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Por que a Turquia é tão suscetível a terremotos?

Há décadas o país desperta o interesse de sismólogos. Para eles, não trata-se de saber “se” terremotos vão acontecer na região, mas “quando”

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Eren Bozkurt/Agência Anadolu via Getty Images
Terremoto deixa mais de 1.500 mortos na Turquia e na Síria
1 de 1 Terremoto deixa mais de 1.500 mortos na Turquia e na Síria - Foto: Eren Bozkurt/Agência Anadolu via Getty Images

Os fortes terremotos que abalaram a Turquia e a Síria nesta segunda-feira (6/2) já deixaram mais de 3 mil mortos e um número ainda maior de feridos. Enquanto o número de vítimas não para de aumentar, socorristas trabalham a todo vapor para resgatar sobreviventes dos escombros. Em seus esforços, eles precisam lidar com condições climáticas adversas, temperaturas frequentemente abaixo de zero grau e muita neve em alguns locais.

Segundo a agência turca de proteção civil Afad, o epicentro de um terremoto de magnitude 7,4 foi na província de Kahramanmaras, perto da fronteira com a Síria. Outro terremoto com magnitude de 6,6 foi medido pouco depois na província de Gaziantep.

Na Turquia e em outras regiões do mundo, a terra volta e meia treme. Mas por quê? Para entender o fenômeno, é preciso ter em mente que a crosta terrestre é uma espécie de quebra-cabeça — embora relativamente dinâmico, que consiste em muitas partes individuais: algumas placas oceânicas gigantescas e várias pequenas placas continentais na crosta. Quantas placas tectônicas pequenas e minúsculas de fato existem ainda é motivo de debate no meio científico.

O que se sabe, porém, é que essas placas se movem constantemente alguns centímetros por ano. Isso é completamente normal. Eles se afastam umas das outras, se atritam ou às vezes se chocam. E assim, o continente acima delas se move.

Em outubro de 2020, um terremoto sacudiu o Mar Egeu. O epicentro foi na província de Izmir e ocorreu perto da superfície do mar. Mais de 100 pessoas morreram e mais de mil ficaram feridas. A Turquia tem despertado o interesse dos pesquisadores de terremotos. O Centro Alemão de Pesquisa em Geociências (GFZ) em Potsdam instalou dispositivos de medição no país, onde realiza monitoramento sísmico desde a década de 1980. Eles mostram que o risco de terremotos é muito alto, por exemplo, em toda a região ao redor do Mar de Mármara, em cuja costa Istambul está situada.

“A questão não é se um terremoto vai acontecer. A questão é quando vai acontecer”, disse em 2019 Marco Bohnhoff, sismólogo da GFZ e especialista na região. Bohnhoff e outros pesquisadores basearam tal avaliação na ocorrência de vários fortes terremotos ao longo da história de Istambul, na contínua deriva continental abaixo do Mar de Mármara e no fato de que nos arredores de Istambul existe uma área da zona do terremoto que há muito tempo é suspeitamente silenciosa.

“Existem muitos indícios de que esta área está parada atualmente e isso já há muito tempo. As tensões se acumulam, eventualmente excedendo a resistência da rocha, e são liberadas abruptamente em segundos por um deslocamento de ambas as placas tectônicas por vários metros”, disse o sismólogo em uma conversa com a plataforma ESKP (Earth System Knowledge Platform).

Segurança sísmica

Para os edifícios, a infraestrutura e a população local, o verdadeiro perigo reside nas ondas sísmicas resultantes. Não se trata, portanto, de uma questão de “se”, segundo Bohnhoff, mas de “quão forte” e “quando”.

A melhor proteção contra terremotos é a construção de edifícios à prova de terremotos. Infelizmente, aponta o sismólogo, isso é muito caro. Resta saber então se reformar ou até mesmo construir do zero não seria a melhor alternativa. Durante os tremores na região da fronteira turco-síria na manhã de segunda-feira, mais de 1.700 prédios teriam desabado só na Turquia.

Não só as edificações, como também o subsolo desempenha um papel importante. Em suma: quanto mais forte, melhor. “O melhor é que o subsolo seja feito de granito. É outra coisa quando o subsolo é constituído por sedimentos drenados, como areia ou argila”, disse Bohnhoff.

Em terrenos macios, os movimentos do solo podem ser amplificados, às vezes acompanhados de efeitos conhecidos como “liquefação”. O sismólogo comparou esse mecanismo à areia molhada de uma praia. Bater repetidamente no mesmo ponto na areia faz com que a água se acumule ali. “E assim o subsolo se torna instável.”

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