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Por que algumas empresas deixaram a Rússia e outras não?

Empresas como AirBnB, Coca-Cola e Spotify anunciaram interrupção das atividades no país. Outros discordaram da decisão e seguem funcionando

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Loja do McDonald's em Moscou, na Rússia, com algumas pessoas dentro, após a rede anunciar que suspenderia temporariamente seu funcionamento no país como reação à guerra na Ucrânia- Metrópoles
1 de 1 Loja do McDonald's em Moscou, na Rússia, com algumas pessoas dentro, após a rede anunciar que suspenderia temporariamente seu funcionamento no país como reação à guerra na Ucrânia- Metrópoles - Foto: Sefa Karacan/Anadolu Agency via Getty Images

Desde a invasão russa da Ucrânia, em 24 de fevereiro, ao menos 400 empresas multinacionais já deixaram a Rússia. Entre elas, estão McDonald’s, Coca-Cola e Volkswagen. Outras, no entanto, como Subway, LG e Burger King, continuam em funcionamento naquele país.

Advogado especialista em direito empresarial, societário e mercado de capitais, e professor do Insper e da Faap, Marcelo Godke explica que a escolha entre interromper as operações na Rússia ou continuar no país é feita com base em uma análise da relação custo-benefício.

“A ideia é sair hoje para voltar amanhã, mas o custo para voltar amanhã vai valer a pena?”, pondera Godke. “Uma montadora, por exemplo: montar uma fábrica custa alguns bilhões de dólares e, se sair, consegue voltar com a mesma significância?”, explica.

O raciocínio é o inverso para empresas como o AirBnB, por exemplo, que tem operações funcionando a partir de escritórios. Nesses casos, deixar o país não tem um custo tão alto e pode ser uma boa escolha política para a imagem da marca.

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Empresa Coca-Cola decidiu deixar o país após pressão

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Essa pressão política, inclusive, é a principal arma do Ocidente para acabar com a guerra antes que tenha que entrar diretamente em um conflito armado. “As empresas têm uma importância muito grande, e a Rússia já está em uma situação financeira difícil. O objetivo é que a população se volte contra o governo, porque o povo é o alvo.”

Os efeitos dessas decisões podem até mesmo chegar ao Brasil, que tem uma forte ligação econômica com a Rússia. Segundo Godke, a importância geopolítica do país responsável pela invasão da Ucrânia é grande. “No Brasil, não em todos os setores [haverá impactos], mas, como não temos substituição instantânea de alguns produtos, a disponibilidade cai e o preço sobe”, explica o professor.

Nacionalização de multinacionais

Na semana passada, o Kremlin ameaçou nacionalizar o patrimônio das multinacionais que estão deixando o país. A medida foi anunciada em resposta às sanções.

Segundo Godke, o objetivo da nacionalização é variado, mas, neste caso, além de apresentar uma ameaça às companhias, pode ser útil para a economia russa, que poderá se apropriar dos lucros das empresas.

A solução, entretanto, é uma faca de dois gumes. “A tendência é que a eficiência econômica também diminua, os investimentos diminuam, a população venha a passar carência, fome, desemprego e tudo que está atrelado a isso”, afirma.

Empresas que já deixaram o país

Ao menos 400 empresas já deixaram a Rússia, e a lista continua a crescer. No início de março, a Apple comunicou a interrupção dos negócios na Rússia e proibiu a venda de novos telefones, tablets e computadores – tais como iPhones, iPads, MacBooks e outros produtos da companhia.

As operadoras de cartão de crédito Mastercard e Visa também suspenderam as atividades no país. As empresas já tinham travado parte das operações, bloqueando instituições financeiras russas, mas decidiram expandir as retaliações.

A companhia de cafés Starbucks, além de fechar os estabelecimentos, afirmou que não enviará mais ao país produtos administrados por licenciados. A gigante de cosméticos L’Oreal divulgou que fechará temporariamente todas as suas unidades na Rússia, incluindo pontos de venda dentro de lojas de departamento e sites de vendas. Todos os investimentos em propaganda no país também foram suspensos.

Outra grande peça no mercado global, a Unilever anunciou que vai suspender investimentos e propaganda na Rússia e na Ucrânia. Entre os produtos comercializados pela Unilever, estão marcas como o sabão Dove e a sopa Knorr.

A rede de fast food McDonald’s também anunciou que suspenderá as atividades dos 850 restaurantes na Rússia. A empresa assegurou que continuará pagando os 62 mil funcionários no país. Russos fizeram filas nas portas de unidades da franquia e um Big Mac chegou ao preço de R$ 1.600.

As aéreas Boeing, Airbus e a Embraer saíram do país, assim como as plataformas Netflix, Spotify e Deezer. As gigantes no mercado de entrega UPS e a FedEx interromperam o serviço de entrega para a Rússia e a Ucrânia.

Empresas que permanecem no país

Por outro lado, algumas gigantes do mercado decidiram continuar suas atividades na Rússia.

A empresa proprietária do Burger King, Restaurant Brands International (RBI), disse que o operador das 800 lojas da rede na Rússia se recusou a fechá-las, apesar da demanda para suspender as vendas. A mesma decisão foi tomada pela rede de sanduíches Subway, que tem 450 unidades no país.

Outras, como Leroy Merlin e a companhia aérea Emirates Airlines, além da loja de esportes Decathlon e a rede de hotéis Accor, permanecem em funcionamento na Rússia.

Confira aqui a lista completa e atualizada feita pela Universidade de Yale.

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