Morales cogita morar na Argentina após posse de Fernández
Os filhos do ex-presidente boliviano já moram no país. Ele deve comparecer à posse marcada para o dia 10 de dezembro
atualizado
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Em entrevista à rede de televisão argentina TN, o ex-presidente boliviano Evo Morales disse que tem planos de morar na Argentina após a posse de Alberto Fernández, marcada para o próximo dia 10 de dezembro. Segundo o boliviano, que está exilado no México após ter renunciado ao cargo, sob pressão da oposição e das forças armadas bolivianas, ele pretende comparecer à posse de Fernández.
Na entrevista, Morales disse que no México ele é tratado “quase melhor que em casa”, mas manifestou interesse em ir para a Argentina, onde seus dois filhos conseguiram asilo. “Não está definido, mas é claro que a Argentina estaria mais perto, acrescentou.
Morales insistiu que foi traído pela cúpula militar e que a suposta fraude era um pretexto para o golpe. “Tive muitas reuniões com instituições estatais e sempre pedi que as regras fossem aplicadas”, disse o boliviano.
A renúncia de Morales ocorreu após ele vencer as eleições para um quarto mandato. Uma auditoria feita pela Organização dos Estados Americanos (OEA) apontou irregularidades na apuração dos votos das eleições presidenciais de 20 de outubro, e o próprio eleito aceitou a realização de uma nova votação.
Após a renúncia e um vácuo de poder na Bolívia, visto que todos na linha sucessória haviam também renunciado, Janine Áñez, senadora de oposição, assumiu a presidência interina em sessão no Parlamento que não contou com a presença dos representantes do Movimento ao Socialismo (MAS), partido de Morales. Ela anunciou que vai convocar novas eleições e revogação a decisão constitucional que permitiu a Evo Morales disputar o quarto mandato, mesmo depois de o povo boliviano ter negado a nova reeleição em referendo em 2016.
Desde a renúncia de Morales, considerada por ele como um golpe, populares, indígenas e apoiadores tomaram as ruas do país. A repressão aos protestos já deixou mais de 30 mortos e 800 feridos