O presidente Volodymyr Zelensky disse, em entrevista ao Fantástico, que ainda espera uma trégua do presidente Vladimir Putin, mesmo que ele não sente à mesa com ele em uma reunião. O líder da Ucrânia teme que o mundo esqueça o conflito, que já dura cinco meses.
“Para mim tanto faz quem estiver do outro lado, tanto faz quem é o líder lá, o importante é que exista a vontade de parar com a guerra, e de matar as pessoas por parte deles. Para isso, nem precisa sentar na mesa comigo. Isso é simples: é simplesmente parar a guerra. Isso só depende da vontade deles”, falou.
O chefe da Ucrânia ainda afirmou que sente “responsabilidade pelo povo ucraniano”. Segundo a ONU, pelo menos 4,7 mil mortes foram relatadas até o final de junho.
“Não tem como se preparar para este tipo de coisa. Entendem? Não tem como ficar pronto para as ameaças de um país que tem armas nucleares. Todo mundo fala: ‘sim, ela só ameaça, mas fica tranquilo, não vai acontecer isso’. Será que vocês imaginariam que algum Estado nuclear poderia começar a atirar em civis na Ucrânia? Como se preparar para isso?”, disse.
Na mesma semana em que o presidente da Ucrânia deu entrevista ao Fantástico, ele também falou por telefone com o presidente Jair Bolsonaro (PL). Foi o primeiro contato entre os dois desde o início do conflito.
Em mensagem no Twitter, Zelensky afirmou que informou ao brasileiro sobre a situação no front da guerra e disse que os dois líderes discutiram a importância de retomar as exportações de grãos. Na última sexta-feira (22/7), Rússia e Ucrânia chegaram a um acordo para a retomada da exportação de grãos através do Mar Negro, nos portos de Odessa, Chernomorsk e Yuzhny.
O acordo também previu um plano para que fertilizantes russos voltem a ser disponibilizados no comércio internacional.
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A relação conturbada entre Rússia e Ucrânia, que desencadeou conflito armado, tem deixado o mundo em alerta para uma possível grande guerra
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A confusão, no entanto, não vem de hoje. Além da disputa por influência econômica e geopolítica, contexto histórico que se relaciona ao século 19 pode explicar o conflito
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A localização estratégica da Ucrânia, entre a Rússia e a parte oriental da Europa, tem servido como uma zona de segurança para a antiga URSS por anos. Por isso, os russos consideram fundamental manter influência sobre o país vizinho, para evitar avanços de possíveis adversários nesse local
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Isso porque o grande território ucraniano impede que investidas militares sejam bem-sucedidas contra a capital russa. Uma Ucrânia aliada à Rússia deixa possíveis inimigos vindos da Europa a mais de 1,5 mil km de Moscou. Uma Ucrânia adversária, contudo, diminui a distância para pouco mais de 600 km
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Percebendo o interesse da Ucrânia em integrar a Otan, que é liderada pelos Estados Unidos, e fazer parte da União Europeia, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, ameaçou atacar o país, caso os ucranianos não desistissem da ideia
Andre Borges/Esp. Metrópoles
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Uma das exigências de Putin, portanto, é que o Ocidente garanta que a Ucrânia não se junte à organização liderada pelos Estados Unidos. Para os russos, a presença e o apoio da Otan aos ucranianos constituem ameaças à segurança do país
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A Rússia iniciou um treinamento militar junto à aliada Belarus, que faz fronteira com a Ucrânia, e invadiu o território ucraniano em 24 de fevereiro
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Por outro lado, a Otan, composta por 30 países, reforçou a presença no Leste Europeu e colocou instalações militares em alerta
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Apesar de ter ganhado os holofotes nas últimas semanas, o novo capítulo do impasse entre as duas nações foi reiniciado no fim de 2021, quando Putin posicionou 100 mil militares na fronteira com a Ucrânia. Os dois países, que no passado fizeram parte da União Soviética, têm velha disputa por território
AFP
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Além disso, para o governo ucraniano, o conflito é uma espécie de continuação da invasão russa à península da Crimeia, que ocorreu em 2014 e causou mais de 10 mil mortes. Na época, Moscou aproveitou uma crise política no país vizinho e a forte presença de russos na região para incorporá-la a seu território
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Desde então, os ucranianos acusam os russos de usar táticas de guerra híbrida para desestabilizar constantemente o país e financiar grupos separatistas que atentam contra a soberania do Estado
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O conflito, iniciado em 24 de fevereiro, já impacta economicamente o mundo inteiro. Na Europa Ocidental, por exemplo, países temem a interrupção do fornecimento de gás natural, que é fundamental para vários deles
Vostok/ Getty Images
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Embora o Brasil não tenha laços econômicos tão relevantes com as duas nações, pode ser afetado pela provável disparada no preço do petróleo