“Não dá para comparar”, diz Heleno sobre Lula e Bolsonaro em Israel
O ministro rebateu perguntas da imprensa sobre o porquê de o atual presidente não ir até a Palestina, apesar de ter sido convidado. Lula foi
atualizado
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Um dos ministros mais próximos ao presidente Jair Bolsonaro (PSL), o general Augusto Heleno, responsável pelo Gabinete de Segurança Institucional, se recusou a comparar as visitas de Bolsonaro e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva a Israel.
Questionado sobre o porquê de, mesmo convidado, o capitão da reserva não ir à Palestina, como fez Lula em 2010, ele rebateu: “Não dá para comparar. Não vamos comparar coisas heterogêneas”, disse. “Não vamos comparar, pelo amor de Deus”, insistiu.
Segundo o ministro, é possível que sejam tomadas decisões em Israel, sobretudo no âmbito militar, que, por questões de segurança, acabem mantidas em sigilo. “Pode também, é algo natural até”, afirmou.
A aproximação com os israelenses, na visão de Heleno, é positiva para o Brasil. “Israel é extramente desenvolvido na área de equipamento militar. É sempre bom estar perto deles. Vai que surge uma boa proposta [de negócios ou parceria]”, disse, para emendar na sequência: “Nos interessa aproximar com Israel, mas sem que isso signifique um distanciamento do lado árabe”, destacou.
Segundo ele, a única razão pela qual o presidente Bolsonaro não irá até o lado palestino tem a ver com o tempo da estadia no país. “Se vai ao lado palestino, estende a visita”, finalizou.
Conflitos
O exército de Israel é considerado um dos mais eficientes de todo o mundo. Com conflitos abertos desde que o país nasceu, no fim dos anos 40, a tecnologia usada na área é considerada uma das melhores do planeta.
No discurso de recepção a Bolsonaro, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, destacou os confrontos entre árabes e israelenses que tiveram início no último sábado. “Presidente, o senhor veio a Israel em um momento tenso. Eu ordenei que as forças armadas ficassem totalmente posicionadas ao redor da Faixa de Gaza. Isso inclui tanques, artilharia, forças no solo e no ar. Nós estamos preparados para qualquer cenário e – se for necessário – até mesmo uma campanha extensa. Faremos o que for preciso pela segurança de Israel”, afirmou.
Os conflitos entre Israel e os países vizinhos têm uma longa história. O professor de relações internacionais da Universidade de São Paulo (USP), atualmente pesquisador da Universidade de Tel Aviv, Samuel Feldberg, lembra que a origem das disputas políticas na região tem a ver com o próprio nascimento de Israel.
“Quando, em 1949, o Estado é criado, os países árabes não aceitam e atacam Israel. Daí vem a Guerra de Independência”, conta Feldberg. A Organização das Nações Unidas (ONU), porém, reconheceu a nova nação. Assim como fez o Brasil.
Novos conflitos vieram. A população que vivia no local e que não aceitava a formação dessa pátria acabou, pouco a pouco, sendo isolada em duas regiões: a Faixa de Gaza, no sul, e a Cisjordânia, no leste. Esse povo, que não tem um Estado próprio, é chamado de palestino.
“Quando fala-se da Palestina, temos um problema de definição. Temos que diferenciar o território da Autoridade Palestina, que é parte da Cisjordânia, e a Faixa de Gaza, dominada pelo Hamas e a jihad islâmica”, explica Feldberg.
Segundo o acadêmico, a Cisjordânia, dominada pelo grupo chamado Autoridade Palestina, é um território no qual há muita cooperação com Israel. Inclusive, com intercâmbio de trabalhadores e investimentos. Gaza, por outro lado, não aceita e prega a extinção do Estado judeu.
“Em Gaza existe um diálogo tenso, mas existe. A questão é que os grupos políticos que dominam têm um lado sectário”, prossegue o professor Samuel Feldberg.
Do lado israelense, igualmente, há setores que se recusam a conversar com os palestinos e, até o momento, o governo não conseguiu articular uma solução que contemple a coexistência dos dois países.