Mugabe é destituído da liderança do partido governante do Zimbábue
Ele será substituído pelo ex-vice-presidente, Emmerson Mnangagwa. A primeira-dama, Grace Mugabe, e vários de seus aliados foram expulsos
atualizado
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O Comitê Central do partido do presidente do Zimbábue, Robert Mugabe, a União Nacional Africana do Zimbábue-Frente Patriótica (ZANU-PF), decidiu neste domingo (19/11) destituí-lo como líder da legenda e lhe substituiu pelo ex-vice-presidente, Emmerson Mnangagwa. O partido também decidiu expulsar a primeira-dama, Grace Mugabe, e vários de seus aliados. A informação é da agência EFE.
Em reunião extraordinária, convocada depois que as seções provinciais retiraram seu apoio a Mugabe, o principal órgão executivo do partido escolheu como novo líder provisório o vice destituído na semana passada após as pressões da facção vinculada às ambições da primeira-dama, Grace Mugabe, de suceder seu marido no poder.
A ZANU-PF encerra assim a liderança do seu fundador, que governou o país durante os últimos 37 anos. Antes da reunião, realizada a portas fechadas, o presidente do Comitê, Obert Mpofu, se referiu a Mugabe perante a imprensa local como “presidente em fim de mandato” e elogiou a intervenção das Forças Armadas, que segundo ele abrem uma “nova era, não só para o partido, mas para o país”.Mpofu afirmou ainda que o presidente do país tinha feito um grande trabalho “até que Grace e seus parceiros se aproveitaram dele quando envelheceu”. Mugabe tem 93 anos. Mais cedo, as alas jovens da ZANU-PF, que antes apoiavam o casal, se manifestaram pedindo a renúncia do governante e a expulsão da primeira-dama.
Moção de censura
A decisão do Comitê Central da ZANU-PF abre o caminho para que o parlamento aprove uma moção de censura para expulsar Mugabe da presidência, segundo o jornal *** NewsDay. As informações apontam que a sessão parlamentar para acabar com a era Mugabe poderia acontecer na próxima terça-feira (21) e que a moção contaria com o apoio da ZANU-PF e da oposição.
Mugabe se reúne hoje com os comandantes do Exército – que o mantêm sob prisão domiciliar desde o levante de terça-feira passada (14) – para negociar sua renúncia, embora nos últimos dias tenha se negado a ceder o poder.
As forças armadas buscam forçar a renúncia do presidente ou que seja destituído pelo parlamento para evitar a intervenção de organismos internacionais como a União Africana (UA) e a Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC), que não veem com bons olhos uma mudança no poder através de um golpe de Estado.