Presidente do Supremo Tribunal Eleitoral da Bolívia é presa
Evo Morales renunciou à presidência do país na tarde deste domingo (10/11/2019)
atualizado
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A presidente do Supremo Tribunal Eleitoral da Bolívia, Maria Eugenia Choque Quispe, foi presa na noite deste domingo (10/11/2019). O comandante geral da polícia, Vladimir Yuri Calderón, anunciou a detenção em coletiva de imprensa. De acordo com o militar, a corporação realizou uma investigação minuciosa sobre o envolvimento dela em fraude eleitoral.
O vice-presidente do TSE boliviano, Antonio Costas, também foi preso pela polícia, além de outros 36 funcionários do TSE boliviano.
O promotor do departamento de La Paz, Williams Alave, explicou que a medida foi tomada para tranquilizar as manifestações antigovernamentais nas ruas, em uma jornada agitada em que o presidente Evo Morales renunciou ao cargo. “Ela (Maria Eugenia Choque) estava vestida de homem, (o que) nos fez pensar que estava tentando distrai a atenção da nossa equipe”, disse Calderón.
Maria Eugenia havia deixado o cargo, horas antes da renúncia de Evo Morales à presidência. “Por intermédio desta, faço conhecer a você minha renúncia irrevogável ao cargo de presidente do Supremo Tribunal Eleitoral, para a pacificação da situação atual no Estado Plurinacional da Bolívia, reafirmando minha vontade para uma investigação justa”, disse, na carta de renúncia.
Maria Choque e Antonio Costas, presidente e vice presidente do Tribunal Superior Eleitoral da Bolívia, são presos pelo corpo militar que tomou o poder no país. A prisão foi apresentada por soldados mascarados em uma entrevista coletiva. #GolpeEnBolívia #ElMundoConEvo #Bolívia pic.twitter.com/KmNjyzibvX
— Jornalistas Livres (@J_LIVRES) November 10, 2019
O TSE boliviano foi alvo de críticas após a realização das eleições de 20 de outubro, que apontaram vitória em primeiro turno para Evo Morales – ele teve 47,07% dos votos, e Carlos Mesa, o segundo colocado, 36,51%. No dia 30 de outubro, 10 dias após as eleições gerais, o governo da Bolívia e a Organização dos Estados Americanos (OEA) fecharam um acordo para a realização da auditoria da votação.
A oposição, liderada pelo candidato Carlos Mesa, principal opositor de Evo Morales nas eleições, disse não reconhecer a medida, e afirmou que os termos foram definidos unilateralmente, sem a presença de representantes da oposição e da sociedade civil.
Morales estava sendo pressionado por protestos em todo o país e durante as manifestações, duas pessoas morreram e cerca de 160 ficaram feridas.
Forças Armadas
Segundo a agência Associated Press, o comandante das Forças Armadas da Bolívia, Williams Kaliman, pediu a renúncia de Evo Morales pela “paz no país”.
Antes, o Alto Comando Militar da Bolívia ordenou operações militares aéreas e terrestres para neutralizar grupos armados irregulares, supostamente alinhados ao governo, que estão atacando manifestantes opositores que se deslocam a La Paz para aumentar a pressão social contra o governo.
Renúncias
Além de Evo, o vice-presidente Álvaro García Linera também anunciou sua demissão. “O golpe de Estado se consumou”, afirmou. No sábado (09/11/2019), o presidente da Câmara dos Deputados da Bolívia, Víctor Borda, também renunciou depois que manifestantes atacaram sua casa, na cidade de Potosí (sudoeste). “Desisto da Câmara dos Deputados (..), espero que seja para preservar a integridade física do meu irmão que foi feito refém”, disse. Além de renunciar à presidência da Câmara, Borda também abdicou ao cargo de deputado.
Com informações da Agência Estado