Quem vai governar a Alemanha com Angela Merkel?
Virtualmente reeleita para mais quatro anos na eleição deste domingo (24/09), Merkel deve fazer uma aliança com o Partido Social-Democrata
atualizado
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Com a chanceler federal Angela Merkel virtualmente reeleita para mais quatro anos, segundo todas as pesquisas eleitorais, a dúvida para a eleição deste domingo (24/09) passa a ser com quem ela vai formar a próxima coalizão de governo na Alemanha.
No momento, a constelação mais provável parece ser uma aliança com o Partido Social-Democrata (SPD), o que seria uma reedição da atual grande coalizão, como é conhecida na Alemanha a união entre as duas maiores bancadas do Parlamento: a União – União Democrata Cristã (CDU) e União Social Cristã (CSU) – e o SPD.
Mas dentro do SPD as dúvidas são maiores. Muitos parlamentares atribuem o fraco desempenho eleitoral dos últimos anos – e também o resultado aquém do esperado nas atuais pesquisas eleitorais – ao fato de o SPD ser o parceiro minoritário da grande coalizão e ficar à sombra da CDU/CSU e de Merkel. Assim, eles defendem que o partido vá para a oposição.
Essa tendência deve ganhar força se as atuais pesquisas se confirmarem e o SPD ficar abaixo de 23% dos votos. Esse percentual foi alcançado na eleição de 2009, quando o candidato a chanceler era Frank-Walter Steinmeier, e é uma espécie de teto mínimo tolerado pelos social-democratas. As atuais pesquisas dão entre 20% e 21% para o partido.
Se elas se confirmarem, a tendência de o SPD ir para a oposição ficará mais forte. No outro extremo, se as pesquisas estiverem erradas, e o SPD obtiver um resultado bem acima dos 23% – por exemplo acima dos 25,7% de 2013 – as vozes dentro do partido que são favoráveis à permanência no governo, mesmo como parceiro minoritário da CSU/CSU, devem se fortalecer.
Segundo as pesquisas, matematicamente restaria à CDU/CSU apenas uma coalizão com o Partido Liberal Democrático (FDP, 10% nas pesquisas) e o Partido Verde (8% nas pesquisas) – já que a Alternativa para a Alemanha (AfD) e A Esquerda estão descartadas de antemão. Porém, há grandes dificuldades para que uma coalizão tão ampla se forme.
Primeiro, os liberais e os verdes divergem em vários aspectos, como, por exemplo, a política para refugiados. Segundo, é difícil imaginar a CSU, um partido fortemente conservador, e a ala esquerda do Partido Verde integrando o mesmo governo. O ministro dos Transportes, Alexander Dobrindt (CSU), declarou recentemente que os verdes são “pessoas fora da realidade” e descartou uma aliança.
Também o candidato de ponta dos liberais, Christian Lindner, disse ver dificuldades para essa coalizão por causa das grande divergências com os verdes. “Parece que eles não aprenderam nada com a crise dos refugiados”, comentou.
Tudo indica, portanto, que essa coalizão – conhecida no jargão político alemão como Jamaica, por causa das cores preto, amarelo e verde – seria muito difícil de ser negociada. E aí a CDU/CSU teria apenas uma alternativa: voltar a se unir ao SPD.