R$ 100 milhões foram desviados de funcionários endividados, diz MP
Operação Custo Brasil desvendou esquema de pagamento de propina em contratos de prestação de serviços de informática no Ministério do Planejamento iniciado em 2009. O ex-chefe da pasta Paulo Bernardo foi preso na manhã desta quinta-feira
atualizado
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“A corrupção é o inimigo invisível de toda a sociedade. R$ 100 milhões foram desviados de funcionários públicos endividados para abastecer os cofres de corruptos e não podemos admitir isso.” A frase do procurador da República Andrey Borges de Mendonça resume a motivação da Operação Custo Brasil, deflagrada pela Polícia Federal na manhã desta quinta-feira (23/6), que prendeu o ex-ministro das Comunicações e do Planejamento Paulo Bernardo.
Há indícios, de acordo com a PF, de que o Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão direcionou a contratação de uma empresa de prestação de serviços de tecnologia e informática para a gestão do crédito consignado na folha de pagamento de funcionários públicos federais com bancos privados, interessados na concessão de crédito consignado. “Detectamos envolvimento de servidores do ministério de primeiro, segundo e terceiro escalão do ministério”, explicou o delegado da PF Rodrigo de Campos Costa.“Mesmo saindo do Ministério do Planejamento, ele [Paulo Bernardo] continua recebendo, quando estava no Ministério das Comunicações”, explicou o delegado. Foram mais de R$ 7 milhões para o escritório de advocacia, que repassava ao então ministro. De acordo com Costa, para cada parcela mensal dos empréstimos feito pelos servidores públicos havia o pagamento de pouco mais de R$1 . O serviço, porém, deveria custar, na verdade, cerca de R$ 0,30. “Boa parte disso era desviada para agentes públicos. Foram mais de 100 milhões em cinco anos chegaram ao esquema”, detalhou.
Nesta quinta, estão sendo cumpridos 11 mandados de prisão preventiva, 40 de busca e apreensão e 14 de condução coercitiva nos estados de São Paulo, do Paraná, Rio Grande do Sul, de Pernambuco e do Distrito Federal. A ação é o primeiro desdobramento da Operação Lava Jato em São Paulo e decorre de fatiamento de uma investigação que estava no Supremo Tribunal Federal.
Representantes do Ministério Público, da Polícia Federal e da Receita Federal esclarecem detalhes da ação em entrevista coletiva. “A operação foi completamente sincronizada, em uma demonstração de que a união das instituições traz muitos resultados para a sociedade”, destacou o procurador Andrey Borges de Mendonça.