metropoles.com

Queimadas na Amazônia: europeus se dividem sobre acordo com Mercosul

França e Irlanda se opõem a ratificar o tratado enquanto fogo não for controlado, enquanto Alemanha e Reino Unido defendem acordo

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Andrew Parsons/Pool/Getty Images
Líderes no G7
1 de 1 Líderes no G7 - Foto: Andrew Parsons/Pool/Getty Images

Os incêndios que devoram a Floresta Amazônica provocaram comoção e declarações de preocupação por parte de líderes europeus. Chefes de Estado e governo, contudo, estão divididos sobre até que ponto a crise deve influenciar o acordo comercial entre a União Europeia (UE) e o Mercosul.

A questão amazônica será um dos temas centrais da cúpula do G7, que começou neste sábado (24/08/2019) na cidade de Biarritz, na costa sudoeste da França. Até o fim da cimeira, na segunda-feira, o anfitrião Emmanuel Macron, presidente francês, deverá tentar arrancar resultados concretos em relação à Amazônia dos colegas presentes, muitos deles líderes europeus.

Neste sábado, Macron lançou um apelo a todas as potências mundiais para que ajudem o Brasil e outros países da América do Sul a combater os incêndios na Floresta Amazônica, que chamou de “nosso bem comum”. “Devemos responder de maneira concreta ao apelo das florestas que queimam agora na Amazônia”, disse o francês em discurso transmitido na televisão.

Antes da cúpula, o governo de Macron deixou claro que se opõe à ratificação do acordo de livre-comércio com o bloco sul-americano, afirmando que Jair Bolsonaro “mentiu” ao assumir compromissos em defesa do meio ambiente, dados como condição para o pacto.

“Dada a atitude do Brasil nas últimas semanas, o presidente da República [francesa] só pode constatar que o presidente Bolsonaro mentiu para ele na cúpula [do G20] em Osaka. Nessas circunstâncias, a França se opõe ao acordo com o Mercosul”, diz uma nota do governo francês, emitida na sexta-feira.

O acordo UE-Mercosul foi fechado em junho, à época da cúpula do G20 no Japão, após 20 anos de negociações. Macron afirmara na ocasião que o fechamento só foi bem-sucedido porque Bolsonaro deu garantias de preservação do meio ambiente brasileiro. Os parlamentos de todos os países-membros do bloco europeu ainda precisam ratificar o pacto.

Na linha de Macron, o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, afirmou neste sábado que considera difícil imaginar que a União Europeia ratifique o acordo com o Mercosul enquanto o Brasil não detém os incêndios florestais na Amazônia.

“A Floresta Amazônica em chamas tornou-se outro sinal deprimente dos nossos tempos. É claro que apoiamos o acordo UE-Mercosul, que também se trata de proteger o clima e o meio ambiente, mas é difícil imaginar um processo harmonioso de ratificação pelos países europeus enquanto o governo brasileiro permitir a destruição dos pulmões verdes do Planeta Terra”, disse Tusk em nota.

Também em Biarritz para a cúpula do G7, o presidente do Conselho Europeu acrescentou que a UE está “pronta para oferecer ajuda financeira para combater os incêndios”.

O governo da Irlanda, país-membro do bloco europeu, mas não do G7, foi outro a afirmar que não deve ratificar o acordo devido à falta de comprometimento dos brasileiros em “honrar seus compromissos ambientais”.

Divergências

A posição, contudo, não é a mesma de outras nações europeias, como Alemanha e Reino Unido, que compõem o Grupo dos Sete ao lado de Canadá, Estados Unidos, França, Itália e Japão.

A chanceler federal alemã, Angela Merkel, afirmou neste sábado que compartilha da preocupação de Macron em relação à Amazônia, mas declarou que vetar o acordo comercial com o Mercosul não contribuirá para combater a destruição das florestas.

Em nota, o governo alemão disse que o pacto de livre-comércio “inclui um capítulo ambicioso sobre sustentabilidade com regras vinculantes sobre proteção do clima”, sob o qual ambas as partes do acordo se comprometeram a implementar o Acordo de Paris sobre o clima.

“Portanto, a não conclusão [do acordo] não é, do nosso ponto de vista, a resposta apropriada ao que está acontecendo atualmente no Brasil”, acrescentou o gabinete de Merkel.

Em mensagem de vídeo neste sábado, a chanceler federal deixou claro, contudo, que os líderes do G7 “não podem se silenciar” diante das queimadas amazônicas, e prometeu trabalhar para que tudo seja feito para combater os incêndios. “Emmanuel Macron está certo – nossa casa está queimando, e não podemos ficar em silêncio”, afirmou.

Por sua vez, o primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, foi mais duro em suas declarações ao rebater os líderes europeus que sugeriram que a destruição na Amazônia deve afetar o acordo comercial com a região.

“Há todo tipo de gente que aceita qualquer desculpa para interferir no comércio e para frustrar acordos comerciais, e eu não quero ver isso”, disse o chefe de governo britânico neste sábado, ao chegar a Biarritz para a cúpula do G7.

Ele concordou, contudo, que a cimeira na cidade francesa precisa discutir a situação das queimadas, que chamou de “tragédia do que a humanidade está infligindo ao mundo natural”. Johnson ainda ofereceu a ajuda do Reino Unido para combater os incêndios.

Bolsonaro vem trocando farpas com líderes internacionais sobre a questão ambiental há tempos. Mais recentemente, reclamou das declarações de Macron sobre a Amazônia, acusando-o de “mentalidade colonialista” e de “instrumentalizar uma questão interna do Brasil”. Em pronunciamento na sexta-feira, o presidente afirmou que os incêndios não podem servir de pretexto para retaliações internacionais.

Quais assuntos você deseja receber?

Ícone de sino para notificações

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

Ícone de ajustes do navegador

Mais opções no Google Chrome

2.

Ícone de configurações

Configurações

3.

Configurações do site

4.

Ícone de sino para notificações

Notificações

5.

Ícone de alternância ligado para notificações

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comNotícias Gerais

Você quer ficar por dentro das notícias mais importantes e receber notificações em tempo real?