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O presidente da Assembleia Geral da ONU, Dennis Francis, destacou o impacto humanitário, ambiental e geopolítico do conflito Rússia e Ucrânia, nesta sexta-feira (23/2). Agências humanitárias destacam a magnitude da crise, com ataques à instalações de saúde e impacto na vida de crianças que ficaram abrigadas por pelo menos cinco meses em porões e bunkers.
Francis, pediu aos países que apoiem o povo da Ucrânia “em sua busca por justiça e paz” durante uma reunião nesta sexta-feira para marcar dois anos da invasão em grande escala da Rússia no país.
Dirigindo-se aos representantes dos 193 Estados-membros da ONU, Francis disse que eles “não podem ficar cegos à destruição e devastação em curso, nem ignorar a situação do povo da Ucrânia”. Além desta sessão, o Conselho de Segurança da ONU também deve se reunir sobre a questão ainda nesta sexta-feira.
Destruição do país
O presidente da Assembleia Geral ainda lembrou que este ano também coincide com o 10º ano da “tentativa de anexação ilegal da Crimeia e de outros territórios ucranianos pela Federação Russa em 2014″.
A invasão em grande escala da Rússia começou em 24 de fevereiro de 2022. Milhares de pessoas foram mortas e feridas, milhões de outras foram deslocadas e escolas, hospitais e outras infraestruturas essenciais foram danificadas. Dezenas de crianças ucranianas também foram deportadas à força para a Rússia.
Francis avalia que o impacto dessa “guerra desnecessária” se estende muito além das fronteiras da Ucrânia, pois o meio ambiente também é “a vítima silenciosa do conflito”, enquanto o risco real de um acidente nuclear persiste. Para ele, a guerra afetou todos as nações, seja na forma do aumento dos preços dos alimentos ou no contexto da insegurança energética.
Além disso, Francis afirmou que o conflito tem sido um catalisador significativo na remodelação da geopolítica e da geoeconomia globais, pois está prejudicando diretamente os países envolvidos e, ao mesmo tempo, impedindo o progresso em muitos outros, especialmente nas nações em desenvolvimento.
Carta da ONU
Para o líder da Assembleia Geral, o conflito mina ativamente os fundamentos da Carta da ONU, ameaçando os princípios de soberania e integridade territorial.
Francis adicionou que a violência rompeu o equilíbrio das relações internacionais, em um momento em que a unidade, a solidariedade e a cooperação são absolutamente cruciais para a solução de problemas multilaterais.
Ele observou que, embora o Conselho de Segurança da ONU, composto por 15 membros, tenha sido paralisado pela divisão em relação ao conflito, a Assembleia Geral condenou a agressão da Rússia e exigiu a retirada imediata, completa e incondicional de suas forças do território ucraniano.
O representante adicionou que além das condenações, a organização deve trabalhar ativamente para uma paz abrangente, justa e sustentável.
Trabalho pela paz
Enquanto isso, as agências da ONU têm atuado na resposta ao conflito na Ucrânia, que a Organização Mundial da Saúde, OMS, avalia ser a “maior emergência da Europa”.
A entidade tem feito parcerias com o Ministério da Saúde para determinar, em tempo real, quais são as principais necessidades do setor e intervir onde for necessário para reforçar os sistemas existentes.
O apoio incluiu a doação regular de suprimentos médicos essenciais, veículos e equipamentos para garantir que as instalações de saúde existentes possam continuar funcionando.
As equipes também construíram estruturas temporárias em comunidades onde as instalações de saúde foram danificadas ou destruídas, garantindo assim que as pessoas possam continuar a receber atendimento. Atualmente, 12 clínicas modulares de atendimento primário estão abertas em locais no sul e no leste do país.
Impacto grave na saúde mental
A OMS verificou 1.574 ataques à saúde desde o início da guerra, tirando a vida de 118 profissionais de saúde e afetando instalações de saúde, transporte e armazéns.
Segundo o Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef, a guerra que entra em seu terceiro ano causou um impacto grave na saúde mental de seus cidadãos mais jovens.
O Unicef disse que meninos e meninas nas áreas de linha de frente foram forçados a passar entre 3 mil e 5 mil horas, o equivalente a quatro a sete meses, abrigados em porões, bunkers ou em um buraco no chão.