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Políticos, Ongs e sindicatos franceses condenam acordo UE-Mercosul

Políticos franceses reagiram com firmeza ao anúncio do acordo, nesta sexta, com Paris se opondo ao texto em sua forma atual

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Acoo Mercosul-UE gera protestos na França
1 de 1 Acoo Mercosul-UE gera protestos na França - Foto: Reprodução

A batalha política sobre o acordo UE-Mercosul parece estar longe de terminar. Mesmo se as negociações entre a Comissão Europeia e o Mercosul foram concluídas, como anunciou Ursula von der Leyen em Montevidéu, no Uruguai, nesta sexta-feira (6/12), os políticos franceses reagiram com firmeza ao anúncio da presidente da Comissão, com Paris se opondo ao texto em sua forma atual. Agricultores, sindicatos e diversas Ongs se juntaram ao protesto contra o acordo, que consideram uma “traição”.

Maud Bregeon, porta-voz do governo francês, denunciou na rede social X “uma grande ruptura no vínculo de confiança entre os franceses e a Europa”. O governo de Emmanuel Macron e Michel Barnier havia se oposto publicamente à conclusão das negociações com o Mercosul.

O anúncio da Comissão Europeia do acordo sobre o tratado comercial “só engaja a Comissão”, comentou a ministra do Comércio Exterior da França, Sophie Primas. “Hoje, claramente, não é o fim da história. O que está acontecendo em Montevidéu não é uma assinatura do acordo, mas simplesmente a conclusão política das negociações. Isso é vinculativo apenas para a Comissão, não para os Estados-membros”, disse a ministra em uma declaração enviada às agências de notícias, acrescentando que “a Comissão está assumindo suas responsabilidades como negociadora, mas isso é vinculativo apenas para ela”.

Impacto na política interna

O anúncio feito em Montevidéu também teve impacto no debate político interno da França, onde o primeiro-ministro Michel Barnier acaba de renunciar e os diferentes partidos da oposição não poupam críticas ao presidente Emmanuel Macron. Em um comunicado à imprensa, o partido da esquerda radical França Insubmissa (LFI na sigla em francês) denunciou “um acordo (…) concluído por meio de uma marcha forçada e desafiando as pessoas e o planeta”.

Para Mathilde Panot, líder dos deputados do LFI, Emmanuel “Macron é cúmplice da morte do modelo agrícola francês”. O presidente da República está “fingindo se opor” ao tratado, disse Laure Lavalette, porta-voz do maior partido de extrema direita da França, o Reunião Nacional (RN) na Assembleia.

Ela respondia na ocasião ao ex-premiê Gabriel Attal, que acusou a oposição de “enfraquecer a voz da França na Europa” ao derrubar o governo.

Agricultores denunciam “traição”

O maior sindicato dos agricultores da França, o FNSEA-Jovens Agricultores (JA), disse nesta sexta-feira que a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, “traiu os agricultores europeus” ao anunciar a conclusão do acordo de livre comércio com os países do Mercosul.

“Essa validação não é apenas uma provocação aos agricultores europeus, que aplicam os mais altos padrões de produção do mundo, mas também uma negação da democracia em um momento em que quase todos os nossos parlamentares franceses se manifestaram contra esse acordo”, afirmaram as organizações sindicais francesas em um comunicado à imprensa. Na opinião delas, “Von der Leyen está traindo os agricultores europeus”.

“Bomba-relógio para o clima”

A Ong Greenpeace também denunciou nesta sexta-feira o acordo finalizado nesta manhã entre a Comissão Europeia e o Mercosul. “Para o Greenpeace, a Comissão Europeia justifica a finalização do acordo, entre outras coisas, pela integração de medidas ou compromissos ligados à proteção ambiental. (…) nenhuma medida ambiental é suficiente para justificar sua adoção: este acordo é uma verdadeira bomba-relógio para o clima, a biodiversidade, os agricultores europeus e sul-americanos e os direitos humanos”, denunciou a Ong em um comunicado à imprensa.

Alemanha e Espanha celebram acordo

Por outro lado, alguns países europeus, como a Alemanha e a Espanha, acreditam que o acordo é vital para a UE, principalmente para, segundo eles, diversificar seu comércio após o fechamento virtual do mercado russo e a dependência da China.

Berlim e Madri veem o Mercosul como um mercado potencial para o setor automotivo ou para produtos químicos, além de uma fonte confiável para a importação de minerais como o lítio, necessário para a produção de baterias. Eles também apontam os benefícios para a agricultura, com tarifas mais baixas para queijo, presunto e vinho da UE.

O chanceler alemão Olaf Scholz saudou a conclusão das negociações sobre o compromisso entre os países do Mercosul e a UE logo após o anúncio feito por sua compatriota em Montevidéu.

“O acordo político chegou. Um grande obstáculo foi removido”, escreveu o chanceler na rede social X. “Mais de 700 milhões de pessoas poderão se beneficiar de um mercado livre, mais crescimento e competitividade”, acrescentou.

O chefe do governo espanhol, Pedro Sánchez, também celebrou o compromisso que, segundo ele, vai “construir uma ponte econômica sem precedentes entre a Europa e a América Latina”.

“A Espanha trabalhará para garantir que esse acordo seja aprovado por uma maioria no Conselho. Porque a abertura do comércio com nossos colegas países latino-americanos nos tornará – a todos nós – mais prósperos e mais fortes”, declarou o líder espanhol na rede social X.

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