Procurador da Lava Jato nega direcionamento de investigações ao PT
Paulo Roberto Galvão, que integra a força-tarefa da Lava Jato, rebateu críticas à operação durante evento nos EUA
atualizado
Compartilhar notícia
De Nova York (EUA) — Em um palco tomado por estudantes contrários à Lava Jato, o procurador federal Paulo Roberto Galvão, membro da força-tarefa que investiga o megaescândalo de corrupção, rebateu críticas de que as apurações estariam focadas no PT, partido dos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff. De acordo com ele, não faz sentido acreditar que o dinheiro das propinas oriundas da Petrobras — cuja diretoria é indicada pelo partido no poder e seus aliados — teria beneficiado membros de partidos adversários.
Tivemos um partido com uma coalizão que governou o país por 14 anos. É claro que estamos olhando (para a partidos que eram da oposição), mas não teria muito sentido o dinheiro sair da Petrobras e ir para uma legenda de oposição
Paulo Roberto Galvão, procurador federal
As declarações foram dadas pelo procurador em Nova York, durante o evento Institution-building, Governance and Compliance in Brazil: Politics, Policy and Business (Construção de Instituições, Governança e Compliance no Brasil: Política, Diretrizes e Negócios), organizado pela Universidade Columbia em parceria com a New School for Social Research.
Antes do início da palestra, um grupo de professores leu uma carta escrita pelos alunos, acusando a Lava Jato de focar apenas nos partidos de “centro-esquerda”. Além disso, eles criticaram o evento, que supostamente não teria lido a sua carta no primeiro dia de palestras, que contou com a presença do juiz Sergio Moro, responsável pela operação. Mesmo após a leitura da carta, eles colocaram fitas na boca e sentaram no palco durante a apresentação em protesto. Na saída, em movimento ensaiado, posaram para as câmeras com as bocas caladas.
Investigados
De acordo com Galvão, atualmente há aproximadamente 1 mil pessoas sendo investigados atualmente pela força-tarefa e pouco mais de 30 empresas. Inicialmente, havia 16 empresas no foco, chamadas de “Clube Vip”, composto pelas maiores empreiteiras do país.
Entre essas empresas, ele destacou a existência de uma série de multinacionais, algumas delas sediadas no Panamá.
Segundo Galvão, as propinas oriundas de contratos da Petrobras, algo que girava entre 1% e 3% do valor total dos contratos da estatal, eram distribuídas de maneira distinta entre os operadores. Um total de 60% do valor total era destinado para partidos políticos na forma de doações legais. Outros 20% eram destinados para a lavagem do dinheiro, 6% para os responsáveis pela lavagem e 14% para os diretores da Petrobras.O procurador disse ainda que “o mesmo esquema existia não só na Petrobras, mas em outras agências, empresas públicas e setores do governo”, concluiu.