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Por que baleias formaram um “coração” antes de encalharem e morrerem?

Autoridades na Austrália registraram baleias em águas rasas, formando um “coração” no oceano. Fênomeno nunca tinha sido visto por humanos

atualizado

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Serviço de Parques e Vida Selvagem da Austrália/Divulgação
Baleias Austrália
1 de 1 Baleias Austrália - Foto: Serviço de Parques e Vida Selvagem da Austrália/Divulgação

À frente da pasta de meio ambiente do estado da Austrália Ocidental, Reece Whitby afirmou que as autoridades do país ainda estão espantadas com o comportamento do grande grupo de baleias-piloto de barbatanas longas, filmadas formando um “coração” no oceano em águas rasas antes de encalharem e morrerem tragicamente em uma praia remota.

As cenas que circularam na internet foram capturadas por drone e mostraram mais de 100 espécimes reunidos em um ponto na água, na praia de Cheynes, perto de Albany, no sul da Austrália Ocidental. O comportamento nunca havia sido visto por humanos até então. “As imagens que vimos na costa são únicas. O feedback que recebemos foi que nunca vimos isso antes”, disse Whitby.

É fato: o encalhe de baleias é um fenômeno natural, e comum naquela região. E, por já estarem de certa forma acostumados a este tipo de resgate, integrantes do Serviço de Parques e Vida Selvagem fizeram diversas tentativas de devolver as baleias às águas mais profundas do oceano, usando barcos e caiaques, durante dias. Mais de 100 oficiais da vida selvagem e 250 voluntários vestindo roupas de mergulho ajudaram.

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Mais de 100 baleias-piloto-de-barbatana-longa morreram após encalhe na Austrália
Mais de 100 baleias-piloto-de-barbatana-longa morreram após encalhe na Austrália
A Polícia Federal, ICMBio e Ibama se uniram para proteger as baleias jubarte vindas de regiões polares
De acordo com analistas ambientais do ICMbio, somente no ano passado, mais de 15 mil baleias-jubartes foram avistadas dentro da Reserva Extrativista de Arraial do Cabo (RESEX), número que se espera ser ainda maior em 2023
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Funcionários e voluntários de agências governamentais tentando salvar as baleias-piloto que ficaram encalhadas na praia de Cheynes, na Austrália

Serviço de Parques e Vida Selvagem da Austrália/Divulgação
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Mais de 100 baleias-piloto-de-barbatana-longa morreram após encalhe na Austrália

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Mais de 100 baleias-piloto-de-barbatana-longa morreram após encalhe na Austrália

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TV Record/ Itapoan
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A Polícia Federal, ICMBio e Ibama se uniram para proteger as baleias jubarte vindas de regiões polares

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De acordo com analistas ambientais do ICMbio, somente no ano passado, mais de 15 mil baleias-jubartes foram avistadas dentro da Reserva Extrativista de Arraial do Cabo (RESEX), número que se espera ser ainda maior em 2023

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Operação Jubarte tem o objetivo de monitorar a migração das baleias na Região dos Lagos, impedir o molestamento desses animais e orientar a comunidade náutica sobre a importância de respeitar sua atividade

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Golfinhos e baleias chagaram ao ponto de não retorno na evolução

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Baleias morrem na Escócia após encalharem

Mairi Robertson-Carrey and Cristina McAvoy/BDMLR/PA
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Filhote de baleia-jubarte foi devolvido ao mar pela população, mas não resistiu

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Equipe de veterinários forense analisam carcaça de baleia

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Tudo em vão. Elas voltavam para o mesmo ponto, encalharam e mais da metade morreu. Voluntários tentaram dar o máximo de conforto a elas, até que foi tomada a decisão de sacrificar as sobreviventes.

O controlador de incidentes Peter Hartley, do Departamento de Biodiversidade, Conservação e Atrações, disse que tal atitude foi “uma das mais difíceis” em seus 34 anos de carreira no manejo da vida selvagem, conforme noticiou a CNN internacional. “Sabemos que o encalhe de baleias é um fenômeno natural. Mas fizemos o nosso melhor”, lamentou.

Biólogos detalham que se baleias-piloto – que crescem até 8 metros de comprimento e pesam até 3 toneladas – ficam fora da água, seus órgãos podem ser gradualmente esmagados sob o próprio peso. Mesmo as devolvendo ao oceano, elas podem voltar a encalhar e morrer.

O encalhe é recorrente, mas os cientistas ainda não desvendaram por que as baleias se amontoaram daquela forma na água rasa antes de encalhar, comentou Kate Sprogis, ecologista de mamíferos marinhos da Universidade da Austrália Ocidental. “As baleias-piloto saudáveis geralmente não se comportam assim. Quando você as vê dessa forma, pensa que há algo estranho acontecendo.”

Por que as baleias encalham?

Especialistas destacam que a variedade de fatores que podem causar o encalhe de baleias e golfinhos é tão grande quanto a quantidade de encalhes que acontecem. A topografia costeira e as variações na maré levam algumas regiões a se tornarem armadilhas para mamíferos marinhos. Baleias doentes, senis, machucadas, enfraquecidas, com fome ou desorientadas também podem passar por isso.

E que o ser humano não pense que está isento de culpa. Também somos parte do problema. Pesca, colisão de embarcações e poluição estão entre as causas de muitas lesões que resultam em encalhes de baleias e muitos outros animais marinhos. A causa principal da morte de cetáceos causada por humanos é quando os animais ficam presos em redes de pesca. O derramamento de produtos químicos que chegam até as águas oceânicas em algum momento, também são mortais.

Poluição sonora, incluindo pulsações decorrentes do uso de sonares e pesquisas sísmicas, interferem nas habilidades de comunicação e movimento das baleias, as conduzindo a caminhos errados devido à surdez, desorientação ou medo.

Baleias Austrália
Funcionários e voluntários de agências governamentais tentando salvar as baleias-piloto que ficaram encalhadas na praia de Cheynes, na Austrália

Baleias desorientadas

Ao Metrópoles, o coordenador técnico-científico da organização internacional sem fins lucrativos Sea Shepherd, Juan Pablo Torres-Florez, contou que, geralmente, as baleias mantêm laços sociais muito fortes, onde uma fêmea é a matriarca que lidera o grupo. No caso recente, ele pontua que uma matriarca poderia estar com alguma doença ou desorientada e levou o grupo completo a encalhar.

“A matriarca pode ter se visto desorientada por um som muito alto ou por alguma doença. Esse tipo de encalhe não é raro, espécies como esta, as falsa-orca, e outros dos chamados “black fish” são cetáceos muito sociais e tendem a encalhar em grande número”, explicou.

Muitos leitores do Metrópoles levantaram a hipótese de desorientação por causa da inversão do campo magnético do planeta, teoria que não tem respaldo científico até o momento. Florez salientou que esta é uma hipótese, como as outras.

“As razões por trás dos encalhes em massa são difíceis de explicar, pois não sabemos que distintos fatores estão incidindo no comportamento do grupo ou da líder. Certamente, o monitoramento acústico de atividades sísmicas e uso de radares é muito importante para entendermos se estes eventos estão correlacionados.”

Por enquanto, como ressaltado pelas autoridades australianas, o caso segue como um mistério. Cientistas, no entanto, coletaram amostras dos dentes e da gordura das baleias-piloto que morreram encalhadas para tentar entender o que pode tê-las levado a este triste destino.

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Mais de 100 baleias-piloto-de-barbatana-longa morreram após encalhe na Austrália

Viu uma baleia encalhada?

Vale ressaltar que, caso um ser humano presencie um animal marinho, como uma baleia, encalhado na praia, não é recomendado levar os animais de volta para a água sem saber o que está acontecendo. Isso pode terminar ferindo mais o animal, assim como este também pode ferir as pessoas.

O especialista da Sea Shepherd lembra que, no Brasil, existe a Rede de Encalhe e Informação de Mamíferos Aquáticos (Remab). “ Ela conta com redes regionais que auxiliam quando este tipo de evento acontece. Além disso, no Brasil, como parte de condicionantes ambientais decorrentes do petróleo, existem os Projetos de Monitoramento de Praias, os quais têm instituições ao longo da área de atuação com centros preparados para despetrolização e desencalhe de mamíferos, répteis e aves marinhas”, afirmou Juan Pablo Torres-Florez.

Ao se deparar com uma situação como esta, ligue imediatamente para os PMPs ou para a Remab, que é coordenada pelo Centro Mamíferos Aquáticos do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).

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