Peru manda prender governador acusado de receber propina da Odebrecht
Segundo as investigações, Félix Moreno recebeu 60% do valor da propina. Os demais 40% foram destinados ao empresário israelense Gil Shavit
atualizado
Compartilhar notícia
A Justiça do Peru decretou a prisão preventiva do governador da região de Callao, Félix Moreno, pelo suposto recebimento de propina da Odebrecht. Moreno é acusado de favorecer a empresa na construção de uma rodovia e responde pelos crimes de lavagem de dinheiro e tráfico de influência. O prazo da prisão preventiva é de 18 meses.
De acordo com o procurador anticorrupção, Hamilton Castro, responsável pela investigação do caso Odebrecht no Peru, a empresa pagou US$ 4 milhões para vencer a licitação da estrada Costa del Callao, próxima a Lima, capital do país.
Segundo as investigações, Félix Moreno recebeu 60% do valor da propina. Os demais 40% foram destinados ao empresário israelense Gil Shavit, que foi preso na semana passada e decidiu delatar o suposto esquema de corrupção.
Para embasar as acusações, o procurador local apresentou documentos apreendidos no Escritório de Operações Estruturadas da Odebrecht, conhecido como “Departamento da Propina”, que, além do Brasil, também atuava no Peru. As planilhas indicam os dois pagamentos para as obras da rodovia.
Durante a audiência na qual a prisão foi determinada, Moreno negou ter recebido propina da Odebrecht e disse que deseja cooperar com as investigações. “Eu não me escondo. Se eu tiver cometido um crime, vou ter que enfrentá-lo, mas não me beneficiei. Tampouco posso sair ou desaparecer porque me tiraram os passaportes e todo mundo sabe que vivo em Callao”, disse o governador.Após a decisão do juiz, a defesa de Moreno recorreu da decisão. O governador está sob custódia da Polícia Nacional do Peru e deve ser encaminhado a um presídio nas próximas horas.
No Peru, as investigações sobre a Odebrecht apuram cerca de US$ 29 milhões em pagamento de propina a funcionários do governos dos ex-presidentes Alejandro Toledo (2001-2006), Alan García (2006-2011) e Ollanta Humala (2011-2016).