Quais resultados práticos esperar da visita de Bolsonaro a Israel?
País tem ambiente tecnológico altamente desenvolvido e intercâmbio de conhecimento em diversas áreas é alvo do interesse do Brasil
atualizado
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Enviado especial a Jerusalém (Israel) – A visita do presidente Jair Bolsonaro (PSL) a Israel gerou expectativas tanto no Brasil quanto fora. Em casa, a passagem do brasileiro pelo país significa, sobretudo, o pagamento de uma dívida eleitoral.
Os evangélicos, que apoiaram massivamente a campanha vitoriosa, queriam maior proximidade com Israel. Conseguiram. Eles, porém, querem mais. Cobram a mudança da embaixada brasileira para Jerusalém, que também foi prometida por Bolsonaro na corrida ao Planalto, e recentemente adiada pelo presidente.
Uma outra promessa de campanha, porém, pode ter avanços na viagem. Trata-se do intercâmbio de conhecimento. Com um ambiente tecnológico extremamente desenvolvido, Israel é destaque em algumas áreas, como cibersegurança, segurança pública e agricultura – na última área, em função das terras pouco férteis da região somadas à necessidade de alimentar quase 9 milhões de habitantes.
Dessa forma, ao se aproximar do ambiente tecnológico, o governo de Bolsonaro tem uma chance de importar novas formas para combater a violência urbana, impedir ataques digitais e tornar ainda mais produtiva a tecnologia rural brasileira.
Um dos focos da visita está justamente nessa última parte. O secretário de Aquicultura e Pesca do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Jorge Seif, que, junto a Bolsonaro, vai a Israel, conta que sua meta é conhecer as utilidades tecnológicas do país.
“Os israelenses são pioneiros no reuso de água para a aquicultura”, destacou. “Quando cultivamos peixe, a água circula, gera alimentos, detritos… Precisa passar por algum tipo de tratamento para poder voltar a criar os peixes”, prosseguiu.
Acontece que as metodologias em uso no Brasil são caras e muitas vezes, poluentes. “Em Israel, eles usam bactérias na água e elas quebram o nitrito, o nitrato e a amônia, que são gerados pelos restos de alimentos e detritos, deixando a água saudável de novo de forma sustentável”, explicou. Dessa forma, mesmo com pouca água, o país consegue criar peixes em lagos artificiais no deserto.
Esse método, que faz parte de um grupo de desenvolvimento científico chamado biotecnologia, poderia ser usado em regiões do semiárido brasileiro e baratearia custos na produção.
Fertilidade tecnológica
Você pode até não saber, mas já deve ter, em algum momento, usado uma tecnologia israelense. Já ligou o Waze enquanto dirigia? O aplicativo é israelense e conseguiu quebrar o domínio do Google na área. Também foi por lá que nasceram os tão famosos pen-drives e os primeiros drones – inicialmente para uso militar.
De acordo com André Wetter, fundador da a55.tech, startup brasileira que atua no desenvolvimento financeiro de empresas de tecnologia, esse setor é, hoje em dia, o principal ativo israelense.
Israel, como um todo, é um país que, diferentemente do Brasil, não tem recursos naturais. Eles produzem tecnologia. E exportam isso
André Wetter, empresário do setor de tecnologia
Ele recentemente fechou parcerias com empresas de Israel e destaca que um aprofundamento nas relações entre os países poderia facilitar o licenciamento de sistemas desenvolvidos em Israel e a venda de patentes para uso no Brasil.
“O ambiente tecnológico israelense é antigo. No Brasil, as startups começaram há 10, 15 anos. Por lá, há mais de 30, junto dos norte-americanos”, sublinhou o especialista.
Hoje, os drones, segundo destaca a mídia israelense, respondem por quase 10% de toda a exportação tecnológica do país. Atualmente, eles têm sistemas que reconhecem a quilômetros rostos de pessoas, o que poderia facilitar a polícia brasileira a encontrar fugitivos de forma mais assertiva e evitar mortes de integrantes das forças de segurança durante incursões em regiões hostis.
Inovação alvo do interesse da comitiva brasileira que estará na região até o próximo dia 4. A previsão é que Bolsonaro consolide tratativas que envolvem um acordo para cooperação entre institutos de ciência e tecnologia de ambos os países.
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