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Primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe renuncia ao cargo

Líder conservador, o mais longevo da história do Japão, abriu mão de chefiar o Executivo por motivos de saúde

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Shinzo Abe, ex-primeiro ministro do Japão
1 de 1 Shinzo Abe, ex-primeiro ministro do Japão - Foto: Hudson Institute/Divulgação

O primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, renunciou ao cargo na manhã desta sexta-feira (27/8). Rumores sobre a saída de Abe já corriam há semanas, após idas do líder conservador ao hospital.

O anúncio foi feito durante uma coletiva de imprensa em Tóquio. Abe disse aos repórteres que começou a apresentar problemas de saúde em meados de julho e estava “lutando” por ela, mas considerou que já era o momento de se afastar do comando da 3ª maior economia do mundo.

“Minha saúde frágil não deveria guiar à decisões políticas equivocadas”, disse. “Como eu não sou mais capaz de cumprir com as expectativas sobre o mandato do povo do Japão, eu decidi que não devo seguir na posição de primeiro-ministro. Então eu decidi me retirar.”

O índice Nikkei da Bolsa de Tóquio registrou queda de 1,4% após a imprensa antecipar a possível renúncia do primeiro-ministro.

É de conhecimento público que Abe luta há anos com uma úlcera crônica, e a TV estatal NHK reportou que exames médicos de 17 de agosto apontaram que essa condição piorou.

Ainda de acordo com a reportagem, os médicos prescreveram um tratamento de medicina alternativa ao ex-primeiro-ministro, mas que só seria concluído em um ano.

Aos 65 anos, Abe detém o recorde de primeiro-ministro mais longevo da história do Japão. Após uma breve passagem como premiê entre 2006 e 2007, ele assumiu o poder em 2012 e se manteve no posto sem maiores instabilidades.

Seu mandato foi marcado por esforços para reativar a economia do Japão por meio de um pacote econômico que ficou conhecido como “Abenomics”, que, à época, foi criticado por uma economistas que apontavam que as medidas necessárias eram outras.

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Outra tema polêmico foi o apoio à expansão dos gastos com defesa. Abe tentou, sem sucesso, modificar a constituição pacifista do Japão no pós-guerra para reconhecer explicitamente o papel das forças militares na defesa do território, como parte de um esforço mais amplo para conter as ameaças de uma China em ascensão e da Coreia do Norte com armas nucleares.

Mais recentemente, Abe manteve um relacionamento próximo com o presidente Donald Trump, com quem jogou golfe várias vezes e com quem compartilha uma visão de direita e a desconfiança da mídia.

Os laços com a China e a Coreia do Sul, entretanto, têm sido às vezes tensos, complicados por disputas territoriais e queixas históricas sobre o passado militarista do Japão e o tom nacionalista do governo de Abe e sua relutância em reconhecer os abusos do tempo de guerra.

Os desafios enfrentados pelo governo de Abe incluem a recuperação do Japão do desastre nuclear de Fukushima em 2011 e as dificuldades demográficas decorrentes do envelhecimento da população japonesa.

Jeff Kingston, diretor de estudos asiáticos da Temple University, disse que Abe não conseguiu levar adiante as reformas estruturais de que o Japão precisava.

“O verdadeiro problema é que ele prometeu derrubar o status quo, mas seu partido representa os interesses velados desse status quo”, disse ele. “Portanto, não foi uma tarefa muito fácil instituir a reforma.”

Abe esperava sinalizar a revitalização do Japão ao sediar e presidir as Olimpíadas de Tóquio neste verão, antes que a pandemia do coronavírus obrigasse as autoridades a adiar os Jogos até 2021. O primeiro-ministro enfrentou críticas por lidar com a crise de saúde e sua popularidade caiu aos níveis mais baixos de sua carreira.

A saída de Abe levanta a questão da sucessão. Entre os candidatos estão Shigeru Ishiba, 63, um ex-ministro da Defesa que perdeu a corrida pela liderança para Abe em 2012 e desde então tem criticado sua administração; Fumio Kishida, também de 63 anos, ex-ministro das Relações Exteriores considerado membro relativamente moderado do Partido Liberal Democrata; e Yoshihide Suga, 71, que atua como secretário-chefe de gabinete e principal porta-voz do governo, e é visto como um assessor de confiança do primeiro-ministro.

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