May deixa o cargo de primeira-ministra britânica. Assume Boris Johnson
Ex-líder conservadora volta ao Parlamento desgastada após fracasso do Brexit, a saída do país da União Europeia
atualizado
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Pouco menos de três anos após chegar ao posto máximo da política britânica, a primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May, deixa nesta quarta-feira (24/07/2019) o cargo. Marcada pelo fracasso do Brexit, a saída do país da União Europeia, ela entrega a vaga a Boris Johnson.
Há dois meses, May anunciou que deixaria o cargo de primeira-ministra. A líder do Partido Conservador se afastou em 7 de junho, cedendo à pressão sofrida pelos opositores e aliados diante de impasse sobre a aprovação do Brexit.
No último discurso no Parlamento como primeira-ministra, May defendeu o mandato de Boris Johnson. “Meu sucessor continuará a entregar as políticas conservadoras que têm melhorado a vida das pessoas. Eu aguardo com ansiedade a liderança dele”, destacou.
May participou de uma sessão de perguntas e respostas dos representantes do Reino Unido. Agora, ela se tornará uma parlamentar comum.
A oposição critica Johnson por ele ter sido escolhido apenas por integrantes do Partido Conservador. O político chega ao cargo por ter se tornado líder do partido. Parlamentares da oposição dizem que Johnson não tem um “mandato que veio do povo” e pedem eleições gerais no Reino Unido.
Para May, isso faz parte da democracia parlamentarista que rege o sistema do país. Ela rebateu as críticas com o argumento de que o Partido Conservador foi escolhido em uma eleição geral e a troca de liderança é prevista no sistema inglês.
A ex-primeira-ministra deixa o cargo com a imagem desgastada por não concluir a principal promessa: a saída do bloco econômico da União Europeia. A Inglaterra aderiu ao grupo em 1973. Após um plebiscito, May tentou colocar o projeto em votação por quatro vezes. Todas sem sucesso.
Sufocada pela oposição e pela baixa popularidade, May antecipou eleições gerais, mas saiu derrotada. Perdeu espaço no Parlamento e teve de repensar as alianças. Junto disso, May perdeu nomes importantes do governo. Sete pediram demissão de uma só vez.
Antes mesmo da posse formal de Johnson, ministros de Theresa May já pediram demissão. Philip Hammond, da pasta de Economia, renunciou por carta. “O novo líder do Reino Unido deve ter liberdade para escolher um novo titular do ministério, alinhado com sua posição politica”, afirmou Hammond.
Sorte ao sucessor
Nesta quarta-feira, May deixou um dos endereços mais emblemáticos do Reino Unido: a casa número 10 da Downing Street, residência oficial do primeiro-ministro (foto em destaque). “Meus sinceros parabéns a Boris por ter vencido a eleição da liderança conservadora. Desejo a ele e ao governo que ele leve toda sorte nos próximos meses e anos”, comentou, ao dizer que acredita que Boris tem condições de concretizar o Brexit.
Brexit é uma abreviação para “British exit” (“saída britânica”, na tradução literal para o português). Esse é o termo mais comumente usado quando se fala sobre a decisão do Reino Unido de deixar a União Europeia.
May considerou antes mesmo de deixar o cargo que não tinha condições de tocar o plano. “Está claro agora para mim que é do melhor interesse do país que um novo primeiro-ministro lidere o esforço [da saída do Reino Unido da União Europeia]. Assim, anuncio hoje que vou renunciar ao cargo de líder do Partido Conservador na sexta-feira, 7 de junho”, disse May, há dois meses.