurador, o magnata se negou a ser interrogado pelos investigadores. Mueller, no entanto, garantiu que nunca houve obstáculos para seu trabalho.
Modo vasto e sistemático
O procurador também reiterou que o governo russo interferiu nas eleições presidenciais de 2016 de modo “vasto e sistemático”. Moscou, segundo ele, acreditava que poderia obter benefícios com uma vitória de Trump.
No depoimento, Mueller chamou os esforços do Kremlin para influenciar nas eleições de “um dos mais sérios” desafios para a democracia americana.
O ex-diretor do FBI passou 22 meses investigando a interferência russa na eleição de 2016 e a conduta de Trump. O presidente democrata da Comissão, Jerrold Nadler, elogiou Mueller e disse que ninguém, incluindo Trump, está “acima da lei”.