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Nova crise venezuelana favorece Maduro, crê especialista

Professor diz que situação ficou mais nebulosa para Guaidó, que agora precisa se provar como presidente da Assembleia antes de mirar ditador

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Imagem colorida de Juan Guaidó, autodeclarado presidente da Venezuela
1 de 1 Imagem colorida de Juan Guaidó, autodeclarado presidente da Venezuela - Foto: Igo Estrela/Metrópoles

O principal líder oposicionista da Venezuela, Juan Guaidó, venceu um cerco de soldados fiéis ao presidente Nicolás Maduro e entrou na sede da Assembleia Nacional do país vizinho na manhã da última terça-feira (07/01/2020) para, em discurso efusivo e apoiado por deputados aliados, fazer o juramento como comandante do Poder Legislativo. Momentos antes, porém, outro parlamentar apoiado por deputados da base de Maduro, Luis Antonio Parra, também havia feito o juramento. Com isso, a Venezuela iniciou 2020 com um agravamento de sua insistente crise política.

Em discursos e nas redes sociais, Guaidó celebrou a “derrota de tentativa de golpe legislativo orquestrado pela ditadura e seus cúmplices”. Para o professor de Relações Internacionais do Ibmec de São Paulo Marcelo Suano, porém, o novo imbróglio fragiliza o líder oposicionista e dá algum fôlego a Maduro.

“Do ponto de vista estratégico, foi uma jogada positiva para Maduro, porque a divisão institucional do país se ampliou. Não está apenas entre os dois presidentes da República, agora a nebulosidade institucional chegou até a presidência da Assembleia, que está em disputa”, analisa o especialista, que alerta, no entanto, para um aumento do autoritarismo de Maduro, no poder desde 2012 e com mandato (questionado pela oposição e por boa parte da comunidade internacional) até 2024.

“A eleição de Luis Parra como presidente da Assembleia não parece legítima, a maior probabilidade é que seu grupo tenha mentido sobre o quórum mínimo na votação”, critica ele. “Já Guaidó parece ter de fato o apoio de ao menos 100 parlamentares, a maioria [são 167 deputados na Assembleia venezuelana]. Mas agora ele vai ficar às voltas com essa disputa parlamentar”, completa.

A situação, para o professor, ajuda Maduro a criar um ambiente de aumento da polarização com vistas a minar as chances da oposição nas eleições legislativas previstas para o fim deste ano. “Maduro vai tentar de todas as formas garantir a exclusão de partidos do processo eleitoral, como já fez nas últimas eleições presidenciais, que a maioria dos observadores considerou altamente fraudulentas”, aposta Suano.

Futuro cada vez mais nebuloso
Uma solução a médio prazo para a crise no país vizinho não está no radar do especialista ouvido pelo Metrópoles. “Para Maduro, porque ele tem os instrumentos da violência institucional em suas mãos”.

O professor acredita que mais da metade da população do país é crítica ao regime, mas que a aliança com as Forças Armadas segue garantindo o poder de Maduro. “A nebulosidade política inclusive aumenta a possibilidade de uma guerra civil, mas o país foi desarmado pelo regime nos últimos anos. Com isso, a possibilidade de um conflito interno iria depender muito de um apoio externo, especialmente dos Estados Unidos, que agora estão focados em outra frente”, completa, referindo-se à crise com o Irã.

Novos esforços
Em busca de manter a fé de seus apoiadores em alta, Guaidó está convocando uma nova onda de manifestações contra o regime de Maduro na próxima sexta-feira (10/01/2020).

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