Porto Rico eleva para mais de 2,9 mil total de mortos no furacão Maria
Governo porto-riquenho corrige número oficial de mortes decorrentes do furacão Maria, de 2017, antes estimado em 64
atualizado
Compartilhar notícia
O número de mortos nos meses subsequentes ao furacão Maria, que atingiu Porto Rico no ano passado, foi elevado oficialmente pelo governo local de 64 para mais de 2,9 mil pessoas na terça-feira (28/8).
O número de mortos foi alterado após estimativas divulgadas pela Escola de Saúde Pública do Instituto Milken, da Universidade George Washington. Os pesquisadores realizaram uma comparação entre a mortalidade prevista em circunstâncias normais e as mortes contabilizadas depois da passagem do furacão Maria, em setembro de 2017, e nos cinco meses subsequentes, até fevereiro de 2018.
“Falta-nos uma cultura de preparação”, afirmou Carlos Santos-Burgoa, professor de saúde global e principal autor do estudo. Os ventos de 240 quilômetros por hora varreram a ilha e causaram danos materiais estimados em 90 bilhões de dólares. Grande parte de Porto Rico ficou sem eletricidade por meses.
“A preparação e o treinamento inadequados de funcionários para comunicação em situações de crise e emergência, somados a inúmeras barreiras a informações precisas e fatores que aumentaram a geração de rumores, diminuíram a percepção de transparência e credibilidade do governo de Porto Rico”, observou o relatório.
“Os entrevistados disseram que não receberam informações sobre como atestar mortes durante ou em condições criadas por um desastre”, afirmou o estudo.
Santos-Burgoa acrescentou que a instabilidade financeira e uma infraestrutura frágil deixaram a ilha caribenha particularmente vulnerável a eventos climáticos. O governador de Porto Rico, Ricardo Rossello, anunciou imediatamente o aumento da contagem oficial do número de mortos com base no estudo da Universidade George Washington.
“Embora seja uma estimativa, estamos oficialmente mudando o número de mortos”, disse. “Vamos considerar o número de 2975 como a estimativa oficial do excesso de mortes como resultado do furacão.”
O estudo também concluiu que o risco de morte era 45% maior para pessoas que viviam em “municípios de baixo desenvolvimento socioeconômico” e que os homens com mais de 65 anos apresentavam um risco elevado contínuo de morte.
Rossello afirmou que pretende formar uma comissão para implementar as recomendações do relatório e criar um registro das pessoas mais vulneráveis a tempestades futuras – como idosos, pacientes em hospitais ou em hemodiálise.
Um estudo anterior realizado por pesquisadores da Universidade de Harvard estimou o número de mortes subsequentes ao furacão Maria em 4.645. Por outro lado, o relatório de Harvard refletiu a opinião do estudo da Universidade George Washington ao notar que os números “enfatizam a desatenção do governo dos EUA à frágil infraestrutura de Porto Rico”.