Mujica renuncia ao Senado uruguaio: “As razões são pessoais”
O ex-presidente do Uruguai alegou cansaço em sua carta de demissão. Em 2016, ele já havia anunciado que deixaria o posto
atualizado
Compartilhar notícia
O ex-presidente do Uruguai, José Mujica, renunciou nesta terça-feira (14/8) ao cargo de senador que assumiu em 2014. Ele tinha o direito de permanecer na função até 2020. “As razões são pessoais; eu diria cansaço pela longa viagem”, explicou Mujica em sua carta de demissão, lida na Câmara em sua ausência.
Ele havia anunciado a intenção de renunciar em 2016, mas adiara a saída em definitivo. Sua decisão foi lamentada pelos colegas da coalizão esquerdista Frente Ampla. “Vamos continuar nos encontrando em seus caminhos e seguiremos a rota de mudança para que neste mundo aqueles que são mais infelizes sejam os mais felizes”, disse a senadora Ivonne Passada.
O ex-presidente anunciou que após sua renúncia viajará para a Europa. Participará do Festival de Veneza (Itália), para prestigiar a estreia do filme sobre sua vida, dirigido pelo sérvio Emir Kusturica.
Fora do Senado, mas ainda na política
Apesar da renúncia, Mujica ressaltou que não abandonará a política. “Enquanto meu corpo funcionar, não poderei renunciar à solidariedade e à luta de ideias”. Alguns observadores veem a decisão do ex-presidente como um preâmbulo para uma futura candidatura presidencial nas próximas eleições do Uruguai, marcadas para 2019. Mujica repetiu que não será candidato, mas afirmou a mesma coisa antes das eleições de 2010, quando foi eleito.
“Renuncie hoje à campanha”, escreveu o deputado Daniel Radío, do Partido Independente de centro-esquerda, pelo Twitter. O assento de Mujica no Senado será ocupado por Andrés Berterreche, membro do Movimento de Participação Popular, setor político do ex-presidente.
Mujica governou o Uruguai entre 2010 e 2015, cinco anos durante os quais ganhou fama mundial por seu estilo austero, pela retórica contra o consumismo e o impulso a leis inovadoras que transformaram o Uruguai no primeiro país do mundo a ter um mercado regulamentado de maconha, desde a semente até a venda do produto em farmácias.
Apesar disso, a avaliação de seu governo em conquistas concretas nas áreas da economia, educação, segurança pública e direitos humanos divide a população uruguaia.